dezembro 31, 2015
dezembro 28, 2015
dezembro 26, 2015
Inventar novos erros
Não é por se pregar nas igrejas que os pára-raios são nelas inúteis.
(...)
Quem está apaixonado por si próprio tem pelo menos a vantagem de no seu amor não ter muitos rivais.
dezembro 25, 2015
dezembro 24, 2015
dezembro 23, 2015
Quem pinta um alvo na janela do jardim pode ter a certeza de que lhe atirarão*
(daqui)
Já se sabia que os cidadãos teriam de pagar alguma coisa, mas três mil
milhões de euros é um custo demasiado alto para que a sua [Passos Coelho] gestão neste caso mereça um mínimo de
condescendência. (Editorial do Público, 22-12-15)
(*Lichtenberg)
dezembro 22, 2015
dezembro 21, 2015
Habemus baliza
Foi mais ou menos assim: durante praticamente
todo o jogo e arredores, uma das equipas convenceu-se que a outra não tinha baliza e tratou (apenas) de defender a sua. Entretanto, a outra equipa convenceu-se que realmente não
tinha baliza e que, mais tarde ou mais cedo, marcaria na baliza (supostamente existente)
adversária. Neste caso, o deserto vaticinou um milagre em forma de baliza, a
tal baliza que uma das equipas tanto acreditava que não existia, acabando por convencer
a outra disso mesmo. Afinal a baliza existia, era imanente a um conceito
remoto de jogo. Mas existia. Entretanto, resta-nos a consolação de a tradição
ainda ser o que era. Acreditamos piamente que no momento certo falhamos, com ou
sem balizas.
dezembro 19, 2015
dezembro 13, 2015
A porta secreta de uma casa secreta onde há uma porta secreta... (Haikús para Vila-Matas)
A Por el Abismo,
jardín tragaaviones de la literatura. Por la Aventura, sentido último de la
escritura. Por Paul Auster leyendo a Vila-Matas en su jardín de Brooklyn. Por
Adonis que escribió que a los muertos hay que sepultarlos en el lenguaje.
B Por Borges, que
está en la raíz de casi todo. Por Thomas Bernhard. Por Blanchot, que se
comportaba como si estuviera muerto y decía que sus libros eran póstumos. Por
Bouvard y por Bartleby. Por Bolaño y por el Barça pero sobre todo por el Barça.
Por Bartleby y por Beckett, pero sobre todo por Beckett. Por Beckett y por
Buster (Keaton), pero sobre todo por Buster (Keaton). Por Buster Keaton y por
Chet Baker, pero sobre todo por Chet Baker.
C Por Sophie Calle
siguiendo los pasos de Enrique.
D Por Duchamp. Por
Dylan. Por Dominique Gonzalez-Foerster que le dio a Enrique la llave secreta de
una puerta secreta que da a una habitación secreta detrás de la que hay otra
puerta y otra habitación secretas, en el Pompidou. Por el arte de la
desaparición, que es la esencia de la literatura. Por Dublín. Por Marguerite
Duras.
E Por el éxito, que
en palabras de Kertész, se consiga o no el camino que lleva a él es igual de
ignominioso.
F Por Finnegans Wake
y su estela inacabable.
G Por el cementerio
de Glasnevin, junto al que se encuentra el pub de los enterradores, punto de
encuentro de la Orden del Finnegans. Por Gombrowicz. Por Gregor Von Rezzori
brindando con Gregor Samsa. Por Grand Central, en cuyas escalinatas Elizabeth
Smart por fin pudo llorar.
H Por Hölderlin. Por
el loco de Herisau, que escribió su último micrograma derramando su sangre en
la nieve. Por Hemingway y las hordas de avatares que ocupan las páginas
iniciales de París no se acaba nunca.
I Por los infraleves.
Por Impostura. Por La asesina ilustrada.
J Por James Joyce,
maestro de Beckett.
K Por Kafka, por
Kassel, por Kertész.
L Por la lucidez de
Lichtenberg. Por la literatura, que es a lo que se dedicó Pasavento cuando,
harto de intentar desaparecer sin conseguirlo, no sabía muy bien qué hacer.
M Por Michel de
Montaigne. Por la muerte de la metaliteratura. Por el mal de Montano. Por
Marienbad. Por México, donde Vila-Matas logrará por fin desaparecer, como lo
hicieron en su día Arthur Cravan y Ambrose Bierce.
N Por la literatura
del No. Por Nueva York, que siguió siendo un relato soñado después de que
Enrique la visitara, comprobando con asombro que existía.
Ñ Por las corbatas de
ñandutí, tejido de textura similar a la telaraña, prenda de luto que los
shandys están obligados a lucir cuando se les inflige un premio literario.
O Por Oblomov. Por
los Odradeks. Por la Orden del Finnegans, que tras ocho años durante los cuales
sus miembros se expulsaron unos a otros sin piedad, lograron por fin
desaparecer.
Q Por Ednodio
Quintero, que durante un viaje por México en el Tequila Exprés, le salvó la
vida a Enrique, quien entre trago y trago, creyendo estar haciendo amigos,
contaba “chistes de mexicanos” a un corro creciente de pasajeros, sin darse
cuenta de que cada vez estaban más cabreados y lo iban a matar.
R Por Ramón (Gómez de
la Serna). Por Rimbaud. Por Raymond Roussel royendo los huesos del realismo.
Por Alejandro Rossi, que encontró la forma de su muerte en Mexico.
S Por Marcel Schwob.
Por Sebald flotando en los anillos de Saturno. Por el silencio de Salinger.
T Por Tristram
Shandy, que es la tercera parte del Quijote. Por Thomas el oscuro, la extraña
novela de Maurice Blanchot.
U Por Ubu, rey de la
vanguardia patafísica y anartista.
V Por la vanguardia,
cuya esencia es estar siempre en vilo. Por el vilo de los viajes verticales.
Por Vilnius y su ayudante. Por Veracruz en su lejanía. Por Valéry. Por la
Verdad, que en el fondo es lo único que busca alcanzar Enrique al escribir.
W Por el cementerio
de Woodland, en el Bronx, donde Jeremías Jiménez, policía de cementerios, nos
mostró la tumba de Moby Dick. Por Robert Walser, príncipe discreto de la
estirpe angélica de los escritores.
X Por los
xoloxcuincles de Xalapa, los xoconostles de Xochimilco y los xilófonos de
Xicoténcatl.
Y Por la literatura
del yoyó también conocida como autoficción autoficción.
Z Por Zinedine Zidane
arbitrando un partido entre Zambia y Zanzíbar en Zimbawe ante un público de
zulús zurdos bajo la mirada atenta de un tal Enrique Vila-Matas, zapatero de
Zacatecas, que nada tiene que ver con el escritor.
( Eduardo Lago)
dezembro 12, 2015
dezembro 09, 2015
Há, mas são verdes...
Ai, que saudades do futuro: cidades verdes, inteligentes, sustentáveis, resilientes (tinha que ser). As ideias pairam por perto, não fossem estas (ainda) à borla. Não o sendo, seria necessário relembrar o estado actual das nossas cidades: centros despovoados, ainda que turísticos, cada vez mais inacessíveis aos nativos, cada vez mais gentrificados em pseudo guetos gourmet (entre outras mostras de canonização do efémero). Enquanto isso, ruínas velhas e ruínas novissímas (esqueletos de edifícios nados-mortos) polvilham o espaço público urbano, supurando o pus da nossa indiferença, em viagem para o aconchego do centro comercial. Quem sabe onde eclodirá o próximo abcesso? Até lá, toca a desconstruir.
dezembro 06, 2015
dezembro 05, 2015
dezembro 04, 2015
novembro 30, 2015
19
O espectáculo é o herdeiro de toda a fraqueza do projecto filosófico ocidental que foi uma compreensão da actividade dominada pelas categorias do ver; do mesmo modo que se baseia no incessante alargamento da racionalidade técnica precisa, proveniente deste pensamento. Ele não realiza a filosofia, filosofa a realidade. É a vida concreta de todos que se degradou em universo especulativo.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
novembro 29, 2015
novembro 28, 2015
novembro 27, 2015
Diga coisas Sr. Bolaño
Não gostava da unanimidade eclesiástica, clerical dos comunistas. Sempre fui de esquerda e não ia virar à direita só por não gostar dos sacerdotes comunistas, pelo que me tornei trotskista. O problema é que, uma vez no seio dos trotskistas, também não gostei da unanimidade clerical deles, pelo que acabei por ser anarquista. A unanimidade aborrece-me imenso. Sempre que me apercebo que toda a gente está de acordo em alguma coisa, sempre que vejo que toda a gente está a fazer coro para amaldiçoar alguma coisa, aflora-me qualquer coisa à pele que me faz rejeitá-la.
(in entrevista a Eliseo Álvarez, 2005)
novembro 25, 2015
novembro 23, 2015
novembro 22, 2015
novembro 19, 2015
novembro 18, 2015
Longa se torna a espera
novembro 16, 2015
OITO MILHÕES de euros depois
A Câmara de Braga tinha gasto oito
milhões de euros na tal estrutura
(diz que seria uma piscina olímpica), mas não tinha dinheiro para terminá-la (desde 2008).
Pronto, não se fala mais nisso. Entretanto resolveu ceder a dita (onde já havia
gasto OITO MILHÕES) ao SC Braga para este (supostamente) construir um pavilhão multiusos. Sucede que o Braga praticamente não tem modalidades profissionais de
pavilhão (talvez faça jeito à secção de natação ou de futebol de praia), mesmo o futsal é uma parceria com AAUM (Associação Académica da
Universidade do Minho). Pergunta(s): já agora, onde ficam o ABC e o Hóquei Clube de Braga na fotografia? Não ficam? Não são da cidade? Mais milhões menos milhões, lá
ficaremos nós enfeitados com mais um desses elefantes brancos da modernidade. Talvez o sr.
Carreira apareça para a inauguração. E não se fala mais nisso.
novembro 15, 2015
novembro 14, 2015
...
Isto não é Paris
nem são cinco da tarde
nem chove
nem há cómicos na rua
e tampouco nesta esquina
desta cidade que não é Paris
há um realejo surpreendido
e um pintor boémio
e uma garrafa de vinho
porque às cinco da tarde
esta cidade não é Paris
e não existe um amor curioso
escondido atrás da cortina
enquanto Edith Piaf canta
Les amants de Paris
Nem a recordação do Sena
me leva as minhas memórias tristes
desta cidade sem noite
nem espelhos de mel
e não minto se disser
que Paul Éluard saiu do meu quarto
com asas de melro branco
pela janela desta cidade
que não tem pombas nem bêbados alegres
porque às cinco da tarde
esta cidade não é Paris.
"Isto não é Paris", Uberto Stabile
novembro 12, 2015
novembro 11, 2015
novembro 08, 2015
O silêncio do abandono ou o abandono silenciado?
Há duas formas de olhar para as rápidas transformações por que o mundo passa. Muitos vêem sobretudo o que muda, outros procuram surpreender o que, a despeito delas, permanece.
Orlando Ribeiro
Faz falta um outro livro com as novas ruínas, essas ruínas novíssimas que engalanam o nosso país: edifícios inacabados, com os seus esqueletos ao leu (não faltam aqui por Braga), edifícios abandonados à nascença, despejados no lixo (e alegres recipientes de lixo), edifícios abandonados por desleixo por incompetência por manifesta falta de condições; estradas que não vão dar a lado nenhum, auto-estradas em duplicado triplicando os custos para todos ao longo da sua morte lenta. Tudo isto dá bem com os cortinados da sala de visitas da nossa modernidade serôdia, esse progresso que nos alimenta, enfeitando-nos os dias. Outras ruínas se vislumbram e são de carne e osso (ou eram).
novembro 07, 2015
novembro 06, 2015
Uma história da cartografia
Os três primeiros volumes da "The History of Cartography" estão disponíveis online. Cortesia da University
of Chicago Press (e daqui). São coisas destas que nos fazem acreditar, ainda que remotamente, na humanidade.
novembro 05, 2015
novembro 04, 2015
Cidade(s) fantasma
Kilamba Kiaxi: O (pseudo) urbanismo ao serviço do poder. Diz que Angola é uma democracia, deve ser daquelas que alguns denominam, sem se rir, de "musculadas". Uma questão de poder pagar o ginásio...
novembro 03, 2015
Crónica de uma morte anunciada
Calvão da Silva daria certamente um bom regente da disciplina de religião e moral. Como é que este senhor chegou a ministro é que não conseguimos conceber. Rogai por nós...
novembro 02, 2015
novembro 01, 2015
outubro 31, 2015
outubro 28, 2015
outubro 25, 2015
outubro 23, 2015
outubro 21, 2015
outubro 19, 2015
a olhos vistos
(clica na imagem)
A verdade, digam lá o
que disserem,
é que tivemos muito
pouca sorte
com os poetas (?)
nossos contemporâneos.
Um nasceu em Galveias
e tatua-se
ou alfineta-se para
disfarçar um vazio evidente;
outro gosta de andar
nu em Braga,
muito depois – e aquém
– de qualquer Pacheco.
(Ignoram, ambos, que a
única pila maior
do que o mundo era a
do João César Monteiro.)
Um terceiro, cujo nome
nunca escreverei,
é a mulher moderna da
edição
às cegas e da sacanice
quotidiana. O quarto
ou o quinto (gabo quem
os logra distinguir)
arrotam melancolia e
não admitem
o mínimo desvio à
sacrossanta transfiguração da lírica.
O sexto – não, não me
apetece falar aqui do sexto.
Consola-nos, isso sim,
saber que uns se tornaram
entretanto romancistas
(pilim, pilim), e que os restantes
hão-de ser, muito em
breve, ministros
ou apenas pulhas (é,
no fundo, a mesma coisa).
Enquanto, de esgoto em
esgoto,
Portugal progride a
olhos vistos
e é bem capaz de
levar, um dia destes,
com outro Nobel nas
trombas.
"Inventário Plebeu", Manuel de Freitas, in Piolho (2011), revista de poesia.
outubro 18, 2015
Era estranho estar morto...
Atrevo-me a dizer que é uma coisa boa localizar tão rapidamente quanto possível o nosso próprio ridículo.
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