Rimbaud
Este prefácio tem origem numa calamidade de contornos inexplicáveis, à luz ajustada da razão: a amizade que me liga inexoravelmente a um tipo e ao seu cão cego de nome Nicha. Conheci-o, oh, num périplo sem memória, enquanto ele escrevinhava nas vidraças da vizinhança, ora bufando, ora escrevendo, ora desenhando. O encontro só terá sido possível por uma conjugação de factores que nada ficariam a dever a um autêntico jogo de espelhos, ao dar-se o caso de acreditarmos em coincidências ou mesmo em tramóias metafísicas. Chama-se Alfredo e o prefácio escapou de sua pena (trata-se na realidade de um aparo dos clássicos e não necessita do apoio de uma vidraça).
A Gabriel devo a vontade inata de estar quieto no meu canto. Chamo o Nicha e o bicho mal ouve falar no respectivo, foge a sete pés, não vá dar-se o caso de estarmos de partida para mais uma exploração ao subterrâneo da vizinha. Ou ao sótão do 4ºESQ.
O blogue em questão, sem embargo, absolutamente inútil, travestiu-se nos últimos meses de inusitada tempestade interior, à qual não será de todo alheia uma vontade indómita do autor para, pura e simplesmente, não fazer nada. Nada mais certinho.
Mas fiquemo-nos pelas entrelinhas, não vá a vassoura varar o ar à busca de azeitonas nos caracóis loirinhos da costa. Bem hajam.
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