fevereiro 25, 2015

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A propósito disto:

Ora bem, antes de mais deverei esforçar-me em definir literatura erótica, quais são os limites da aplicação deste termo genérico e o que ele consegue designar. Tão pretensioso intento não pode deixar de abortar logo que concebido: porque não saberíamos dizer a priori porquê tal obra literária é literária e porquê outra não o é; e tropeçaríamos logo à partida em monstros como a "Justine" de Sade ou "Os Cento e vinte dias de Sodoma", que não saberíamos classificar(...).

(...)
Enfim, diversas infelizes
Joana d'Arc, Santa Teresa, a Passionária e a duquesa de Windsor 
Nasceram com a rata subdividida
Numa infinidade de pequenos buraquinhos.

Boris Vian, excertos de "Utilidade de uma literatura erótica" e "Durante o Congresso" (in "Escritos pornográficos")


Vamos necessitar de um novo armário para os esqueletos e respectivas prateleiras temáticas. Assunto arrumado. Quanto ao resto, procurem nos alfarrabistas.

fevereiro 20, 2015

Far from any road


Ok, é claro que se trata da música do genérico da (excelente) série "True Detective" que passa no MOV. Ok, o genérico (procurem) também ajuda. Mas este tema tem vida própria, não? São várias as formas de chegarmos à música. Afinal, qualquer rua serve. 

fevereiro 18, 2015

Limpar a cabeça



Parece que este moços vão tocar no Porto no primavera qualquer coisa. Lá terá que ser. Entretanto, nada como limpar a cabeça a escutar as obras na vizinhança. Coisas da tijoleira. Uma mania cá no burgo que nos persegue inexoravelmente.

fevereiro 16, 2015

Mas é tudo malta desenrascada, não?

(dá-me lume)

Por aqui, a modernidade, para não ofender os destinatários, precisa de ser inócua e superficial: o telemóvel, a internet, coisas que não perturbem o deserto intelectual e, claro, emocional em que a Pátria se habituou a viver. (Vasquinho)

fevereiro 14, 2015

O sono era o seu elemento natural


A investigação policial deu origem a uma descoberta sensacional. Não a do assassino, que não tardou, mas uma descoberta de outro interesse, profundamente humana. O vendedor de hortaliça sucumbira, ao que parece, sob a pressão fortíssima de um penico em terracota que lhe atirou à cabeça, da janela do seu pardieiro, Radwan Aly, o homem mais pobre do mundo. A profunda humanidade do acontecimento residia no seguinte: o penico era o único bem, o único móvel da sua casa, e não hesitara em sacrificá-lo para salvaguardar o sono de toda a rua. Perante um tal sentido de sacrifício, até os próprios polícias ficaram confundidos.

Albert Cossery, Os Homens Esquecidos de Deus

fevereiro 12, 2015

As cinquenta sombras de Buscemi



(50 shades)

A alegoria da caverna


O que, nós gregos, podemos fazer pela Europa, é abrir uma pequena porta para a verdade. Nós não podemos encontrar a verdade no nosso próprio país, mas podemos abrir uma porta para que possam apoiar-nos. Desta forma, podemos sair da escuridão da austeridade e passar para a luz de uma discussão europeia racional e lógica. (Varoufakis)
  

Entretanto, irei cuspir-vos nos túmulos


Isto mesmo no limite do fecho do mercado. Anda por aí uma versão da Relógio d'Água, bem entendido, mas não é a mesma coisa que esta primeira edição portuguesa, chancela da Europa América, livros de bolso, com uma capa fabulosa, descoberta num desses locais de clube do crime livresco. No pacote ficou por pouco mais de 4 buchas. Em ambas as edições a utilização do nome Vian, quando toda a gente sabe que saiu da pena de Vernon Sullivan Boris Vian. Já agora:

os livros são muito caros (...) mas as pessoas preocupam-se pouco em comprar boa literatura; elas querem ler o livro recomendado pelo clube, aquele de que se fala, e estão-se nas tintas para o que vem lá dentro. 

Os nossos bem conhecidos moralistas hão-de censurar a certas páginas o seu algo excessivo...realismo. Isso se os moralistas da nossa praça soubessem ler, claro. 

fevereiro 10, 2015

fevereiro 06, 2015

Music can save your life (mas é preciso carcanhol)



Motorama, Heavy Wave ("Poverty", 2015)



Motorama, Ghost ("Alps", 2010)

Cheguei aos Motorama através de Poverty, o seu mais recente álbum (Janeiro 2015). O som chegava lá do fundo, e tanto eu como o tipo que o havia provocado demos uns passos em frente e sacámos: já ouviste esta merda?, os dois ao mesmo tempo. Daí até chegar ao Alps (2010, reeditado em 2013) foi enquanto o diabo esfregava um olho. Fica a faltar o Calendar (2012). Já agora, quanto custa o Poverty?, 14,99 buchas com desconto, caso contrário, 17,90 bujardas. Depois admiram-se com as sacadelas.