maio 31, 2013

Há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável *


Parece que hoje é (mais um) dia mundial de qualquer coisa. Para quando o dia, não, o ano mundial sem o companheiro de luta Coelhaspar? Ou o século mundial sem o companheiro de luta Coelhaspar?


(*sacado do título de um álbum dos Mão Morta)

[fumo]

maio 25, 2013

Palhaços em sentido figurado?


Será o Companheiro de luta Cavaco um palhaço? A crer em Sousa Tavares parece que sim, mas apenas em sentido político. Será o companheiro de luta Tavares um palhaço mas apenas em sentido jornalístico/literário? Não sabemos, mas apostamos que o circo ficará uns tempos na cidade. Entretanto, pela forma como esta gente se ri na nossa cara, em breve seremos todos contratados como palhaços oficiais. Não é trabalho remunerado mas conta para as estatísticas.


maio 24, 2013

eheheh...novo álbum dos The Fall





Chama-se "Re-Mit", e já lá vão trinta no papo. As notícias da morte do companheiro de luta Mark E. Smith são sempre manifestamente exageradas. 

maio 23, 2013

A angústia do escritor durante o aquecimento

[GP]

«Quero dizer que estás atrasado comparado com o Boris Vian. Com a tua idade ele já quase se tinha matado, mas tinha escrito quinhentas canções, trezentos poemas, não sei quantos romances, cinquenta peças de teatro, oito óperas, mil e quinhentas críticas de música. E não  isso, usava e abusava da trombeta. E era um noctâmbulo glorioso, que ia todos os dias do bar Vert à La Rhumerie Martiniquaise, do Tabou ao Petit Saint-Benoît, do Trois Canettes ao Vieux Colombier. Dois casamentos, não sei quantos filhos, estudos de engenharia, mil discussões com os empregados do Balzar, tropelias mil, engolia as agulhas dos gira-discos nas festas dos meninos bem do bairro, e, enfim, para quê contar-te mais.»

“Paris nunca se acaba” (pp.159), Enrique Vila-Matas. Tradução de Jorge Fallorca. Teorema.

maio 21, 2013

Ray Manzarek (1939 – 2013)



This is the end para o Ray Manzarek, mas a música não acaba. Os The Doors foram talvez a banda que mais ouvi quando era puto, e aquele órgão, o som do órgão (já não me lembro do nome do caralho do órgão) é reconhecível até debaixo de água. 

maio 17, 2013

Abertura de candidaturas


Assinala-se hoje o Dia Mundial da Hipertensão. Espera aí, assinala-se hoje o Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, no âmbito do qual se assinala o Dia Internacional da Internet. Não sabemos se o companheiro de luta presidente Cavaco sabe, mas hoje é o dia de São Pascoal Bailão, pode fazer falta depois do recurso à Nossa Senhora e a São Jorge. Já agora, hoje assinala-se o Dia Internacional contra a Homofobia. Para quando o Dia do Tatu fada rosa (Chlamyphorus truncatus)? Estamos a tratar disso. 

[17]

maio 15, 2013

Olhe, era a conta se faz favor




Companheiro de luta Coelhaspar, aqui pela rua tudo bem. Na padaria até pintaram uma das paredes com motivos cafezeiros, ao princípio ainda pensamos que era papel de parede mas não, é pintura de mão cheia, com um plasma a sufragar as nossas angústias pendurado com a relevância devida aos deuses cá de baixo. Lá se foi a RFM que aconchegava o calor das vozes minhotas, sempre com o mesmo rufar de cepa mais que duvidosa, é certo, mas ainda assim um rufar, uma tentativa de nos dar música, projectando mais um passo para o óbito das conversas com banda sonora, das historietas de meia tigela, vamos bem assim prenhes de imagens, para dar vida, como diz o patrão. Lá vida dá, afiança o Careca, mas desde que esteja a menina atrás do balcão. Na padaria podemos contá-los pelas mãos, 1, 2, 3, às vezes 4, 5 ou 6 clientes se for ao fim da tarde, o resto é de passagem, fica bonito ali o plasma, sim senhor, já fazia falta.

No coffee cosmopolita do lado o que não faltam são plasmas, faltam pessoas, contamos duas ou três e às vezes são os donos, a fazer número às mesas, tudo em fundo branco e mobiliário transparente, muito moderno. De regresso a casa pelo caminho mais longo, junto ao mecânico da esquina e ao vizinho das engenhocas ainda se escutam velhas músicas em rádios com necessidades especiais, lá chegará o dia do plasma entreter o espaço vazio de clientes. Ainda bem que o companheiro de luta Cavaco e os troicanos têm a inspiração de nossa senhora, podemos dormir descansados, ou então apostar na lotaria, como diria o Eça. De tão felizes, os vizinhos do lado esquerdo até já disseram que vão de férias para fora todo o ano, e os da frente esquerda vão para fora cá dentro…de casa.

 [não exit]

Um bom dia então


maio 14, 2013

Perdão, em que rua fica Paris?



Pensem quais podem ser as razões básicas para o desespero. Cada um de vocês terá as suas. Proponho-vos as minhas: a volubilidade do amor, a fragilidade do nosso corpo, a opressiva mesquinhez que domina a vida social, a trágica solidão em que no fundo todos vivemos, os reveses da amizade, a monotonia e a insensibilidade que andam associadas aos costume de viver.
No outro prato da balança, encontramos Paris. (...)


“Paris nunca se acaba” (pp.69), Enrique Vila-Matas. Tradução de Jorge Fallorca. Teorema. 

[GP]

maio 13, 2013

maio 12, 2013

Status quo ou quase quo?


Diz o Sr. Ferreira que há que assumir que falhámos. Quem falhou? Nós, os adeptos a caminho de um pacemaker? O companheiro Ferreira é um quase, um quase que consegue, aliás um quase que se enquadra no quase quase do Sporting destes últimos anos. O quase reformado Ferreira saiu do seu quase quo normal apenas naquele clube em que a fruta não cai nem de madura, o Sr. Ferreira é quase um daqueles senadores mumificados à portuguesa, sabedoria envelhecida em cascos de rolha. Tivemos até recentemente um quase presidente que quase fodia o clube todo e uma manta de retalhos que quase se parecia com uma direcção, pouco antes tivemos um quase quase forever nestas andanças do quase que resolvemos o passivo e quase que ganhamos e quase que oferecemos isto à banca. Anteriormente andamos 4 anos quase lá perto. Nisto, quase que gastávamos tanto como os que lutam pelo título e quase que lutávamos para não descer de divisão, e quase quase que o nosso buraco é do tamanho do BPN. Quase. Sporting sempre!

maio 10, 2013

Diz que vão diminuir as actividades extracurriculares


Os meninos das escolas secundárias fumam ganza nas paragens do eléctrico. Os meninos das escolas primárias aguardam a sua vez na fumarada. O companheiro Crato apoia tirando-lhes um tempo lectivo de curtição. Não é bem assim: deixemos esta missiva a quem sabe do que fala e não é certamente de ganza que se trata. O lado de uma professora de AECS que não está a achar piada às novas medidas aplicadas às escolas de 1º Ciclo:




Porque há coisas que me chateiam e começam verdadeiramente a revoltar, sinto que está na hora de dizer o que uma professora de AEC (Atividades de Enriquecimento Curricular, e não Extracurriculares como muitos gostam de chamar) acha desta polémica recém-criada (mas não inteiramente nova) de abolir um dos tempos das AECs, nomeadamente entra as 15:45 e 16:30, tornando-o curricular, deus sabe com quê ou com quem.
O Sr. presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais diz respirar de alívio, pois está assegurado o encarceramento, peço desculpa, o preenchimento do dia escolar até às 17:30, sem custos para as famílias. Continuo a perguntar com quê ou com quem, dado irrelevante para este porta-voz dos encarregados de educação.

Irrelevante é também o que vai ser dos professores, peço desculpa novamente, dos técnicos das AECs. Nem uma palavra se ouve acerca destes, o vazio, o não-assunto. O Sr. João Dias, da FNE alega que aplaude a medida, desde que, passo a citar, “daí não resultar um acréscimo das horas de trabalho dos professores, antes uma melhor gestão dos recursos existentes” (Jornal Público, 10-05-2013).

Pois, mas deste lado, está uma professora de inglês, licenciada em 2004, por uma destas universidades públicas portuguesas a sério, na extinta “licenciatura em ensino de inglês e alemão”, pré-Bolonha, que trabalha nas AECs desde 2005 e que sabe, apesar da categorização pouco meritória ou inexistente pelos colegas professores (não pelos técnicos, naturalmente), que é uma excelente profissional. Alguém que sempre acreditou nas potencialidades do ensino precoce de uma Língua Estrangeira e se dedicou não só profissionalmente, mas também academicamente, escrevendo uma dissertação de mestrado, denominada “Ensino do Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico: percepções dos intervenientes” e frequentou inúmeras acções de formação a fim de melhorar a sua prática profissional, que era inicialmente voltada para o 3º Ciclo e Secundário. A mesma que continua a ser reconhecida por gerações de alunos (reconhecidamente já serão algumas) e se apresenta diariamente para cumprir a sua função: ensinar inglês, muitas vezes sem materiais de apoio adequados (faltam livros, leitores de CD e até cadernos diários), mas com muita vontade de ensinar crianças, que de outra forma, não teriam condições materiais, claro, de aprender uma Língua Estrangeira.

E como eu, há muitos, desde aqueles que introduzem compositores clássicos e até ensinam as crianças a tocar Vivaldi nas flautas, àqueles que fazem cenários para festas de finais de ano e se deitam às tantas da manhã e que nem sequer são devidamente reconhecidos, sendo que a professora titular de turma se apressa a reclamar a autoria perante um encarregado de educação que elogia o trabalho.

Também há outros, sim, aqueles que não sabem como acalmar 25 crianças aos berros, que nem sequer sabem o que andam ali a fazer, que faltam, que não são pontuais. Mas não os há em todo o lado?
Sim, no ano que se aproxima, estarei desempregada, com 32 anos. Continuarei a tentar trabalhar noutras áreas, embora saiba que, assim que virem a minha formação inicial, me excluam imediatamente, continuarei a dar explicações em centros, a dar aulas individuais em casa (bendita OLX). Continuarei a minha independência financeira, a minha casa, que mantenho desde os 22 anos.
Tentarei outra licenciatura, recusarei a emigração. Mas horários de 5 horas, não obrigada!

Marta 
(explicacoes.bracara@gmail.com)



maio 07, 2013

Stand up…comedy


Começa logo com uma fábrica de startups. Vamos lá pedir um job. Ou então temos que ser entrepreneurship, developer, fazer brainstormingbrainwriting&mindmapping sushi cycle. Ou players (não esquecendo o(s) spin off). Depois temos coders, idea starters, um ou outro accoutant e os gamechangers, para nos darem corda. É obvio, já tínhamos por aí os cash and carry, os cash discount e os cash flow, quando a gente pensa que e tal, precisamos de skills e um ou outro stalker ou business developement. Temos de ter cuidado com o rating com o headhunter e um ou outro turnover, mas o que convém mesmo é conhecer um geek. É preciso estar atento ao spread e a um possível dumping, isto para não falar em swaps, defaults e hair cuts. Entretanto, na língua de Camões ficamos com as maturações da dívida e com os produtos tóxicos ou exóticos, e lá ao fundo escuta-se um sonoro: pró caralho!

maio 06, 2013

Quanto ao resto, tivemos notícia pouco depois


Reentrámos nos vagões de coração apertado. Não havíamos sentido nenhuma alegria em ver Viena desfeita e os Alemães subjugados: aliás, pena; não compaixão, mas uma pena mais ampla, que se confundia com a nossa própria miséria, com a sensação grave, incumbente, de um mal irreparável e definitivo, presente em toda a parte, aninhado como uma gangrena nas vísceras da Europa e do mundo, semente de prejuízo futuro.

“A Trégua” (pp. 242), Primo Levi. Tradução de José Colaço Barreiros. Teorema. 

[GP]

maio 01, 2013

Perdidos na origem da tragédia



Não será totalmente impossível ruminar o tudo isto vem de longe, a ramagem estendida ao desbarato, normalmente desperdiçada em nuances de deus nos livre e guarde, uma quantidade não quantificável (deixem passar, como diz o Cão) de subterfúgios que nos encanzinam qualquer pensamento, adornando um debate de trazer por casa, memória hematoma de um desleixo de muitos paus em casa de ferreiro. Mas ainda existem ferreiros? No espeto de pau característico, também gostaríamos de ter mais bola, à imagem do companheiro de luta Coelhaspar cujas investidas determinam a liga dos nossos olhares, das nossas vivências e da merda acumulada das nossas ilusões, a jogada nunca foi boa, mas as desmarcações defesa ataque recordam-nos lançamentos à mão da linha lateral para o guarda-redes. É falta, mas o árbitro não vê e, ausentes os penalties, a esta altura do jogo, calhando, perdemos de cabazada.  

[amanhã]