julho 30, 2015

A lenda do santo bebedor


Repentinamente, achou que uma nota de cinquenta francos era ridícula para um homem de valor e que era absolutamente necessário reflectir sobre si mesmo quando estivesse a beber um copo de «pernod», nem que fosse para se certificar sobre o valor da sua personalidade. 

17

A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social pelos resultados acumulados da economia conduz a um deslizar generalizado do ter para o parecer, de que todo o «ter» efectivo deve tirar o seu prestígio imediato e a sua função última. Ao mesmo tempo, toda a realidade individual se tornou social, directamente dependente do poder social, moldada por ele. Somente naquilo em que ela não é lhe é permitido aparecer. 

("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)

OK?


(informações na tasca)

julho 21, 2015

16

O espectáculo submete a si os homens vivos, na medida em que a economia já os submeteu totalmente. Ele não é mais que a economia desenvolvendo-se para si própria. É o reflexo fiel da produção das coisas, e a objectivação infiel dos produtores. 

("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)

julho 19, 2015

A Caixa de Pandora está aberta: e Pandora era grega...


Muitas das propostas gregas logo de início eram bastante moderadas (…) mas a perigosidade evidente de um governo como o do Syriza obter qualquer ganho de causa era inaceitável para governos como o português e o espanhol, e era uma bofetada para os socialistas colaboracionistas. A questão nunca foi conduzir bem ou mal as negociações, mas o facto de, por imposição da Alemanha, se ter sempre decidido que não havia acordo com os esquerdistas do Syriza.

(daqui, não esquecendo o preço das sardinhas)

Hoje amanheceu assim



Burn down the disco
Hang the blessed DJ
Because the music that they constantly play
IT SAYS NOTHING TO ME ABOUT MY LIFE
Hang the blessed DJ

Because the music they constantly play

julho 13, 2015

Entretanto...



eurekaaaaaaaaaa (?)

15

Enquanto indispensável adorno dos objectos hoje produzidos, enquanto exposição geral da racionalidade do sistema e enquanto sector económico avançado que modela directamente uma multidão crescente de imagens-objectos, o espectáculo é a principal produção da sociedade actual. 

("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)

julho 10, 2015

Can you hear me, Major Tom?



Escutando-se bem, junto à areia da praia (Ofir) também se ouve música de uma fanada melancolia (Sebastião Alba, dixit)

Nota: os nossos parabéns à RUM pelos seus 26 anos a dar-nos música. Como fieis ouvintes estamos um pouco desiludidos com os últimos tempos: muito paleio, menos (boa) música, os programas de autor remetidos para longe dos ouvidos. A pretensa seriedade esconderá um vazio de ideias, ao qual não será alheio um (suposto) profissionalismo a dar para o serôdio, alicerçado nas suas cúpulas dirigentes, habituais comensais da gamela associativa-académico-partidária....bem hajam.

julho 09, 2015

The wall, ou a deriva continental


(clica na imagem que a Hungria aparece logo ali ao lado da Síria - segundo o pasquim do I)

A Hungria aprovou esta segunda-feira a construção de um muro, na fronteira com a Síria, para impedir a entrada de refugiados. À força de tanto separar os indesejáveis até se redesenham as fronteiras. Nada de novo (esse caminhar para o abismo) não fosse esta nova proximidade entre a Hungria e a Síria. Falta-nos cimento, muita pedra e paciência para emparedar tamanha ignorância. De resto, não faltarão os túmulos para contar essa história feita de muros. 

Love cats


julho 07, 2015

Antropologia do espaço



O mal de Brauer


«Numa semana o pedreiro ergueu, página a página, tomo a tomo, edição após edição, as paredes daquela casa nas areias da Rocha (...). Uma obra destruída dentro de outra. Não apenas encerrada. Aniquilada no cimento.»

13

O carácter fundamentalmente tautológico do espectáculo decorre do simples facto de os seus meios serem ao mesmo tempo a sua finalidade. Ele é o sol que não tem poente no império da passividade moderna. Recobre toda a superfície do mundo e banha-se indefinidamente na sus própria glória. 

("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)

julho 02, 2015

12

O espectáculo apresenta-se como uma enorme positividade indiscutível e inacessível. Limita-se a dizer que «o que aparece é bom, o que é bom aparece». A atitude que ele exige por princípio é esta aceitação passiva que de facto ele já obteve pela sua maneira de aparecer sem réplica, pelo seu monopólio da aparência. 

("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)