julho 16, 2018

Página seiscentos e trinta (cerca de seiscentas gramas e picos)


Desta vez trouxera comigo, disfarçado de guarda-chuva, um daqueles Faustpatronen que nos últimos dias da guerra costumávamos passar aos homens mais velhos da Guarda Patriótica; esta arma de tiro único fora concebida para abater tanques, e a minha intenção era dispará-la contra os dois pianos de Chostakovich, na esperança de lhe imobilizar finalmente o coração. 

(continuação daqui e daqui

julho 06, 2018

Eu também sou candidato e prometo falhar



Em pouco mais de um mês passamos do fim do mundo para a circulação de bo(r)la. Com gosto, continuamos a marcar na própria baliza: proponho uma escola de formação em auto-golos. Com gosto, continuamos a escancarar as portas de casa, uns era no faice, outros é a dar a outra face em qualquer ecrã por perto: proponho uma casa dos segredos à vista de todos. Com gosto, continuamos a negociar com a imprensa, com a praça pública, com os comentadeiros a soldo da justiça (dizem-nos): proponho uma residência artística para trabalharmos estas temáticas ainda mais em conjunto. Com gosto, e requinte, negociamos com esses empreendedores que representam os jogadores que por eles são (supostamente) representados, ou familiares que representam jogadores por eles paridos, não necessariamente por esta ordem: proponho contratos de palavra dada, almoçaradas entre gente de bem, e quando alguém se sentir afrontado poderá livremente seguir o seu caminho.

Proponho o livre mercado desde que não prejudique os clubes rivais, apenas o nosso, se for caso disso. Proponho uma nova academia do quase, a criação de um falhódromo, uma SAD cuja abertura a CMVM distinga com um pontapé bem assente no nosso cu. Proponho um rugido mais baixo para não incomodar ninguém. Proponho uma tríade de treinadores que englobe o (tal) que já foi, o (tal) que aqui está e o outro que certamente virá no sorteio de Setembro. Proponho a redução do número de lugares disponíveis no estádio, para não termos que passar outra vez pela humilhação de ter uma média de espectadores superior à do campeão nacional. Proponho-me prometer uma cláusula de assistência às variantes psicológicas que possam, de alguma forma, perturbar o livre arbítrio dos profissionais do nosso clube, mas apenas no futebol. Aos outros digo: prometam falhar. Sem isso não se ganha.

(originalmente publicado aqui)

Pergunta:


Talvez nos sapatinhos à foda-se no canto inferior direito? Na rendinha da calça (calção?)? Nos aplausos que se escutam, sem grande esforço de imaginação, rodeando a arena? Esqueçam a arena, esqueçam o PAN, o Bloco, os esfomeados de causas fracturantes. Concentrem-se na imagem. Obrigado. Agora podem ir sossegados passear o cãozinho.

(imagem daqui)

julho 01, 2018

O nosso mundo é um parque temático


Os Xutos foram definitivamente institucionalizados. Não tarda serão uma t-shirt da primark. Em versão portuguesa, claro. Numa feira perto de si e do presidente.   

E assim acontece



O Marcelo foi à Rússia no intervalo entre dois abraços. O neto do Fernando Santos também. A selecção de todos nós por lá andou a espalhar o seu perfume de um futebol sem balizas, jogando muito mal sem bola, segundo informação privilegiada de Rui Santos. O Sporting tem um novo treinador a prazo. Bruno de Carvalho, de certeza, vai andar por aí, para que não nos falte nada em matéria de segurança nacional. Hoje a PJ não efectuou quaisquer buscas no estádio da Luz, apenas no google. Assim não dá: não tarda e temos mesmo que começar a falar de coisas realmente importantes para o destino do país e da humanidade. Ainda bem que a silly season está à porta. Obrigado.