agosto 28, 2017

Tudo por causa de um capote


Graças ao generoso contributo do clima petersburguense, a doença desenvolveu-se com maior rapidez do que seria de prever, pelo que, quando o médico lhe apalpou o pulso, nada mais achou a fazer do que receitar-lhe uma compressa, unicamente para o doente não ficar privado da ajuda benéfica da medicina; de resto anunciou-lhe de imediato uma morte iminente para dali a dia e meio. 

"O Capote", Nikolai Gógol. 

O nosso mundo é um parque temático


"Aquela que é a fronteira mais militarizada do mundo é um verdadeiro museu a céu aberto para turistas, com observatórios, túneis, memoriais, checkpoints e povoações com importância histórica. Desembolsando um pouco mais [de dólares], há a possibilidade de alguns tours serem feitos na companhia de um desertor norte-coreano."
"Sonho distante", artigo sobre a península coreana,  in jornal Expresso (26-08-17)

Por um punhado de dólares, temos assim acesso a um parque temático, não fosse aqui a simulação, uma manobra, uma ficção,  em muito ultrapassada pela realidade dos factos. Uma península dividida há setenta anos. O mundo à beira de um ataque de nervos, com as sucessivas ameaças nucleares da Coreia do Norte, devidamente inflamadas pelo lança chamas Trump. É um cocktail digno do nosso disney world, não fosse a chatice de uma ou outra bomba poderem rebentar mesmo. Queremos estar lá para ver?


agosto 25, 2017

Pornopopeia


Que fazer quando tudo arde?


O fogo e os espalha brasas dos jornalistas. O fogo e os espalha brasas dos comentadeiros a soldo. O fogo e os espalha brasas dos políticos. O paiol que afinal era um ferro velho. Mais espalha brasas. A praia: uma brasa. O campo: um braseiro. Mais jornalistas. Ali ao lado o Trump lança-chamas. O pote das migas Coreano brinca com um isqueiro. Queimam-se etapas para as autárquicas. Cheira a esturro. Os aceleras fanáticos passaram em Barcelona, diz que num dia que estava uma brasa. Que farei quando tudo arde*?

(*Sá de Miranda)

agosto 17, 2017

War On Drugs



Isto já é um fetiche antecipado (acho que ainda nem sequer saiu o álbum), a guitarra, a voz, a dar para o avó cantigas Dylan, ou o avó Young, não sei, a voz a percorrer a música toda: keep moving with the changes... yeah... ooh...

(des)orientados


Sobre o jogo (de ontem) não há muito para dizer, a não ser que em termos de previsibilidade o Sporting já é uma equipa de topo.

Com os dados disponíveis até ao momento podemos fazer uma análise interessante da época em curso: ficamos a saber, por exemplo, que o Mathieu é o nosso melhor defesa esquerdo. Ficamos a saber, por exemplo, que o Mathieu quando sobe com a bola de cabeça levantada e vai por ali fora, é o nosso melhor jogador a fazer de William Carvalho. Ficamos a saber que o William Carvalho quer fazer de William Carvalho noutro sítio. Ficamos a saber que o Fábio Coentrão é o Fábio Coentrão dos últimos tempos (no Real e Mónaco), e não o Fábio Coentrão que foi vendido por um camião de notas (o Sr. Mendes é o melhor jogador de todos). Ficamos a saber que o Fábio Coentrão é sportinguista desde pequenino. Ficamos a saber que do Cristiano Piccini só a parte do Cristiano é que é nome de jogador de futebol, já Piccini, soa a compositor de opereta de segunda categoria, ou a piscinas em italiano, coisa que o senhor faz bem. Ainda nos vai dar muitas alegrias quando for transferido para o Real Massamá. Nota: O Mathieu recusa-se a ser também o nosso melhor defesa direito, já não tem idade para isso.

Ficamos ainda a saber que o Battaglia é muito jeitoso a destruir mesmo quando tenta construir. Ainda viveremos o suficiente para ver o Battaglia fazer falta sobre o Battaglia, ou mesmo o Battaglia errar um passe para o Battaglia. Ficamos a saber que o Adrien se recusa a fazer de Adrien, pelo menos por enquanto, ou pelo menos, com esta camisola. Ficamos a saber que o Podence e o Dost fazem uma dupla fixe a fazer tabelas numa espécie de bilhar de bolso. O Bas Dost, não tarda, também se esquecerá de como se faz de Bas Dost. O Acuña teve uma vida difícil e já está habituado a sofrer. Continuará a ser Acuña sem dificuldades de maior. Como disse o JJ no final: só faltou o golo, o resto até não esteve assim tão mal. Ficamos a saber que continuamos bem orientados…

(publicado originalmente no Insustentável)

agosto 10, 2017

Cultura é formosura


Igualmente interessante, uma entrevista do autor: aqui. Onde se fala do Pacheco (não confundir com o ex jogador do Benfica e Sporting), e da narrativa cultural à portuguesa, doses cavalares de espinha maleável, travessas de mesquinha elevação intelectual, golpadas de engenho ressabiado, em suma, talento de sobra para escriturários na função pública. E agora com os precários a entrar em força, não deixa de ser uma ambição desmedida. Isso e chegar lá fora. Como diria o Pacheco (não confundir com o ex jogador do Benfica e Sporting): Puta que os Pariu

Já agora

o que é que ficou da pré-época da bola?


O Chico Geraldes a ler o "Ensaio sobre a cegueira" do Saramago.  Ainda há esperança!

agosto 09, 2017

(...)



What if everything around you
Isn't quite as it seems?
What if all the world you used to know
Is an elaborate dream?
And if you look at your reflection
Is it all you want it to be?
What if you could look right through the cracks
Would you find yourself

Find yourself afraid to see? 

de volta...