Os casos não são raríssimos. Raríssimo é a malta se importunar com isso. Merecemos esta cloaca forma de vida.
dezembro 14, 2017
dezembro 09, 2017
Um apeadeiro no inferno
Cheguei aqui por obra e graça de um desassossego numa livraria:
Acabei a reler este abancado no bueiro. Para não ser sempre no barbeiro.
E dei por mim a encomendar a temporada toda do inferno. Baratinho.
dezembro 08, 2017
novembro 30, 2017
Zé Pedro (1956 - 2017)
Obrigado Zé Pedro. Em breve contarei a minha história dos Xutos. Começou com o álbum Cerco.
novembro 29, 2017
novembro 27, 2017
novembro 24, 2017
novembro 22, 2017
"Há destruições que são necessárias"*
Homens desta espécie serão sempre hostis à terra que os viu nascer, e é impossível que assim não seja. Para eles a sujeição, quer seja a uma igreja, a um país ou a uma sociedade, há-de ser sempre o grande espantalho. Gastam a vida a quebrar grilhetas, mas a sua secreta dependência devora-lhes as entranhas e não lhes dá descanso.
*Rimbaud
novembro 18, 2017
O nosso mundo é um parque temático
Continuamos alerta. Informa-se que a utilização deste país para algo que não tenha fins recreativos é absolutamente indesejável. Não se esqueça de levar o seu telemóvel. Proteja-se. E não se esqueça dos afectos.
novembro 11, 2017
novembro 07, 2017
novembro 02, 2017
outubro 26, 2017
Os burrinhos de Cacilhas
Perguntei pelos burrinhos de Cacilhas, e o maganão a quem fiz a
pergunta disse-me que procurasse uns no Ministério e outros no Parlamento. Era
um desses Voltaires do Chiado que fazem espírito, mesmo à custa dos seus
parentes e amigos.
outubro 22, 2017
outubro 21, 2017
resumo da semana
(…)
é preciso trabalhar,
se não por gosto, ao menos por desespero, porquanto, bem vistas as coisas,
trabalhar é menos aborrecido do que divertir-se.
Baudelaire, "O meu coração a nu"
outubro 20, 2017
Que farei quando tudo arde*?
Frequentei Engenharia Florestal
no início dos anos noventa do século passado. Já nessa altura tínhamos a época dos incêndios, mas a época
preferida era a dos subsídios, que normalmente durava todo o ano, sem qualquer
fiscalização. Nunca, como então, existiram tantos projectos imaginários. O dinheiro
circulava, mas apenas alguns conseguiam apanhar boleia. Em algumas dessas
boleias foram exauridas as verdadeiras hipóteses de uma reforma florestal
planeada. Para isso seria necessário pensar o país como um todo. E o país,
nessa altura, tinha a forma de uma betoneira.
Na época dos subsídios o eucalipto
começava a dar cartas. As monoculturas florestais, eucalipto e pinheiro,
caminhavam de mãos dadas com o despovoamento do interior. Não lhe chamem, por
favor, desertificação. Vegetamos, é certo, mas ainda não somos uma espécie
vegetal. Com o país a sonhos, modernos, construímos auto-estradas, urbanizações
desreguladas, feias, cidades esquecidas da sua história e património (isso veio
muito depois), e abandonamos, com enfado, a agricultura. Vieram as ligações público-privadas,
os aviões, os helicópteros, as comunicações via satélite. Festejávamos (e festejamos)
a época dos fogos com foguetes.
Afinal, as bouças eram boas como depósitos de lixo, de abandono, e algum sexo à
beira das estradas.
Eternas reformas adiadas, ou
parcialmente esquecidas, eternos estudos e debates depois, chegamos ao caos de
2017. Ainda existe uma época definida para os incêndios (como é possível?), a denominada
fase Charlie, que acompanha a silly
season , sem saber que a silly season em Portugal se vem diluindo, alargando as
suas fronteiras. Basta ligar a televisão. Parece que tudo falhou. Vem no
relatório da comissão independente. Parece que fenómenos climatéricos únicos confluíram
em conspiração odiosa. No final, continuámos a falhar. Falhámos cada vez
melhor, sei do que falo, sou sportinguista. Só que desta vez morreram muitas
pessoas. Demasiadas. Nas ruas, protestos, apenas em frente das televisões. Nem
sequer uma onda de indignação, a não ser nas páginas amarelas das redes
sociais. Dançam algumas cadeiras. Não tarda voltamos à normalidade dos estudos.
outubro 15, 2017
A Catalunha, por exemplo
Não me interessa se o ditador é destro, canhoto ou maneta. Sé
é pequeno ou se já torceu o pepino várias vezes. Não me interessa se é moderno
ou proto clássico. Não me interessa se o ditador é um democrata. Essa t-shirt é
vendida na Zara. Ou na H&M, não sei bem. Não gosto de ditadores nem de ditadorzinhos.
Sei alguma coisa de mapas para saber que eles são obra humana. O mesmo serve
para as fronteiras. Socorrendo-me de Cardoso Pires, sei bem que, como português,
quando nasci, deixei logo de ser criança, passei a ter nove séculos. Outros
sentirão o mesmo sob outro nome. Talvez não tão envelhecidos. Outros sentirão o
mesmo sob outra bandeira. Talvez não saibam que as bandeiras são coisas de
homens. Mas se assim tão importante uma bandeira e um país deixem que sejam os
homens e as mulheres a decidir isso. Não decidam por eles.
outubro 03, 2017
setembro 29, 2017
Os náufragos
O mundo viaja.
Há mais náufragos do que navegantes.
Em cada viagem, há milhares de desesperados que morrem sem completar a travessia para o paraíso prometido onde até os pobres são ricos e todos vivem em Hollywood.
Não duram muito as ilusões dos poucos que conseguem chegar.
Já o tinha escrito aqui. Estávamos a dever algumas ao Galeano.
setembro 28, 2017
Serviço público
passaram 30 anos desde a edição do último disco dos The Smiths:
em destaque todo o dia na Antena 3, serviço público do melhor, meus amigos:
em destaque todo o dia na Antena 3, serviço público do melhor, meus amigos:
setembro 27, 2017
setembro 26, 2017
O nosso mundo é um parque temático
Acabam-se os banhos, os fogos, o roubo no paiol que afinal era um ferro velho. Fica a actualidade: a bola, as eleições, os bancos, os enfermeiros, a colocação dos professores, os eventos... um perpétuo déjà vu que nos remete para a ordem dos incrédulos. Resta-nos a satisfação íntima de saber que alguém vela por nós.
setembro 20, 2017
Começou por engano
Nekalayla afirmava ter conhecido Jesus Cristo, um dia, quando andava no deserto, e que Jesus Cristo lhe contara tudo. Sentaram-se os dois numa rocha e o J.C. revelou-lhe tudo. Agora, era ele que passava os segredos a todos aqueles que os pudessem pagar.
setembro 19, 2017
setembro 14, 2017
setembro 10, 2017
leituras
É improvável que “O Capital” seja muito lido em Sunderland ou em Greenwich
Village: passámos das simplificações em panfletos para os despropósitos no
Twitter. O dilema de Marx subsiste um século depois da revolução bolchevique,
dois séculos após o seu nascimento e no limiar da revolução cibernética. De um
lado, a fecundidade do capitalismo global na criação de riqueza. Do outro, a
forma assustadora como reduz o trabalhador a um fragmento de homem e o arrasta
com a mulher e os filhos para debaixo do rolo compressor.
David Reynolds, “O difícil legado de Karl Marx”, in New Statesman – Londres
No meio do marasmo editorial português,
valha-nos esta colectânea de textos (de várias fontes) com a cortesia do Courrier Internacional…
Hoje amanheceu assim
a acompanhar um cacete mal cozido com manteiga, chá preto e limpeza da casa...domingo dos verdadeiros.
setembro 09, 2017
Os milagres e a minha bomba da asma
A minha bomba da asma não faz milagres. Na verdade é um dois em um: ventila através do fumarato de formoterol di-hidratado que é um broncodilatador, e previne a inflamação dos pulmões através de um corticosteróide chamado budesonida. Não faz milagres, mas tomada regularmente ajuda-nos a respirar com normalidade e sem sintomas. Muno-me sempre da bomba quando está um jogo do Sporting por perto. Foi o que aconteceu ontem. Já se sabe, o Sporting é meio caminho andado para um pacemaker. Não convém esquecer.
A primeira parte do jogo mostrou-nos que a genica dos imponderáveis se dá bem com o planeamento de uma época, principalmente se o principal actor da mesma for o nosso Sporting. O jogo estava controlado, com o Feirense a fazer uma fantástica exibição, segundo o Sr. Freitas Lobo. Com a saída do Piscinas, não tendo nenhum defesa direito no banco (por onde anda o Ristovski?), tivemos que fazer aquilo que fazemos melhor: inventar. O Sr. Freitas Lobos tocou a rebate. Ainda estava a tocar a rebate quando a primeira parte acabou. O Ruiz bate pouco nos adversários, mas é um picanhinha em potência ao nível dos lípidos.
Foi com naturalidade que chegamos depois à vantagem. O Ruiz continuava à procura de um churrasco no relvado. E foi ainda com mais naturalidade que nos deixamos empatar. O Sporting tem destas coisas. A bomba estava por perto. Um pacemaker também não é difícil de arranjar. A malta, mesmo não religiosa, acredita sempre. E vale a pena acreditar quando a equipa de arbitragem ainda não precisa de ir ao oftalmologista. Nem todos os jogos tiveram esse privilégio. É marcar uma consulta...
(publicado originalmente aqui)
setembro 07, 2017
setembro 05, 2017
Smartfone zombie
qualquer semelhança com a realidade é pura ficção...
nem o George Romero, ou o Carpenter, conseguiram lá chegar...
agosto 28, 2017
Tudo por causa de um capote
Graças ao generoso contributo do clima petersburguense, a doença desenvolveu-se com maior rapidez do que seria de prever, pelo que, quando o médico lhe apalpou o pulso, nada mais achou a fazer do que receitar-lhe uma compressa, unicamente para o doente não ficar privado da ajuda benéfica da medicina; de resto anunciou-lhe de imediato uma morte iminente para dali a dia e meio.
"O Capote", Nikolai Gógol.
O nosso mundo é um parque temático
"Aquela que é a fronteira mais
militarizada do mundo é um verdadeiro museu a céu aberto para turistas, com observatórios,
túneis, memoriais, checkpoints e
povoações com importância histórica. Desembolsando um pouco mais [de dólares],
há a possibilidade de alguns tours serem
feitos na companhia de um desertor norte-coreano."
"Sonho distante", artigo sobre a península coreana, in jornal Expresso (26-08-17)
Por um punhado de dólares, temos assim acesso a um parque temático, não fosse aqui a simulação, uma manobra, uma ficção, em muito ultrapassada pela realidade dos factos. Uma península dividida há setenta anos. O mundo à beira de um ataque de nervos, com as sucessivas ameaças nucleares da Coreia do Norte, devidamente inflamadas pelo lança chamas Trump. É um cocktail digno do nosso disney world, não fosse a chatice de uma ou outra bomba poderem rebentar mesmo. Queremos estar lá para ver?
agosto 25, 2017
Que fazer quando tudo arde?
(Menco)
O fogo e os espalha brasas dos
jornalistas. O fogo e os espalha brasas dos comentadeiros a soldo. O fogo e os
espalha brasas dos políticos. O paiol que afinal era um ferro velho. Mais
espalha brasas. A praia: uma brasa. O campo: um braseiro. Mais jornalistas. Ali
ao lado o Trump lança-chamas. O pote das migas Coreano brinca com um isqueiro.
Queimam-se etapas para as autárquicas. Cheira a esturro. Os aceleras fanáticos passaram em Barcelona, diz que num dia que estava uma brasa. Que farei quando tudo arde*?
(*Sá de Miranda)
agosto 22, 2017
agosto 17, 2017
War On Drugs
Isto já é um fetiche antecipado (acho que ainda nem sequer saiu o álbum), a guitarra, a voz, a dar para o avó cantigas Dylan, ou o avó Young, não sei, a voz a percorrer a música toda: keep moving with the changes... yeah... ooh...
(des)orientados
Sobre o jogo (de ontem) não há muito para dizer, a não ser que em termos de previsibilidade o Sporting já é uma equipa de topo.
Com os dados disponíveis até ao
momento podemos fazer uma análise interessante da época em curso: ficamos a saber, por exemplo, que
o Mathieu é o nosso melhor defesa esquerdo. Ficamos a saber, por exemplo, que o
Mathieu quando sobe com a bola de cabeça levantada e vai por ali fora, é o
nosso melhor jogador a fazer de William Carvalho. Ficamos a saber que o William
Carvalho quer fazer de William Carvalho noutro sítio. Ficamos a saber que o
Fábio Coentrão é o Fábio Coentrão dos últimos tempos (no Real e Mónaco), e não
o Fábio Coentrão que foi vendido por um camião de notas (o Sr. Mendes é o
melhor jogador de todos). Ficamos a saber que o Fábio Coentrão é sportinguista
desde pequenino. Ficamos a saber que do Cristiano Piccini só a parte do
Cristiano é que é nome de jogador de futebol, já Piccini, soa a compositor de
opereta de segunda categoria, ou a piscinas em italiano, coisa que o senhor faz
bem. Ainda nos vai dar muitas alegrias quando for transferido para o Real
Massamá. Nota: O Mathieu recusa-se a ser também o nosso melhor defesa direito,
já não tem idade para isso.
Ficamos ainda a saber que o
Battaglia é muito jeitoso a destruir mesmo quando tenta construir. Ainda
viveremos o suficiente para ver o Battaglia fazer falta sobre o Battaglia, ou
mesmo o Battaglia errar um passe para o Battaglia. Ficamos a saber que o Adrien
se recusa a fazer de Adrien, pelo menos por enquanto, ou pelo menos, com esta
camisola. Ficamos a saber que o Podence e o Dost fazem uma dupla fixe a fazer
tabelas numa espécie de bilhar de bolso. O Bas Dost, não tarda, também se
esquecerá de como se faz de Bas Dost. O Acuña teve uma vida difícil e já está
habituado a sofrer. Continuará a ser Acuña sem dificuldades de maior. Como
disse o JJ no final: só faltou o golo, o resto até não esteve assim tão mal.
Ficamos a saber que continuamos bem orientados…
(publicado originalmente no Insustentável)
agosto 14, 2017
agosto 10, 2017
Cultura é formosura
Igualmente interessante, uma entrevista do autor: aqui. Onde se fala do Pacheco (não confundir com o ex jogador do Benfica e Sporting), e da narrativa cultural à portuguesa, doses cavalares de espinha maleável, travessas de mesquinha elevação intelectual, golpadas de engenho ressabiado, em suma, talento de sobra para escriturários na função pública. E agora com os precários a entrar em força, não deixa de ser uma ambição desmedida. Isso e chegar lá fora. Como diria o Pacheco (não confundir com o ex jogador do Benfica e Sporting): Puta que os Pariu.
Já agora
o que é que ficou da pré-época da bola?
O Chico Geraldes a ler o "Ensaio sobre a cegueira" do Saramago. Ainda há esperança!
O Chico Geraldes a ler o "Ensaio sobre a cegueira" do Saramago. Ainda há esperança!
agosto 09, 2017
(...)
What if everything around you
Isn't quite as it seems?
What if all the world you used to know
Is an elaborate dream?
And if you look at your reflection
Is it all you want it to be?
What if you could look right through the cracks
Would you find yourself
Find yourself afraid to see?
julho 27, 2017
julho 25, 2017
julho 22, 2017
julho 09, 2017
Assinar:
Postagens (Atom)