agosto 22, 2010

Biologia quântica

É verdade que comecei por pensar no Ambrose Bierce, um gajo que ninguém conhece, a não serem os leitores desabituais da Antígona e um amigo meu, que para lá caminha; mas o violador de telheiras foi mais além, e aconselhou-me o pontal de Quarteira e um outro de Mangualde, para mandar às malvas a sua transgressão no arquivo. A coisa só não foi séria porque o sr. Lobo Antunes (tenho para aí umas duas mil páginas do tipo, não lidas, em casa), decidiu-se a não participar, alegando falta de segurança?, num evento em Tomar. Gosto de Tomar, e tirando uns filmes malucos que assisti no fim-de-semana, parece-me que tudo isto são sintomas de uma modernidade muito rebuscada. Entretanto, enquanto escrevia a minha monografia antropológica sobre os calções e as camisolas de alças utilizadas pelos emigrantes portugueses em férias no entre Douro e Minho, soube que o Sporting tinha ganho um jogo a uns gajos da Madeira, cujo treinador será um dia, finalmente, o sr. Alberto. Fiquei feliz. Não tanto pelo Sporting, mas pela Madeira e o tal clube terem a possibilidade, assim tão próxima, de se aproximarem dos primatas originais.   

agosto 15, 2010

Como é que se espera?

A confusão instalou-se definitivamente. A casa sabe a pó e é pasto de aranhas insubmissas; estou sujo e uma membrana adiposa pende do meu abdómen, oferecendo ao conjunto, um corpo humano instalado à beira de um ataque de sofá, e um cérebro relativamente encaixado na cavidade craniana onde surge a questão: “qual terá sido o filme da semana?”. Ao sonho do final da manhã, em que um membro da raça felina, andrógino, e um outro da raça humana, género feminino, assistiam placidamente ao “Babel” do Iñárritu, foi-me objectado que me teria enganado na semana. E no dominó que tenho vestido ultimamente, não? – pensei, enquanto me dirigia ao local das escadinhas onde sempre leio a semana em atraso, através de uma manta de jornais.
Duas mortes: Ruy Duarte de Carvalho, antropólogo, o escritor cineasta e viajante, que morreu longe; um senhor que se recordava de “ter mudado inteiramente de pele, pelo menos uma meia dúzia de vezes ao longo da vida”, e que me transportou por momentos para outras minhas peles, enquanto assistia com a uma espécie de júbilo ao desenrolar da manhã. E outro escritor, historiador e cronista, Tony Judt, o mesmo que me levou a um pequeno ataque quando vi o preço do seu “Pós Guerra – A História da Europa desde 1945”, que vou ler, já estará algures numa prateleira em fila de espera, enquanto me entretenho solitariamente com o “Danúbio” de Magris. De resto, na imprensa, tudo nos recorda que o inferno é em Portugal.
Afinal, o filme da semana foi o “Zatoichi” de Takeshi Kitano, uma preciosidade adquirida por 1,95 Euros com o Público. Quanto ao “Origem” de Christopher Nolan, que fomos ver ao cinema, o melhor é aproveitar o “Memento”.
Mais tarde, ali ao lado do intrépido (vencido) Sporting, um “Almoço de 15 de Agosto”, de Gianni di Gregório, que eu sei que não viram, pois não?