abril 29, 2012

"Fazer as malas e abandonar as ruínas"


“Podem imprimir-se estatísticas e contar a população de uma cidade em centos de milhares, mas para cada homem uma cidade tem apenas algumas ruas, algumas casas, algumas pessoas. Suprimam-se essas poucas pessoas e a cidade não existe mais, é apenas uma dor na memória, como a dor de uma perna amputada que já não está onde doí.”

“ O nosso agente em Havana” (pp.230), Graham Greene. Tradução de Daniel Gonçalves. Ulisseia.

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abril 25, 2012

25 de Abril: nós oferecemos um (I)


Recentemente num autocarro urbano de Braga podia-se observar, numa caixinha azul junto ao motorista, um letreiro onde dizia: leia, nós oferecemos o livro, ou qualquer coisa parecida. Não cheguei a meter a mão na caixinha, absorvido que fui pelo generoso enlatado do autocarro, até bem ao fundo, como deve ser. Reflectindo, não pude deixar de pensar nesta coisa moderna de meter o livro pelas goelas abaixo dos mais (ou menos) incautos, numa espécie de exaltação efémera, ou evacuar de consciência, em contraste(?) com a vontade indómita dos funcionários (e manda-chuvas) camarários do Porto no despejo da escola (Es.Col.A.) da Fontinha, arremessando com sentido gosto livros (entre outros) pelas janelas.

Recordei-me, quase logo, de Baudrillard no seu livro “A sociedade de consumo*”, quando este se refere à cultura, a caminho (gradualmente) de perder a sua substância de sentido, comparando-a com a natureza, assegurando que nunca se glorificou tanto esta última como depois de estar destruída por todos os lados.



*A edição original é de 1970.

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Miguel Portas (1958 - 2012)

abril 23, 2012

As minhas cassetes 84: Big Audio Dynamite



Naqueles tempos, parece que o inútil não apreciava física (química). O que não se compreende dada a cepa dos professores à época: dona qualquer coisa e um tóxico (drogas legais) mais inteligente que o mito que o precedia. Naquele tempo ainda existiam mitos urbanos verdadeiros. Cada um, a dona e o tóxico, levavam 3 contos de reis por hora de…explicações. Nunca me apanharam. Agora por 5 euros ainda calha uma percentagem para a dona do centro. Chulices modernas

abril 22, 2012

"As coisas modernas são bonitas mas não duram"


As palavras do título desta posta não saem de nenhum contestatário do consumismo, nem de nenhum sociólogo, nem receiem qualquer veleidade de um político com tendências supostamente esquerditóides; pertencem a Sonam, um nómada já entradote na idade, que vai sobrevivendo (num mundo cada vez mais hostil) algures além das montanhas do Himalaia Ocidental. Foi no documentário “The Broken Moon” ou “A Terra da Lua partida” que passou (e parece que vai passando) na RTP2 (20-04-11).

abril 17, 2012

Iremos cuspir-vos nos túmulos*


Manifestamente, já o sabíamos, o governo da república – com “r” muito pequeno mesmo – não quer perceber a diferença (na sua volúpia pela austeridade nos outros e ignorância intrínseca, como poderia?) entre solidariedade social e esmola. Todavia, o fenómeno chega a todo o lado na vacuidade geral em forma de hematoma publicitário: aqui e aqui.

Que morram todos! Nós aguentamos o cheiro.

*adaptado de um título de Boris Vian

cartoon do ANGELI

As minhas cassetes 83: Talk Talk



Acabei de saber que o gás em bilha voltou a aumentar. Para que conste. 
Bom dia para vocês também...

abril 12, 2012

A estrela amarela ao peito ficará para mais tarde

Quatro anos depois, o dr. Francisco George, eterno director-geral de Saúde, está a convocar as tropas higieno-fascistas para a 2ª Cruzada Antitabagista, desta vez mobilizando também as brigadas anti-álcool (as próximas cruzadas já contarão com as brigadas anti-sal, anti-açúcar, anti-gorduras polinsaturadas, anticafeína, etc.), tudo sob o comando de um até aqui anónimo secretário de Estado da Saúde.

Parece que um estudo encomendado pela Direcção-Geral terá concluído que um em cada quatro portugueses morre prematuramente, "em parte devido ao tabaco" (a parte de mortes devidas à miséria, ao desemprego ou à fome não vem nas estatísticas do dr. George). Era do que secretário de Estado e director-geral precisavam para se sentirem no direito de se intrometer nas decisões pessoais, na vida, na casa, e até nos automóveis alheios.

Restaurantes e bares dirão adeus aos investimentos feitos e deixarão de poder ter espaços reservados a fumadores; até à porta será proibido fumar (e quem for a passar?, terá que mudar de rua?); serão proibidas máquinas de venda automática de tabaco (não há máquinas de venda de "cavalo" ou de "branca" e nem por isso é difícil obtê-los...); proibir-se-á fumar dentro de carros com crianças (haverá um inspector da ASAE dentro de cada carro?); quanto ao álcool, nem uma "mini" poderá ser vendida em bombas de gasolina ou após a meia-noite.

A estrela amarela ao peito ficará para mais tarde.


Manuel António Pina (DAQUI)

abril 10, 2012

abril 05, 2012

O Sporting joga hoje e por acaso as eleições legislativas não são em 2015?

Primeiro-ministro diz que subsídios de férias e Natal só serão repostos em 2015.



Mas o Sr. Gaspar não tinha dito que era para o ano, ou isso? Como estou em estágio para o jogo de mais logo entre o Sporting e uns gajos sul-americanos em solo ucraniano, não me posso enervar, sob pena de nomeadamente ter que lancetar dois ou três pensamentos desvairados; mas como sou um gajo muito cinéfilo lembrei-me logo do Peter "Blacky" Popara no Underground do Kusturica, quando este dizia – e não foram assim tão poucas as vezes – cabrões fascistas de merda (segundo a tradução suave portuguesa, parece que a inglesa era fucking fascist motherfuckers…ou o caralho).