agosto 29, 2012

Joga o Vila-Matas e se calhar o Renard


Eu cá cheguei ao Jules Renard através de uma desmarcação do Vila-Matas no Diário Volúvel. O Jules (até) estava cá em casa, ali no cantinho esquerdo das estantes, na decrépita secção poesia e arredores. Daí eu ignorava isto:
«O meu não come ratos, não gosta. Se apanha algum, é para [brincar com ele.
Quando brincou tudo, poupa-lhe a vida, e vai sonhar noutra parte,
[o inocente, sentado no caracol do seu rabo, a cabeça fechada [como um punho.
Mas, por causa das garras, o rato morreu.»
É “o gato” das Histórias Naturais*, um gato como este cá de casa, que gosta de sonhar longe quando não está por perto, e que brinca aos ratos com ratos verdadeiros. E se eles morrem já se sabe.
Poucas traduções portuguesas se encontram de Renard, parece. Em francês é fácil de encontrar, mas menos de ler. Entre outros, um dos passes de Vila-Matas, trazia esta frase de Renard: «Quando a preguiça te faz sentir infeliz, vale tanto como o trabalho». Tu queres ver…

 *in “poesia do século XX”, Antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena. Asa.

agosto 28, 2012

Sporting: em busca do tempo perdido [já?]

Assegura-nos o (nosso) Sá Pinto que o Sporting não está forte, “está muito forte”. Tem é um novo look para enganar os mais incautos. Até ver, não tem resultado, mas também poderá ser essa a estratégia. O primeiro milho é sempre para os pardais. Depois até comemos os pardais (os pardais são comestíveis , não?)!

agosto 27, 2012

Medo



«Tornei a partir. Mas as horas? As horas? Quem me diria as horas? Nenhum relógio batia nos campanários ou nos monumentos. Pensei: “Vou abrir o vidro do meu relógio e tactear o ponteiro com os dedos.” Peguei no relógio…já não trabalhava…estava parado. Nada, nada, nem um arrepio na cidade, nem uma luz, nem um resquício de som no ar. Nada, mesmo nada, nem sequer o rodar longínquo do fiacre,  – absolutamente nada!
Encontrava-me no cais, e uma frescura glacial subia o ribeiro.
O Sena continuava a correr?»

“ A Noite, Pesadelo” (pp. 199), in Contos do Insólito, Guy de Maupassant. Tradução de João Costa. Ulisseia.

medo

agosto 25, 2012

RTP memória [ou a história da carochinha]


Verdade, a minha perninha é na RTP2, raro não vai, na Antena 2 e adjacentes. Cada um saberá. Genericamente, a televisão generalista é uma merda. A minha apreciação controla o meu zapping. E ponto.

Estas manobras de venda em forma de concessão, ou concessão em formato venda, manobrando a Constituição, não surpreendem, nem acrescentam ponto neste conto que se começou a escrever antes ainda da tomada de posse do governo da república, e que muito o extravasa. Dois homens fazem a ponte com os interesses e os interessados: o dr. Relvas e o ideólogo Borges. O que resolve (e ainda lá está para isso) e o que faz acontecer mesmo que não aconteça, respectivamente. À volta destes gravitam os chacais do costume, e não são poucos. Todos interessados no que supostamente não interessa nem ao menino Jesus: RTP e afins. E ainda por cima com a publicidade nas ruas da amargura. 

Será o costume: privatizam-se, perdão, concessionam-se os possíveis lucros e assume-se o restante. Mas não só: alguém com poder, quer o poder da antena, da caixinha mágica, da propaganda.

Relativamente ao (suposto) serviço público, agora ou no futuro, vão mas é chamar burros ao raio que os parta.  

agosto 23, 2012

Tame Impala: "Elephant" (isto é brutal)



“Elephant”, retirado do 2º álbum de originais dos Australianos Tame Impala, denominado “Lonerism” (2012). Estes moços fartaram-se de ouvir os Black Sabbath do tempo do "Paranoid" quando o Ozzy ainda conseguia calçar as meias sozinho, os Led Zeppelin, e mais umas cenas psicadélicas que me vieram logo à cabeça. Como nada é por acaso, o nome da música é o mesmo de um dos meus filmes favoritos de sempre, o “Elephant” do Gus Van Sant, é no que dá escutar a RUM, às vezes lá calha…

agosto 22, 2012

No pingo doce é bom é bom é…


Inútil: Braga - pingo doce do Braga Parque (15-08-12) - clicar na imagem para aumentar

Depois da - chamemos-lhe assim - deslocalização fiscal para a Holanda, e depois de todos nos divertirmos em conversas de café sobre o homem mais rico de Portugal 2012: mister Alexandre Soares dos Santos, homem-forte da Jerónimo Martins (pingo doce); ficamos agora a saber que, no tal supermercado onde não se faziam promoções, cartões ou complicações (até há pouco tempo, claro!), as compras (até 20 Euros) passam a ser pagas apenas em cash. A coisa terá começado de mansinho nos restaurantes e agora passa de mansinho para o supermercado. Um destes dias serão as compras até 50 euros e depois até 100 euros.
Parece que as taxas de utilização dos multibancos (será apenas isso?) retiram algum do mealheiro do grupo. O mesmo grupo que é reconhecido na praça por pagar bem aos seus empregados? Obviamente que não, apenas lhes faz o favor de terem um emprego, e remunerado, ainda por cima.
Na sua casa, cada um faz o que lhe apetecer. Só lá vai quem quer - ou quem precisa. Mas não deixa de ser curioso, num país onde os cartõezinhos disto e daquilo recheiam (ou recheavam) as carteiras, lá voltaremos ao dinheiro (aqui por nós tudo bem) contado na mão. E no colchão: é um clássico. É uma cena bué retro convenhamos, não?    

agosto 20, 2012

The Soaked Lamb: a flor e o espinho



Tira o teu sorriso do caminho
que eu quero passar com a minha dor


(Portuguesíssima versão - dir-se-ia com odor Argentino - de um original brasileiro de Nelson Cavaquinho. Grande vídeoclip. Fabuloso.)

agosto 14, 2012

Aceitam-se donativos (II)

esta ainda vai...

Viagens

«Duas léguas adiante está Caçarelhos. Aqui diz Camilo que nasceu o seu calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado de Agra de Freimas, herói patego e patusco da Queda Dum Anjo, novela de muito riso e alguma melancolia. Considera o viajante que o dito camilo não escapa à censura que acidamente desferiu contra Francisco Manuel do Nascimento, acusado este de galhofar com a Samardã, como antes outros tinham chalaceado com Maçãs de D. Maria, Ranhado ou Cucujães. Juntando Elói a Caçarelhos tornou Caçarelhos risível, ou será isto defeito do nosso espírito, como se tivéssemos de acreditar ser culpa das terras e não de quem nelas nasce. A maçã é bichosa por doença da macieira, e não por maldade do torrão.»

” Viagem a Portugal (pp.31), José Saramago. Caminho.

  tabuleta

agosto 13, 2012

agosto 12, 2012

Em falta


Embora vários dos contos desta compilação habitem, de uma forma ou de outra, nas estantes aqui ao lado, parece-me imperdoável não agarrar o amarelinho. A ver como. 

daqui e já vinha dacolá...

agosto 09, 2012

As minhas cassetes 92: Nine Inch Nails


  I want you to take me 
I want you to take me 
I want you to break me 
and I want you throw me away

"Throw This Away" , in Fixied (1992), Nine Inch Nails

agosto 08, 2012

Um livro de rochedos



“O bosque seria o Sacro Bosque de Bomarzo, o bosque das alegorias, dos monstros. Cada pedra encerraria um símbolo e, todas juntas, escalonadas pelas elevações onde milenários cataclismos as tinham atirado e firmado, formariam o imenso monumento secreto de Pier Francesco Orsini.”

Bomarzo (pp.528), Manuel Mujica Lainez. Tradução de Pedro Tamen. Sextante Editora.

parque dos monstros

I'm back
















Jack