junho 29, 2019

O que sabemos que sabemos, isto é, nada


Uma manhã de sábado, quando acontece, pode mesmo ser uma manhã de sábado. Como é sabido, não tenho muitas. Hoje, aconteceu: bebi café, fui comprar tabaco e o expresso por desfastio, lembrei-me que era o último sábado do mês e fui à arcada ver as velharias, as velhacarias, e alguns livros. Estes, mesmo edições recentes e encontráveis, custam tanto como nas livrarias. Encontrei, ou encontraram, um burro a ler (e não eram poucos livros) em barro. Quatrocentos paus, por ser para mim. Fugi. Dei comigo, corpo todo, na feira do livro. É verdade, temos uma feira do livro em Braga. Arranjei isto (antes de ir beber um ginger ale) baratinho:


arrisquei oferecer isto (um grande risco aquela capinha azul, vamos ver):



E agora vou fazer horas para ver Pop Dell´Arte...


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junho 24, 2019

Family guy




Com a vossa licença

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Passei o S. João a dormir. Comi uma barriguinha e uma febra grelhadas na frigideira especial. Bebi um pouco de vinho e uma ou duas cervejas. Vi o “Apache Branco” entremeado com outro qualquer que já não me lembro. Vi um documentário surpreendente no canal A Bola sobre o Chile de Allende, o golpe de estado de Pinochet e o famigerado estádio nacional: pátria de torturas, mortes, e alguns jogos de futebol. Não ouvi música, nem dentro nem fora. Não li. Vegetei o suficiente para ficar descansado. Depois passei o S. João a dormir. Muito bom.

junho 22, 2019

O menino que não bebia leite ao pequeno-almoço

A Bola

Caminhamos com ardor para a total imbecilização. Mas não me tinham dito que o país tinha mudado de nome para Benfiquistão. Fica perto do planeta Borat. 

junho 18, 2019

Joy Divison: 40 anos de prazeres desconhecidos (1979)



A melhor banda de sempre, no seu primeiro álbum de dois, entre outras coisas que lançaram antes e depois. Tenho tudo, acho, ou quase. Ainda tremo, literalmente, ao ouvir estas músicas.


This is the room, the start of it all
No portrait so fine, only sheets on the wall
I've seen the nights, filled with bloodsport and pain
And the bodies obtained, the bodies obtained

"Day of the Lords"

junho 15, 2019

Vítor Constâncio - poeta


Às vezes fico a olhar para um espaço vazio
e contemplo
CGD
quero dizer
Caixa geral de depósitos
não me lembro de alguma vez
ou mesmo outra
ter ouvido esse nome
esperaí já me lembro de alguma coisa
não me lembro não me lembro
nem me lembro
de outros bancos


esparaí esperaí
esparaí esperaí

junho 12, 2019

Néctar dos Deuses


Hoje dei por mim a correr com isto. Apareceu-me. Perdi a noção do tempo: Sometimes  / I feel like I want to live / Far from the metropolis / Just walk through that door...

Dava uma boa abertura de pista...

Inlocalizáveis


A propósito, quando a Ministra da Cultura, comentando as obras de arte do Estado afirma que algumas das peças não estão desaparecidas, apenas por localizar, não está, como muitos julgam, a politicar, ou a dar uma bacorada, isto não está ao nível das inverdades, não senhor; a Ministra da Cultura, pelo contrário,  está apenas a fazer-nos de totós. Ora, espero sinceramente que os votos nas próximas eleições não desapareçam, apenas fiquem inlocalizáveis. Pensem nisso. 

obrigado não, baixa lá as calcinhas, perdão, drop your drawers...



 Lisboa, Portugal (sacado aqui)

junho 09, 2019

A caminho da estantina (roubei esta ao Cão)

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De Beckett li com surpresa e prazer "Malone está a Morrer". Foi-me emprestado por um colega em Coimbra (onde andas colega? - colegas são as putas), o rapaz tinha conhecido uma rapariga (quem diria) e convertera-se ao vegetarianismo (por algum tempo). Assisti ao seu último coelho (mal estufado). Foi, talvez, durante esse coelho, ou depois, não sei, que cheguei a Beckett, ao "Malone está a morrer", lendo-o de fio a pavio, entre cervejas e uma ou outra bifana. Era comum ver Beckett na boca de alguns seres humanos em Coimbra, gente do teatro (salvo seja), gente dos lenços palestinianos, algures, da política radical de trazer por casa, em suma, malta que fazia de conta que lia e que era artista. Ficaram, até hoje, à espera de Godot. De Dario Fo não tenho (ainda) nada para dizer. Sério.

PS: esqueci-me do "Molloy". Malta alguém conseguiu acabar o Molloy?...

Todo o mundo sabe que



a Lua faz parte de Marte, e vice-versa, acho.

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junho 04, 2019

Agustina Bessa Luís (1922 - 2019)

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Assim de repente lembro-me de Fanny Owen. Se olharmos com atenção, Agustina aparecer-nos-à pelas feiras, relicários, alfarrabistas, saldos. Recordo, sobretudo, a sua biografia que fui conhecendo (ainda na li a publicada), mais mitos que outra coisa qualquer. O seu casamento, a leitura dos clássicos nas férias de Verão (e, já agora, durante o ano inteiro), antes de completar dez anos. Ela já sabia que a sua vida seria escrever. O resto, igualmente, seria alvo de planeamento férreo. Aqui e ali uma viagem à Grécia. E, sobretudo, escrever.  Mas posso estar enganado. 

junho 02, 2019

Na sua sala clara onde explodia a nota dum cadeirão amarelo, amarelo, amarelo



Vagabundear. Através de Edmund de Waal sigo o rasto de Charles Ephrussi, seu antepassado Judeu, milionário Dândi, amador de arte, primeiro proprietário da colecção dos netsuke, onde podemos encontrar a lebre de olhos de âmbar. Através de Charles, quer dizer, de Edmund, chegamos ao poeta Uruguaio recém chegado a Paris, secretário pessoal de Charles, Jules Laforgue. Estamos em 1881. O poeta morrerá em 1887 com apenas 27 anos. Tuberculoso. Procuro na memória, vou ali à internet. Encontro isto:

No infinito coberto de eternas belezas,
Como átomo perdido, incerto, solitário,
Um planeta chamado Terra, dias contados,
Voa com os seus vermes sobre as profundezas.

Filhos sem cor, febris, ao jugo do trabalho,
Marchando, indiferentes ao grande mistério,
E quando um dos seus é enterrado, já sérios,
Saudam-no. Do torpor não são arrancados.

Viver, morrer, sem desconfiar da história
Do globo, sua miséria em eterna glória,
Sua agonia futura, o sol moribundo.

Vertigens de universo, todo o seu só festa!
Nada, nada, terão visto. Partem do mundo
Sem visitar sequer o seu próprio planeta.

Chama-se “Mediocridade” e encontra-se por aí em sítios Brasileiros. A tradução é de Régis Bonvicino. Boa manhã de vagabundagem.

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Jules Laforgue