junho 02, 2019

Na sua sala clara onde explodia a nota dum cadeirão amarelo, amarelo, amarelo



Vagabundear. Através de Edmund de Waal sigo o rasto de Charles Ephrussi, seu antepassado Judeu, milionário Dândi, amador de arte, primeiro proprietário da colecção dos netsuke, onde podemos encontrar a lebre de olhos de âmbar. Através de Charles, quer dizer, de Edmund, chegamos ao poeta Uruguaio recém chegado a Paris, secretário pessoal de Charles, Jules Laforgue. Estamos em 1881. O poeta morrerá em 1887 com apenas 27 anos. Tuberculoso. Procuro na memória, vou ali à internet. Encontro isto:

No infinito coberto de eternas belezas,
Como átomo perdido, incerto, solitário,
Um planeta chamado Terra, dias contados,
Voa com os seus vermes sobre as profundezas.

Filhos sem cor, febris, ao jugo do trabalho,
Marchando, indiferentes ao grande mistério,
E quando um dos seus é enterrado, já sérios,
Saudam-no. Do torpor não são arrancados.

Viver, morrer, sem desconfiar da história
Do globo, sua miséria em eterna glória,
Sua agonia futura, o sol moribundo.

Vertigens de universo, todo o seu só festa!
Nada, nada, terão visto. Partem do mundo
Sem visitar sequer o seu próprio planeta.

Chama-se “Mediocridade” e encontra-se por aí em sítios Brasileiros. A tradução é de Régis Bonvicino. Boa manhã de vagabundagem.

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Jules Laforgue


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