junho 26, 2011

Pasmo mudo

Ontem: Noute. Quente, para não animar ninguém com vontade de “hostes”. E depois todo um programa semanal em que não participei, animei, ou sequer exclamei qualquer vontade, desígnio, ou empenho em verberar os hematomas de uma desgraça que, sendo alheia, é a própria, e a mais não serei obrigado. Posto isto, não reconheço a mudança.

Hoje, se calhar recordo que os “acontecimentos não aconteceram, estão à espera de acontecer no momento em que pensarmos neles”, relendo o “Austerlitz” de W.G. Sebald, e esperando subitamente melhores dias neste (outro) início de noite. Fui - evidentemente lá estive - à padaria, procurando a rosca e, ainda assim, na manhã quente desci e subi essa inclinada plataforma sem pensar em nada, atravessando um reservatório de calor e luz encoberto pelos muros e por um conjunto, segundo creio, de memórias, que me dificultaram, por momentos, atravessá-lo, sem que me detivesse por um momento. Chegado, recebi o chá numa ventura que encerrava trabalhos: carro; casa, livros; trabalho; discos…e um “pasmo mudo”?

junho 02, 2011

A minha flagrante incapacidade para aturar certas merdas: Parte II


isto é do Angeli

Na padaria arrisquei o pescoço com um papo-seco de água a 25 cêntimos o estouro. Mal cosido, entalou-se-me logo no gasganete à melhor de 4. Acrescentei o vício do tabaco, baratinho e pequeno, 3.50 Euros, num ruminar futuro de estacionar carros, saga infinita do tone da bomba, após um carregamento ínfimo no depósito, quase por aí a 1.4 a litrada, e já nem sorvi o jornaleco, nem fiquei para a final dos tremoços com finos a tiracolo. Cá fora, mas não muito, recebi um estalo da operadora dos sentidos, e o telemóvel foi logo desbaratado num sortido futuro com direito a ninfas e colóquios infinitos com o diabo. Tudo à borla durante uma semana, mediante um carregamento de mulheres virgens da polónia, via ryannar, sem passar no infortúnio de uma tarde de sábado na discoteca Tomadia, ali perto de Barcelos, onde passavam sempre os The Cure. Após 400 voltas na rotunda nova sem conseguir desmarcar-me para a saída nem tirar o pistolão mexicano, é já prestes e vomitar um rinoceronte de catarro, dei de caras com um sentido proibido novinho em folha e uns dizeres políticos, reconhecidos unanimemente como arte urbana. Acabei a almoçar num sítio que se via grego para nos explicar como pagar a conta, e com a Boémia 1835 a 1,20 a solha. Teso como um virote, acabei a tarde a trabalhar no local do costume, com cara de caso e uma fome catalisadora de experiências heterossexuais.