(fotografia: GP)
[Braga - 2012]
Companheiro de luta Vítor Gaspar: não se inquiete.
Folgamos saber que estamos de volta aos mercados, embora nós aqui em baixo,
verdade seja dita, nunca deixamos de fazer uma perninha nos ditos para
assegurar a paparoca, pese a nossa imperícia negocial na selva especulativa do
bife e da faneca do dia-a-dia, não imagina, a dona Lurdinhas e o Sebento são
uns demónios da fruta e dos vegetais perto do angelical Ricardo Salgado, cuja
cabeça desmemoriada associada à sua vida agitada na demanda do pão, o terá
levado a olvidar a declaração de míseros 8,5 milhões de euros ao fisco, é muita
penca, muita sardinha, muita couve-galega por declarar. Mas não se inquiete,
sabemos que solicitou mais tempo para nos poder enrabar com a delicadeza do
sangue frio, que isto de se mercadejar com o corpo é coisa velha de anos,
entrada nos tempos e com ramificações e devaneios em Bragança, Viseu e outras
devassidões e, assim sendo, o senhor conseguiu tornar o nosso país num imenso red light district, uma longa faixa de
meretrício, incorporando assim a nossa estratégia turística da perna aberta com
a nossa enraizada tradição religiosa, alicerçada no ajoelhou tem de rezar e no afamado posicionamento de missionário. De
resto, não fossem as provas resultantes dos testes com radiocarbono,
familiarmente conhecido por Carbono-14, duvidaríamos que o senhor, e as restantes
múmias que o rodeiam, alguma vez tivessem tido coluna vertebral, todavia, ainda
é cedo, segundo a comunidade científica, para sabermos com exactidão, se
estamos em presença de animais vertebrados, dotados – de forma inaudita que
seja – de uma qualquer espécie de cérebro.
PS: companheiro de luta Gaspar, gostará de saber que na nossa rua compramos nos saldos lâmpadas de luz vermelha para juntar aos
oleados, que isto de sermos empreendedores e startups não é tão complicado como
dizem. A rua vai ficar linda.