O crianço ia
medrando a bom medrar, muito vivo e esperto, os olhos pretos e grandes da mãe,
olhos que nem estorninhos às cerejas, de seu talvez o cabelo sobre o ruivo e o
queixo voluntarioso. Vira-o a primeira vez a burrinhar com a chucha na boca, e
o ranho como um pavio pendente, por entre as pernas dos fregueses, e
causara-lhe nojo. Em Braga, no Inverno, com tanta água pelos taludes, sem falar
na das pias bentas, o ar mefítico e salitroso dos claustros e igrejas,
nevoeiros de incenso, geravam-se epidemias de mormo, um mormo contumaz e
ecuménico, que resistia aos chás mais carregados de salsa-parrilha e
electuários do Curvo Semedo. O menino devia estar sob o cutelo desta epidemia,
donde o monco amarelo que lhe escorria pelo queixo e o fez desgostar da
paternidade.
“A casa grande de Romarigães” (pp.160) , Aquilino Ribeiro. Bertrand
Editora.
[imagem: capa do livro de Luiz Pacheco]
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