Companheiros de luta do governo: não se inquietem.
Aqui só visto: na rua e arredores é um correr de
carros que nunca mais acaba, montes deles até tem pequenas mensagens escritas,
como TRATA-SE, e depois um número de
telefone, este fenómeno também é observável em estabelecimentos comerciais e
habitações, embora com variantes expositivas, deve ser aquela coisa das redes
sociais. Por falar em rede, o que vier é peixe, a malta até está a pensar em
juntar o útil ao agradável e chamar à equipa do bairro os Trinca Espinhas
(também pensamos em Pele&Osso), atendendo às dietas malucas que fazem esses
tresloucados dos desempregados e pessoal do ordenado mínimo e, para além disso,
temos que seguir os sábios conselhos da companheira de luta Jonet e
habituarmo-nos a petiscar as espinhas, para sabermos como a vida é dura. Na
rua, de resto, vai tudo de vento em popa, recordar-se-ão dos oleados que
compramos nas promoções para irmos à pesca?,
– seguindo os conselhos do companheiro de luta Cavaco – saibam que também
os aproveitamos como gabardine para a chuva e como colete para o carro. À
noite, às vezes, fazemos umas corridas doidas, vestidos com os oleados
amarelinhos a servir de coletes reflectores, parece uma procissão, tão linda,
há mesmo malta que não os tira nem para dormir, aquilo dá um pijama muito
jeitoso, principalmente em casas como as nossas, com muita humidade. De resto os
vizinhos andam meio desencontrados, a Farrusca nem a vemos, deve andar a estourar
a reforma de trezentos euros, há até quem diga que já marcou mesa no réveillon
do Hotel Altis, a desvairada. Não sabemos é se deixam entrar malta vestida de
oleado. Mas pode ser uma festa temática, nunca se sabe. Bom ano.
[fotograma de Metropolis]