dezembro 22, 2012

O nada a avançado centro



A verdadeira alienação, a única que coloca um problema a Stirner, é a sua própria, enquanto sujeito existente, enquanto mónada. Nunca é a do colectivo humano. Deste modo, para quê suprimir a alienação religiosa, se é para logo a substituir pelo fetichismo do Homem, ou seja, do Outro, forma de idolatria mais refinada, sem dúvida, mas igualmente alienante, se não mais? De facto, «o divino olha para deus, o humano olha para o homem. A minha [Stirner] causa não é divina, nem humana […] não é geral, mas única, tal como eu sou único». Por isso, a recusa de todos os atributos genéricos, de todas essas entidades abstractas que são a Natureza humana, a Essência do homem, etc. O regresso ao Único, ao Eu sem conteúdo, ou seja, a nada: “fundei a minha causa sobre nada”…Mas este nada é o centro de tudo.

“História do Anarquismo” (pp. 145), Jean Préposiet. Tradução de Pedro Elói Duarte. Edições 70. 

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