maio 30, 2009

Buzinar o calhambeque bip bip bip

"Com que então vão-nos meter um chip nas matrículas dos carros. Vem no PÚBLICO de ontem. O PSD chamou-lhe um Big Brother rodoviário. Os autores do decreto-lei que não; que é só para cobrarem as portagens; controlarem o trânsito; lutarem contra o terrorismo e não sei que mais de bem-cheiroso e inocente.
Juram que jamais servirá para vigiar os cidadãos. Isso não. Só vai ter uma aplicação local, dizem. É estranho, porque há portagens em todo o país. E os chips, como sabemos das séries policiais, vão para toda a parte e fazem mipe-mipe-mipe no radar dos perseguidores.
Um cidadão vê logo – e com razão – a vida negra. Nunca mais poderá exceder os limites de velocidade. Nunca mais poderá ter uma amante local. E mesmo que consiga arranjar uma amante nacional, nunca mais poderá estar à vontade. Nunca mais poderá passear no carro de serviço. Ou cobrar quilómetros a mais. E quanto a ir despejar cadáveres às três da manhã, isso é que era doce.
É como as escutas telefónicas ou o cartão de cidadão. Ao princípio, ninguém chateia. Depois, há um crime horrível e abrem uma excepção. Vem uma crise económica – e começam a cobrar multas. A seguir, surge uma empresa perita em chips e divórcios, que descobre a tal amante em Ovar que custará milhões. Nunca mais acaba.
Já lá vão os tempos do ninho atrás da orelha: agora só descansam quando nos meterem um chip dentro da orelha, como fazem aos cães de raças perigosas. E ninguém morde? Acho que é tempo de começarmos a morder.
  “O coiote com bip bip”, Miguel Esteves Cardoso no Público 29/05/09

Eu acrescentaria ainda as câmaras de vídeo vigilância (quem vai fiscalizar no nosso quintal a informação recolhida?); acrescentaria o controlo das roupinhas das meninas da loja do cidadão e dos alunos nas escolas, já para não falar das perniciosas e destemperadas feiras do livro, que convidam à devassidão dos sentidos e outros males, onde o menor desses, não será, certamente, a própria leitura…

maio 29, 2009

"Passos de cavalo sobem no vale solitário"...

"É ele mesmo, agora que está mais próximo é fácil reconhecê-lo, e no seu rosto não se lê nenhuma tristeza especial. Não se rebelou, pois; não pediu a demissão, engoliu a injustiça sem uma palavra e está de volta ao seu posto. No fundo do seu espírito grassa até a pávida satisfação de ter evitado mudanças bruscas de vida, de poder instalar-se de novo nos seus velhos hábitos. Ilude-se, Drogo, com a ideia de uma gloriosa vingança a longo prazo, julga ter ainda uma imensidade de tempo à sua disposição e renuncia assim à luta miudinha pela vida de cada dia. Há-de chegar o dia em que será generosamente recompensado, pensa. Mas entretanto os outros antecipam-se, disputam avidamente a passagem para serem os primeiros, superam a correr Drogo sem tão-pouco lhe darem atenção, deixando-o para trás. Ele vê-os desaparecer ao fundo, perplexo, assaltado por dúvidas insólitas: e se de facto estivesse enganado? Se não fosse mais do que um homem comum, a quem, por direito, cabe apenas um destino medíocre? "

"O Deserto dos Tártaros"
(pp. 167), Dino Buzzati, Cavalo de Ferro, tradução de Margarida Periquito

Síndrome da rinoconjuntivite alérgica

Odeio a Primavera, mas gosto de sol e passarinhas.
Ao gato as estações são indiferentes mas gosta de sol e
passarinhos

maio 27, 2009

Prémio "Laurinda Alves" I

Vai (em exequo) para o tratamento do caso Alexandra pela estação televisiva SIC, e para o merceeiro meu vizinho que vende às velhinhas fruta e legumes podres a preços muito em conta. Bem hajam…

Contei eu...e ainda não me recompus!

Os primeiros longuíssimos quarenta e cinco minutos do jornal da tarde da SIC foram consumidos em apenas dois temas (notícias?): o caso Alexandra (cerca de 30 min) e o sr. Oliveira e Costa (15 min), este último, recentemente galardoado com o prémio Vale e Azevedo. Depois foram para intervalo(!) e aproveitei a pausa para atirar o calmante pela janela fora e fugir…

Prémio "Vale e Azevedo" I

Vai para Oliveira e Costa e Dias Loureiro em exequo - e a pedido do próprio – para Vale e Azevedo…

maio 25, 2009

"Este país está a saque" sempre disse o AFMACH


Quinze minutos de programa da Dona Fátima e já vomito a massa com carne de vaca, entremeada, salsicha fresca, couve e cenoura do jantar. Houvesse vinho e lá estaria a colorir as devassas, juntamente com meio Cutty Sark e uma cervejita a go go. Isto de por na prateleira informativa o sr. Antunes da neurologia tia, o sr. Laborinho e aqueloutro com nome de vinho com 25 anos, não lembra nem sequer ao pedagogo do estrago da nação. Gajos, cujo contacto com a humanidade crua e dura, já para não falar da realidade, se resume a hematomas na agenda diária, entre duas conferências, um consultório e três perspectivas sóbrias acerca das partilhas sentimentais de um nome penhorado na península cor de rosa, dissertam, engravatados, sobre um tal de pessimismo latente que compete contrariar em nome não sei de quê, e mais qualquer coisa que é preciso fazer para não sei o quê. Entretanto, parece que encontro, não sem optimismo, um não sei o quê de vinho tinto no vómito, talvez de outra quimera, talvez…mas foram apenas 15 minutos...

Por acaso nunca tive isto em cassete...

maio 22, 2009

Vitor Constâncio, o Cristiano Ronaldo da banca: vá para fora cá dentro


Nem todos os nossos players precisam de conhecer uma carreira no estrangeiro para ganhar muito dinheiro. Não. Veja-se o caso de Vitor Constâncio, governador do Banco de Portugal, o terceiro mais bem pago do mundo. E aprestava-se, ele e os seus companheiros de direcção, para receberem um aumento de cerca de 5 %. O Ministro das Finanças, ao que parece sem se rir, disse desconhecer a tramóia, e logicamente vai impor um travão. Penso que… 

maio 21, 2009

É o nosso fado?

Tenho andado, por motivos de trabalho e por curtição, a deambular pelo século XIX (português e não só), principalmente na segunda metade deste, com investidas à primeira metade (ali acabo “A Revolução Liberal (1834-1836) – Os Devoristas”, de Vasco Pulido Valente), e dou por mim a estampar-me contra o séc. XVI, ou se quisermos, o começo da nossa bolha anafada da decadência e pobreza endémicas. Se tirarmos o gadget, está lá tudo.
Mesmo passando parte significativa do meu tempo (restante) a dormir e a tentar esquecer os breves, mas tenebrosos momentos, que contemplei do festival eurovisão da canção, versão para idiotas além fronteiras (interrogo-me se o Benfica, pelo menos aqui, conseguirá no futuro a qualificação para a 2ª pré-eliminatória), ainda assim, reparei que o meteoro Bairro da Bela Vista se eclipsou sem deixar rasto. Retirando a poeira mediática, o que resta é o que lá estava antes: os supostos gangues e os outros todos; o desemprego e a pretensa insegurança; a fealdade e o estigma; alguns caixotes do lixo e o esquecimento. Nada se achará. Entretanto temos o caso da gravação da insânia da senhora professora, como ontem tínhamos os casos das gravações áudio, vídeo, envelope azul, disquete, e até material confidencial encontrado no caixote do lixo. Isto é, batemos duas à pala da forma e do formato e desprezámos o conteúdo. Parir-se-á mais um rato, se deus quiser.
Na padaria entre os bolinhos da crise e um velhinho abandonado aos cuidados de uma filha desnaturada, determina-se à melhor de três, qual fará melhor, se o pão integral (ou da saúde) ou o saloio, desde que feito como deve ser; e há quem sustente que o sr. Dias deixem-me ser presidente do Sporting por favor Ferreira, atirou-se a ele próprio pelas escadas abaixo, não tendo existido qualquer agressão. De outro modo, “como poderia o agressor ter passado pelo porteiro e vídeo-vigilância?”, perguntava o Gusto das camionetas, enquanto mandava um MMS à sogra. Além, soube-se que o caso Lopes da Mota não tem fim, e até já ultrapassou o Freeport em olheiras. Não é para menos. O sr. Lopes agarrou-se à Mota e anda por aí às voltinhas. Não há-de ser nada.

adenda: imagem, "O Fado", José Malhoa, 1910

maio 16, 2009

Um homem como “todos nós”, as suas mulheres e os fãs-eleitores


Estou certo que poucos o lêem. Escreve, segundo percebi, quinzenalmente, na revista Visão, que há muito abandonei, e à qual agora recorro para sacar uns filmes do Almodóvar a preço de ocasião. A revista está pejada de publicidade e as suas capas revelam-se irritantemente coloridas, aliás, como grande parte do interior, este último, polvilhado de uma ou outra reportagem, alguma análise e crónicas, e muita noticiazinha recorte, para além de curiosidades. O José Gil é um pouco diferente. O pensamento, a reflexão sustentando a análise, não são apenas incomuns, são raríssimos, neste cadinho mediático cevado pela pose e pela aparência. Esta semana, em linguagem simples (com a escolinha actual não sei se inteligível), assina o texto mais estimulante da revista. Deixo aqui, apenas, um cantinho para ponderação:

"Berlusconi é, nesse aspecto [controlo espaço político mediático], exemplar: da exploração mediática das suas operações plásticas e truques cosméticos à escolha de mulheres (modelos, actrizes) apenas pela sua beleza (e poder mediático) para deputadas, até às suas gaffes habituais (como comparar os campos dos sinistrados da L’ Atila com campings de fim-de-semana), tudo revela a transformação do acontecimento político em pura trivialidade. Como? Trazendo o trivial para o plano da política, e apresentando o processo como uma democratização da liderança. O líder tornou-se actor ou performer de um espectáculo em que tudo é político – voltamos ao corpo sagrado do rei das realezas mágicas ou dos impérios orientais (Berlusconi não é apelidado, além de cavaliere, de imperador?) (…) A ética foi absorvida pela estética da imagem a qual depende de uma vasta rede de relações de forças – em que age profundamente a vocação das novas tecnologias em «mostrar tudo». Estamos longe da ética das forças vitais. Esta foi virada do avesso e a livre expressão das forças foi substituída por uma máquina de captura: a imagem do chefe produz milhões de fãs-eleitores."

José Gil, Visão, 14-05-09

De resto podem sempre ler Baudrillard, ou, em último caso, escrever um livro. Que esperas Mara Carfagna?

Adenda: Mara Carfagna (a menina da imagem) é Ministra para a Igualdade de Oportunidades do governo Berlusconi. Não esperem, da minha parte, nenhum trocadilho sobre a ministra, ou sobre a igualdade de oportunidades, não esperem...

Foi a 15 de Maio de 1964



Fez ontem 45 anos. O fabuloso Cantinho do Morais, que deu a taça das Taças ao Sporting. Parece que a terra estremeceu e verde se tornou.

maio 14, 2009

E tudo assim, desde tempos imemoriais

Passarão dias antes que Drogo perceba o que aconteceu. Então, será como um despertar. Olhará em redor, incrédulo; depois sentirá um rumor de passos que se aproximam atrás de si, e verá os que despertaram primeiro que ele correndo ofegantes e ultrapassando-o para chegar cedo. Sentirá o pulsar do tempo a marcar avidamente o compasso da vida. Às janelas já não se assomarão figuras risonhas, apenas rostos sérios e indiferentes. E se ele perguntar se ainda falta muito para chegar, também estes farão um gesto a indicar o horizonte, mas desprovido de bondade e alegria. Entretanto perderá de vista os companheiros, um porque ficou para trás, exausto, outro porque se adiantou, fugindo, e agora não é mais do que um ponto minúsculo no horizonte.

“O Deserto dos Tártaros” (pp. 51), Dino Buzzati, tradução de Margarida Periquito, Edição Cavalo de Ferro,  2005

maio 11, 2009

E agora, como dizem alguns comentadores: nem tão pouco mais ou menos

Não vou perder tempo com as cerca de 20 000 almas (afora as penadas) que assistiram no estádio de Alvalade ao jogo Liedson 2 - camioneta de Setúbal 1, nem vou sequer aludir ao facto de que, horas antes, a rapaziada da luz se esvaziava perante 15 000 almas em mais alguma festarola de coiratos à borla. Não perderei tempo com a conquista de mais um letreiro a dizer tetra por parte de um clube qualquer da região norte do país, nem aludirei ao facto de, na Galiza, mais concretamente em Santiago de Compostela, terra de peregrinações, santos e ruas medievas, esquecendo-se religiosamente da sua vocação, se ter inaugurado o Parque Zeca Afonso (se fosse em Braga a placa, e provavelmente o parque, seriam detidos para averiguações por 3 agentes da especialidade). Também não perderei tempo com o Tony capacho Blair, que ontem nos visitou, curiosamente sem o sr. Bush às costas, mas certamente com o sr. Cherne por perto; nem o farei com o sr. Pinho que vai começar a sair nas embalagens de Skip de 20Kg, nem sequer com a errática corrida de tachos das europeias. Não. Tão-pouco se trata do bairro da Bela Vista, que de belo não tem nada, assemelhando-se a um meteoro sujo, a que só agora reconhecem a síndrome da garrafa de coca-cola caída do céu (do Gente Gira).
Trata-se de uma frase. Uma frase encontrada num livro do Proust (que ainda não acabei nem sei se vou por aí), intitulado “Do Lado de Swann”, Vol I, de “Em Busca do tempo perdido” traduzido por Pedro Tamen e que me assentou a seguinte bofetada (entre outras): “Por vezes, tal como Eva nasceu de uma costela de Adão, durante o sono nascia-me uma mulher de uma falsa posição da coxa.”. Esta merda, lida na altura certa pode mudar a vida de um gajo e já agora fazer desistir muitos outros de escrever uma linha que seja. Dali, do quarto de Proust, sai uma linha recta até, calhando, à obra do Lobo Antunes, cujos belíssimos títulos já não conseguem (actualmente) sustentar os cartapácios a que vêm acoplados, embalados em balões de soporífero.

maio 08, 2009

Vasco Granja e os serões com cheiro a toalhas de croché

(1925-2009)
Morreu o Vasco Granja. Já sei, já sei, que foi há uns dias, mas não me apeteceu escrever nada logo, a seco. Pensei que outros estariam mais habilitados (por o haverem conhecido), a escrever o seu obituário. Suponho que me enganei. Alguns dos paralíticos da memória, intelectualmente robustecidos a farinha maizena (vocábulo em voga) costumam arrumar o Vasco na prateleira dos “camaradas”, “vermelhos” e da animação polaca e da ex. URSS. Por vezes, imagino, até lhe batiam nas costas. Agora, imbuídos do espírito rasteiro do relativismo pós-moderno, caçoam da própria liberdade (que sonham castrar) e fazendo jus à sua ignorância tremenda, esquecem-no. Ainda bem que te esquecem Vasco. Olha o que te digo, ainda bem que te esquecem. Sucede ainda que o Vasco integrou com o seu programa denominado Cinema de Animação (que durou de 1974 a 1990, entre muitas outras coisas que fez na vida), um elenco televisivo que foi, e ainda é, um lastro portentoso de, se quiserem chamar-lhe, conhecimento (o termo cultura está definitivamente morto) e do nosso imaginário. Não era, como hoje, necessário estar perto de um cine clube para conhecer o cinema que se fazia pelo mundo. Ali descobri Samuel Fuller, Herzog, Fassbinder; vi e revi Fellini, Pasolini e Rossellini. Voei nas “Asas do desejo” e ainda tive tempo para rever em ciclos a cinematografia de um determinado actor ou um realizador. Orson Welles e a “Sede do mal” bateram como uma barra de ferro na minha cabeça. As histórias de Hitchcock. A Twilight Zone. O detective Columbo. Quem matou a chabala, no denaneio do Lynch? E muitos mais. Alguns livros, ainda. Coisa pouca, era pedir demais. E acontece que ainda havia o “Acontece” melhor que o nada ou o não acontece de hoje. E as pessoas viam, experimentavam e, claro, seleccionavam. Hoje tudo isto é possível apenas em locais que normalmente se chamam espaços, atravessados por determinado conceito e conteúdos, onde a malta vai, com a postura e estilo adequados, a preceito. Berdamerda.

maio 04, 2009

"Já tenho uma certa idade"?


Após um bacalhau com todos, acompanhado de um branco simpático (e mais qualquer coisa depois), entremeado com dois ou três singelos pensamentos, paralelos ao sonho, e alguns cogumelos televisivos de passagem, eis que:

As minhas primeiras emoções haviam sido de pura melancolia e da mais sincera piedade; mas à medida que o desamparo de Bartleby crescia e se desenvolvia na minha imaginação, essa mesma melancolia transformou-se em medo, aquela piedade em repulsa. Tão verdadeiro ele é, e tão terrível também, que até certo ponto o pensamento ou o espectáculo da miséria ganha o melhor dos nossos sentimentos; mas, em certos casos especiais, para além desse limite não. Erram quantos afirmam que tal se deve, invariavelmente, ao egoísmo inerente ao coração humano. Antes tem a origem num certo desânimo, incapaz de remediar um mal excessivo e orgânico. Para um ser sensível, a piedade é, não raras vezes, sofrimento. E quando finalmente entende que uma tal piedade não pode levar a uma efectiva ajuda, o senso comum obriga o espírito a ver-se livre dela. O que eu vira naquela manhã persuadiu-me de que o escrivão era vítima de um incurável e inato desconcerto. Podia dar esmolas ao corpo, mas não era o corpo que lhe doía, era a sua alma que sofria, e essa alma eu não a alcançava.  

"Bartleby", Herman Melville, Tradução Gil de Carvalho

maio 02, 2009

Ai meu lindo 1º de Maio, contigo passo o ano inteiro a sonhar

"Falência", Gonçalo Viana, revista Visão (30-04-2009)

Enquanto se gaseiam e esfumam os últimos trabalhadores (e empregos), ou, como se diz agora, se reciclam, transformando-os em líquido desinfectante de calçadas; enquanto se utilizam criancinhas saudando o Magalhães e o sr. eng. em tempos de antena eleitorais sem a devida autorização dos pais (mas com a autorização do Ministério da Educação – como?); enquanto se aumentam 55 vezes as possíveis contribuições em dinheiro vivo para os partidos (quem e como será isso controlado?); enquanto isso, esmiúçam-se umas quase marteladas no senhor professor (que lá estaria com a sua bandeirinha em campanha) e na padaria diz-se que a filha da Miquinhas retornada está grávida (dizem as más línguas e as outras todas). É um corrupio de sussurros, de toques no braço, de “eu não tenho nada com isso, mas os bebés não vêm do nada e o sr. professor também não merecia aquilo”. Esta nova ideia peregrina e modernaça da morte das ideologias, das manifestações a régua e esquadro, assépticas e dentro do sistema, tentando e, não raro, conseguindo, o entretenimento em mesinhas de negociata, amaciando os denominados interlocutores com a tal de causa pública, sentido de estado e regras de boa convergência democrática, ainda nos levarão a uma latrina pior. É limpinho.