fevereiro 28, 2009
Isto a propósito de o coliseum este fim-de-semana estar sedeado em Espinho e
...alguns dos congressistas da “esquerda moderna” terem ficado no mesmo hotel do F.C Porto
fevereiro 27, 2009
Mendigos e Altivos
Entretanto joga-se no loto e este fim-de-semana é garantido um coliseum cheio.
fevereiro 26, 2009
coisas do espírito
Endurece as veias
Rasga e borda seu nome
nas sobras do corpo
cingindo-o
Um rosto de pedra
assoma
e mais além cresce
Tudo isto na sombra
de perfil
rente à abóbada de um segundo
"e as paredes brancas", II Poema, in "Poesia em Miniatura" de Fernando P. Ginja, poeta e amigo, desaparecido algures no mundo, qual Rimbaud intrépido, sem arma a tiracolo e bem capaz de se amarrar a qualquer galho.
adenda: imagem cedida por casoual.files.wordpress.com
fevereiro 24, 2009
uma patuscada de libido
A pândega é todo o ano. Depois do sr. Névoa ter sido condenado em tribunal a pagar 5 mil euros de multa por sido dado como provado o crime de corrupção activa para acto lícito (a coisa parece que é diferente quando há tentativa de corrupção activa para acto ilícito – isto tem qualquer coisa de obsceno) e o dito sr. grunhir que não terá cometido nenhum erro (assim sendo vai continuar a fazer o mesmo), eis que na mesma cidade do sr. Névoa, Braga, a PSP apreendeu numa feira de livros de saldo alguns exemplares de um livro sobre pintura. A polícia considerou que o quadro do pintor Gustave Courbet, reproduzido nas capas dos exemplares, era pornográfico, adiantou uma fonte da empresa livreira. Como? Apreendeu? Sem rir, ia referir que o referido quadro até está exposto num museu, mas depois recordei a censura (mais tarde deu-se o dito pelo não dito) carnavalesca no caso Magalhães e fui fazer as malas…
fevereiro 23, 2009
na pele de um comentador: o carnaval aqui não é todo o ano?
adenda: não confundir carnaval com entrudo
fevereiro 22, 2009
fevereiro 21, 2009
fevereiro 19, 2009
junto ao osso
Depois lembrei-me que os Smiths até têm uma música (creio que se chama "That Joke isn’t Funny Anymore") em que o Morrisey canta com indolência a queda, a sua e a dos outros. Ele viu-os. Por isso já nem é anedota e por certo não terá piada pois é demasiado perto de casa (lar) e junto ao osso. Ia a pensar nisto quando me ocorreu que já tinha pão em casa, logo não precisava de ir à padaria, e que todos estes pensamentos, afinal, me recordavam outras caminhadas sem norte que as valha. Decidi continuar quando reparei que a minha t-shirt nova (que não largo há 3 dias) se enquadrava bem neste passeio labiríntico que é a vida. Pensei em Sebald, nas suas intermináveis caminhadas, nos seus medos e nos encontros e desencontros da sua escrita. Mais uma encruzilhada e de repente tudo coincide num ponto. Chegado a casa optei por adiar a sandes estratosférica que ando a congeminar, devidamente encaixada numa base de dados de sandes que estou a criar e a compilar para quando concretizar o sonho de ter uma roulote de comes e bebes com música e biblioteca chamada “Andanças com Heródoto e Borges” (o nome é roubado). Dizia eu que adiei a sandes e abri um livro e li: Para onde vão eles, os mortos de Buenos Aires e São Paulo, da Cidade do México, Lagos e Cairo, de Tóquio, Xangai e Bombaim? Um mínimo, talvez para a cova fria. E quem se lembra deles, quem se há-de lembrar? Recordar, guardar e conservar, escreveu Pierre Berteax já há 30 anos sobre a mutação da humanidade, só teve uma importância vital num tempo em que a densidade da população era baixa, poucos os produtos que fabricávamos e só o espaço era abundante. Não se podia prescindir de ninguém, mesmo depois de morto.
Isto escreveu-o W.G. Sebald num texto denominado Campo Santo, que faz parte de uma compilação homónima editada pelo teorema. Decidi voltar à confecção da sandes.
fevereiro 18, 2009
fevereiro 17, 2009
cantavam os TAXI: quem vê TV sofre mais que no WC
fevereiro 16, 2009
"ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste..."
As paixões dormem, o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. A mesma teia pegajosa envolve e neutraliza, e só um ruído sobreleva, o da morte que tem diante de si o tempo ilimitado para roer. Há aqui ódios que minam e contraminam, mas como o tempo chega para tudo, cada ano minam um palmo. A paciência é infinita e mete espigões pela terra dentro: adquiriu a cor da pedra e todos os dias cresce uma polegada. A ambição não avança um pé sem ter o outro assente, a manha anda e desanda, e, por mais que se escute, não se lhe ouvem os passos. Na aparência é a insignificância a lei da vida: é a insignificância que governa a vila.
"Húmus", Raul Brandão
fevereiro 13, 2009
o dia a dias
"Persepolis", adaptação da obra homónima de banda desenhada da iraniana Marjane Satra. Realizado e escrito por Marjane Satra e Vincent Paronnaud (2007). Ímperdível, mas não passa (nem passou) em todos os cinemas. Resta o circuito DVD.
A história recente do Irão (eu prefiro Pérsia) cruzando-se com a história de uma mulher. O país e a mulher estilhaçam-se. Até hoje. Estão longe e ao mesmo tempo perto um do outro. Foi Italo Calvino quem nos revelou que a cidade não nos conta o seu passado, antes contém-no como as linhas de uma mão. O mesmo se passa com o ser humano: cada ruga, cada sinal, cada olhar, contém o seu passado. No final, como insinuava Borges, cada rosto é um mapa. Cada sulco deste, uma linha que encerra uma história.
Pouco, ou nada, se sabe a ocidente desta Pérsia de hoje como da de ontem. Num fabuloso romance histórico “Criação” (Edição Dom Quixote), Gore Vidal transporta-nos para o império Pérsia do século V a.C., cruzando Dário e Xerxes, seus soberanos, com Buda, Confúcio, Heródoto, Péricles e Sócrates. Um dos períodos mais estimulantes da humanidade. O protagonista do romance é neto do profeta Zaratustra e embaixador da Pérsia. Viajante incansável, oferece-nos uma perspectiva notável da época, ao mesmo tempo que nos revela as tradições e a história de um império gigantesco às portas da Europa. Sem esquecer a fundação de Persepolis, a cidade dos reis, hoje um gigantesco museu ao ar livre.
fevereiro 06, 2009
a sua passagem por cá não foi "inútil"
Achei estranho ontem à noite passar os Cramps na rádio. Até comentei isso. Hoje soube porquê. Morreu Erick Lee Purkhiser, ou melhor, Lux Interior, fundador e líder dos Cramps.
fevereiro 05, 2009
um processo: uma estória contada de memória e em cima do joelho
Na rua o investigador meteu a viola ao saco. “Basta um E-mail”, pensou…
No dia seguinte enviou o tal E-mail explicando a situação ao pormenor incluindo a deslocação ao local, afinal desnecessária, e descrevendo com minúcia o que pretendia e a sua disponibilidade. Dias passaram. O investigador convence-se que o trabalho na instituição deve ser sufocante para nem sequer haver tempo para responder. Mais uns dias e ele decide-se por…enviar outro E-mail solicitando a visita e enviando o anterior em anexo. Mais uns dias. E outros. O investigador telefona. Ninguém atende, uma, duas, três vezes. Finalmente uma voz ensonada, que no entanto ganha logo tom de funcionalismo público, responde do outro lado. Ele expõe a situação. Ela deixa-o expor. No final diz-lhe calmamente que, enfim…vai “falar com uma colega”. “Só um segundo”, diz. Volta mais tarde e aplica o mesmo “só um segundo, sim” mas este com música. De volta à música explica que de momento não pode ajudar porque a “colega dos E-mails está ao telefone…será que pode ligar mais tarde?”. “Colega dos E-mails?” rosna um já completamente desorientado investigador… “colega dos E-mails?...” ainda se ouve. Entretanto após várias tentativas para obter ligação telefónica, parece que o investigador optou (e a nosso ver bem) por dirigir-se ao local mais uma vez e, não obtendo resposta concreta, contactar “alguém” que já lá tenha estado ou “conheça” aquilo por "dentro". Não basta fazer obra, edificar, ter ideias. Andamos nisto das ideias e da obra há séculos. simplesmente é necessário que as coisas funcionem. E já agora as pessoas saberem, em cada local, o que estão ali a fazer…