"Persepolis", adaptação da obra homónima de banda desenhada da iraniana Marjane Satra. Realizado e escrito por Marjane Satra e Vincent Paronnaud (2007). Ímperdível, mas não passa (nem passou) em todos os cinemas. Resta o circuito DVD.
A história recente do Irão (eu prefiro Pérsia) cruzando-se com a história de uma mulher. O país e a mulher estilhaçam-se. Até hoje. Estão longe e ao mesmo tempo perto um do outro. Foi Italo Calvino quem nos revelou que a cidade não nos conta o seu passado, antes contém-no como as linhas de uma mão. O mesmo se passa com o ser humano: cada ruga, cada sinal, cada olhar, contém o seu passado. No final, como insinuava Borges, cada rosto é um mapa. Cada sulco deste, uma linha que encerra uma história.
Pouco, ou nada, se sabe a ocidente desta Pérsia de hoje como da de ontem. Num fabuloso romance histórico “Criação” (Edição Dom Quixote), Gore Vidal transporta-nos para o império Pérsia do século V a.C., cruzando Dário e Xerxes, seus soberanos, com Buda, Confúcio, Heródoto, Péricles e Sócrates. Um dos períodos mais estimulantes da humanidade. O protagonista do romance é neto do profeta Zaratustra e embaixador da Pérsia. Viajante incansável, oferece-nos uma perspectiva notável da época, ao mesmo tempo que nos revela as tradições e a história de um império gigantesco às portas da Europa. Sem esquecer a fundação de Persepolis, a cidade dos reis, hoje um gigantesco museu ao ar livre.
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