Em suma, publicidade e marketing do mais tasqueiro a descorçoar o Dr. Salazar, à melhor de três, com vivas e ais devidamente seccionados. O novo sinal da cruz. Ajoelhem e rezem. Ficará tudo na mesma.
julho 31, 2008
O hematoma e o caçador de calosidades: I will be back
Em suma, publicidade e marketing do mais tasqueiro a descorçoar o Dr. Salazar, à melhor de três, com vivas e ais devidamente seccionados. O novo sinal da cruz. Ajoelhem e rezem. Ficará tudo na mesma.
As Pupilas do senhor Reitor
julho 28, 2008
Dos sonhos e da memória
Depois de mais uma viagem em terras lusas, desta feita, sem desprimor, acompanhando os montes e vales da Beira interior até Espanha, por entre esqueletos de castelos e memórias cauterizadas pelo fogo e pelo sol, Alfredo rejubilou, ninguém sabe bem porquê, com o regresso. Alfredo é bem capaz de ser um conservador altivo com laivos de anarquista desprendido. Às vezes é outra coisa qualquer olhando-se ao espelho. Fui a sua casa e a inicio nem uma palavra. “A memória de Alfredo está fraca”, disse-me a sua companheira. Rimo-nos os dois. Entrementes, Alfredo poisava a mão na palmatória. “Que tal?” arrisquei, curvando-me para o observar no seu nicho acolchoado. Alfredo olhava a janela. “Sabes, hoje vim para trás duas vezes, a casa, duas vezes, observa bem, para verificar o verificado: se a puta da torradeira estava desligada?... se o não estivesse, oh, sim, se não estivesse devidamente desligada, não estaria a casota a arder, a arder como uma desvairada, não me dizes? Fechei todas as torneiras, fechei a água no exterior da casa, estive quase para remediar-me, bem o sabes, a tolher-me de coragem e sem escrúpulos incentivar a caracoleta do andar de baixo ao crime. A senhora arcaria com as consequências, ficaria responsável pela casa, que até é sua, e eu planearia ao pormenor a destruição da dita. E estaria a milhas. E estaria livre”. Alfredo, ao acabar de falar, em êxtase, levantando-se de um trago, dirigiu-se-me com um olhar triste de cão amarelo: “ O pior, sabes, o pior, é que não passou tudo de um sonho, inclusive o retorno a casa, mas que depois não chegou ao concreto, isto é, a coisa não chegou a rebentar, mas o plano estava traçado, definido ao pormenor do osso”. “E então”? perguntei em piloto automático. “ E então, meu amigo, não me recordo de mais nada…”
Saí de casa do meu amigo Alfredo com um rumo definido. Contornei a padaria fechada e segui a rua do costume, sem pressas, recordando, não sei bem porquê, apenas um olhar triste de cão amarelo. Agora, aqui sentado, não sei bem se não terei sonhado tudo isto.
julho 25, 2008
julho 23, 2008
A Oeste nada de novo
Na TV, uma série a desoras (e com variações de dia para dia), apresenta um Thomas Moro beato com o Rei Henrique VIII numa eterna passerele. De resto, a sombra da bola a cauterizar os cérebros; o Sr. Eng. abrindo a perninha ao amigo Angolano; duas fabriquetas a fecharem, um ou outro passaroco a massacrar a antena com desvarios à língua portuguesa e o Sr. Presidente a promulgar o regabofe futuro da dita. Na padaria, lá estava a Maddie. Em casa também. Parece que um senhor escreveu um livro sobre o assunto. Nada de novo.
Se querem descansar, aluguem um quarto num museu.
julho 22, 2008
Entre "Os Irmãos Karamázov" Volume I e II: Sebald
julho 17, 2008
julho 14, 2008
Where is my mind?
Já em casa recordo aquela frase do palhaço, cobarde, patético e devasso de capoeiras, Fiódor Pávlovitch ("Os Irmãos Karamázov"), referindo que “o povo Russo deve ser açoitado”. Precisa disso. O povo português dá-se bem com umas boas pancadinhas, entremeadas de misérias, desde que, devidamente avinhadas. “Do mal, o menos”. Com esta me caçou a Dona Rosinha, ia eu a entrar em casa.
julho 13, 2008
Tentei recordar o sonho...
Hoje acordei no animatógrafo. O filme, dentro de um filme, consistia numa vontade indómita de adormecer para continuar a sonhar. Ou melhor, sonhava que deveria adormecer para continuar a sonhar. Ao acordar, recordei, ao de leve, uma marquise antiga. No sonho (ainda) continuava um combate entre forças inexplicavelmente familiares. Ao acordar outra vez, com os sinos da igreja a estrondear-me nos ouvidos, esclareci de mim para mim que, hoje, talvez devesse silenciar os impulsos que ao crepúsculo me conduzem ao crime, contra mim mesmo.
Ter-se-á seguido mais um silêncio, estoutro, decalcado de alguns quadros alheios, que me conduziu à mesa da cozinha e depois ao terraço. Lá fora, a missa na TV da vizinha justificava a sua falta à igreja matinal. Galinhas, além, e um ou dois melros, misturaram-se com o meu chã preto. Afinal era domingo. Dia de rosca.
Dei por mim, não sei bem como, outra vez na cama, com Vertigens. Impressões de W.G Sebald (das quais falarei quando me aprouver), entre as mãos. Tentei recordar o sonho...
julho 11, 2008
Da madrugada...
julho 10, 2008
Cinema, livros, viagens, reflexões...
Regressei ao século XIX de onde nunca deveria ter saído, e passei incólume por uma cidadezinha e um mosteiro. Dali vislumbrei, se não estou em erro, São Petersburgo e Fiódor já envelhecido. Pensei então em Cesário e acrescentei : o mundo!
Depois, quase bem sentado, infalivelmente sentado, passeei os olhos em redor dos quintais sustentando-os firmemente até à pedra, milhares de pedras em uníssono autorizando um muro e todo um convento. Uma cidade religiosa. Pousei então o olhar no cantinho superior esquerdo (como daqui o esboço), bem junto aos escombros de uma casa, e dirigi-o ao ponto em que me encontrava e escrevia ponto. E continuei a ter vertigens e impressões com Sebald.
À noite, noitinha, revisitei Fritz Lang, após um curto, enigmático e amorfo jantar. No escuro enlevado ainda de amarelos desmaiados da orla do dia, escolhi o “Testamento do Dr. Mabuse”.
julho 09, 2008
Contos de Água e Areia
julho 05, 2008
Não confirmo nem desminto...
julho 03, 2008
julho 01, 2008
Aconchego sem asas
“É a vidinha”, repete-se em sonolência nas ruas. Hoje acomodei-me à porta da padaria. Não entrei. Evoquei, por momentos, o meu bom amigo Alfredo, sinalizando os dias com um “nunca pouso a vida por detrás das costas”. Dostoiésvski enxerga-o quando concebe que a vida é o menor dos sacrifícios. Ia neste enlevo, marejado de final de tarde, tinindo ainda na minha cabeça os invariáveis dias, assentes no “tempo que está a mudar”, ou “não tarda trovoa” ou “eles [da meteorologia] dão chuva”, quando decidi acarretar um novo tinto bruto Cabriz (do Dão) para acariciar o palato saudando a noite.
Assaltei depois uns pensamentos óbvios sobre a bovina e oleada matriz da poesia portuguesa: poetas sistema; poetas bolsa; poetas a receberem em casa poetas; bibliotecas resma e mais familiares poetas - a poesia hereditária. Celebrei de memória Alfredo, sem nuvens, recusando-se poeta e escondendo a verve na caneta alheia. Cheguei a casa e recolhi o tinto ao desmaio do frigorífico. Encontrei Alfredo na prateleira da alma. Telefonei-lhe. “Que tens?” disse-me. “Um poema teu”…entre dentes, respondi.