
Em suma, publicidade e marketing do mais tasqueiro a descorçoar o Dr. Salazar, à melhor de três, com vivas e ais devidamente seccionados. O novo sinal da cruz. Ajoelhem e rezem. Ficará tudo na mesma.
Vivo abancado como um anjo no barbeiro. Rimbaud



Lançamento do livro de contos do meu amigo José Ilídio (Torres). Numa livraria perto de si ou no seu sítio aqui.
“É a vidinha”, repete-se em sonolência nas ruas. Hoje acomodei-me à porta da padaria. Não entrei. Evoquei, por momentos, o meu bom amigo Alfredo, sinalizando os dias com um “nunca pouso a vida por detrás das costas”. Dostoiésvski enxerga-o quando concebe que a vida é o menor dos sacrifícios. Ia neste enlevo, marejado de final de tarde, tinindo ainda na minha cabeça os invariáveis dias, assentes no “tempo que está a mudar”, ou “não tarda trovoa” ou “eles [da meteorologia] dão chuva”, quando decidi acarretar um novo tinto bruto Cabriz (do Dão) para acariciar o palato saudando a noite.
Assaltei depois uns pensamentos óbvios sobre a bovina e oleada matriz da poesia portuguesa: poetas sistema; poetas bolsa; poetas a receberem em casa poetas; bibliotecas resma e mais familiares poetas - a poesia hereditária. Celebrei de memória Alfredo, sem nuvens, recusando-se poeta e escondendo a verve na caneta alheia. Cheguei a casa e recolhi o tinto ao desmaio do frigorífico. Encontrei Alfredo na prateleira da alma. Telefonei-lhe. “Que tens?” disse-me. “Um poema teu”…entre dentes, respondi.