Hoje acordei no animatógrafo. O filme, dentro de um filme, consistia numa vontade indómita de adormecer para continuar a sonhar. Ou melhor, sonhava que deveria adormecer para continuar a sonhar. Ao acordar, recordei, ao de leve, uma marquise antiga. No sonho (ainda) continuava um combate entre forças inexplicavelmente familiares. Ao acordar outra vez, com os sinos da igreja a estrondear-me nos ouvidos, esclareci de mim para mim que, hoje, talvez devesse silenciar os impulsos que ao crepúsculo me conduzem ao crime, contra mim mesmo.
Ter-se-á seguido mais um silêncio, estoutro, decalcado de alguns quadros alheios, que me conduziu à mesa da cozinha e depois ao terraço. Lá fora, a missa na TV da vizinha justificava a sua falta à igreja matinal. Galinhas, além, e um ou dois melros, misturaram-se com o meu chã preto. Afinal era domingo. Dia de rosca.
Dei por mim, não sei bem como, outra vez na cama, com Vertigens. Impressões de W.G Sebald (das quais falarei quando me aprouver), entre as mãos. Tentei recordar o sonho...
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