Ontem ou anteontem, estive parte significativa da tarde em Berlim. Talvez umas boas duas horas, oscilando estas, entre 1989/90 e uns quarenta anos antes, talvez um pouco menos. Tudo culminou no advento de uma criança e na queda de um muro, o que, por portas travessas, vai dar estritamente ao mesmo. A dada altura, morre uma mãe, já lá mais para o fim da tarde, 1990 (ou 1991?) e, de certa forma, morre também um país. Lenine dirigindo-se-me, bem o sei, não foi capaz de aplaudir nem vociferar. Na verdade há muito que está a leste de qualquer medo e de parte significativa do seu próprio corpo. Vi-o passar, ou melhor, assomou meio corpo, o tronco, na ponta de um guindaste. Não fui o único a ver.
Regressei ao século XIX de onde nunca deveria ter saído, e passei incólume por uma cidadezinha e um mosteiro. Dali vislumbrei, se não estou em erro, São Petersburgo e Fiódor já envelhecido. Pensei então em Cesário e acrescentei : o mundo!
Depois, quase bem sentado, infalivelmente sentado, passeei os olhos em redor dos quintais sustentando-os firmemente até à pedra, milhares de pedras em uníssono autorizando um muro e todo um convento. Uma cidade religiosa. Pousei então o olhar no cantinho superior esquerdo (como daqui o esboço), bem junto aos escombros de uma casa, e dirigi-o ao ponto em que me encontrava e escrevia ponto. E continuei a ter vertigens e impressões com Sebald.
À noite, noitinha, revisitei Fritz Lang, após um curto, enigmático e amorfo jantar. No escuro enlevado ainda de amarelos desmaiados da orla do dia, escolhi o “Testamento do Dr. Mabuse”.
Regressei ao século XIX de onde nunca deveria ter saído, e passei incólume por uma cidadezinha e um mosteiro. Dali vislumbrei, se não estou em erro, São Petersburgo e Fiódor já envelhecido. Pensei então em Cesário e acrescentei : o mundo!
Depois, quase bem sentado, infalivelmente sentado, passeei os olhos em redor dos quintais sustentando-os firmemente até à pedra, milhares de pedras em uníssono autorizando um muro e todo um convento. Uma cidade religiosa. Pousei então o olhar no cantinho superior esquerdo (como daqui o esboço), bem junto aos escombros de uma casa, e dirigi-o ao ponto em que me encontrava e escrevia ponto. E continuei a ter vertigens e impressões com Sebald.
À noite, noitinha, revisitei Fritz Lang, após um curto, enigmático e amorfo jantar. No escuro enlevado ainda de amarelos desmaiados da orla do dia, escolhi o “Testamento do Dr. Mabuse”.
Um comentário:
Há muito que sigo este blogue, por consideração alheia, já que não aprecio em geral estes "sítios". Mas porra, este é muito bom...especialmente este texto...que não é apenas um artigo, consegue acompanhar sem rodeios os temas e autores que refere. Fiquei surpreendida e reconheci o fiodor, pois então..
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