(gag)
junho 30, 2015
11
Para descrever o espectáculo, a sua formação, as suas funções e as forças que tendem para a sua dissolução, é preciso distinguir artificialmente elementos inseparáveis. Ao analisar o espectáculo, fala-se em certa medida com a própria linguagem do espectacular, no sentido em que se pisa o terreno metodológico desta sociedade, que se expressa no espectáculo. Mas o espectáculo não é outra coisa senão o sentido da prática total de uma formação económico-social, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 27, 2015
10
O conceito de espectáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenómenos aparentes. As suas diversidades e contrastes são as aparências desta aparência organizada socialmente, que deve ela própria ser reconhecida na sua verdade geral. Considerado segundo os seus próprios termos, o espectáculo é a afirmação da aparência de toda a vida humana, isto é, social, como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espectáculo descobre-o como a negação visível da vida; como uma negação da vida que se tornou visível.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 26, 2015
9
No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 25, 2015
8
Não se pode opor abstractamente o espectáculo e a actividade social efectiva; este desdobramento está ele próprio desdobrado. O espectáculo que inverte o real é efectivamente produzido. Ao mesmo tempo a realidade vivida é materialmente invadida pela contemplação do espectáculo, e retoma em si própria a ordem espectacular ao conceder-lhe uma adesão positiva. A realidade objectiva está presente nos dois lados. Cada noção assim fixada não tem por fundamento senão a sua passagem ao oposto: a realidade surge no espectáculo e o espectáculo é real. Esta alienação recíproca é a essência e o suporte da sociedade existente.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
M'espanto às vezes, outras m'avergonho
(foram-se os anéis, ficam os dedos)
Não tendo quaisquer ilusões
relativamente ao presente/futuro da república (com letra pequena), e não
reconhecendo qualquer autoridade (ou capacidades!) àqueles que nos pastoreiam, assegurando
a continuação do bom caminho do empobrecimento
pasteurizado, ainda assim, à imagem de Sá de Miranda, umas vezes espanto-me,
muitas, me envergonho. A postura (literalmente, é disso que se trata) daqueles
que (supostamente) representam a república, sobre a questão da enfatizada dívida grega é
merecedora da nossa vergonha, uma vergonha para usar à lapela. Anos atrás, numa
daquelas operações stop nocturnas de sopra prá multa, ao pararmos o carro junto
à berma, ouvimos uma voz vinda do interior de um dos carros da polícia: prenda esses, prenda esses, sr. guarda, que
estão mais bêbados do que eu! Aquela lenga- lenga, uma tentativa de bufaria
incriminatória, indiscriminada, já alegraria a noite há algum tempo, segundo
nos pareceu. É essa mesma voz rançosa que agora escutamos dentro desse carro
onde se passeiam as autoridades competentes (com a complacência mesquinha de grande parte do povo e da imprensa): prenda esses sr. guarda…prenda esses...
junho 24, 2015
7
A própria separação faz parte da unidade do mundo, da práxis global que se cindiu em realidade e imagem. A prática social, perante a qual se põe o espectáculo autónomo, é também totalidade real que contém o espectáculo. Mas a cisão nesta totalidade mutila-a ao ponto de fazer aparecer o espectáculo como sua finalidade. A linguagem do espectáclo é constituída por signos da produção reinante, que são ao mesmo tempo a finalidade última desta produção.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 23, 2015
6
O espectáculo, tomado na sua totalidade, é ao mesmo tempo o resultado e o projecto do modo de produção existente. Não é um suplemento do mundo real, a sua decoração adicionada. É o coração do irrealismo da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares, informação ou propaganda, publicidade ou consumo directo de divertimentos, o espectáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. É a afirmação omnipresente da escolha já feita na produção, e o seu consumo, corolário. Forma e conteúdo do espectáculo são identicamente a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espectáculo é também a presença permanente desta justificação, enquanto ocupação da parte principal do tempo vivido fora da produção moderna.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 22, 2015
5
O espectáculo não pode ser entendido como o abuso de um mundo da visão, o produto das técnicas de difusão de imagens. Ele é bem mais uma "Weltanschauung" tornada efectiva, materialmente traduzida. É uma visão do mundo que se objectivou.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 21, 2015
4
O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 20, 2015
3
O espectáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da sociedade e como instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, ele é expressamente o sector que concentra todo o olhar e toda a consciência. Pelo próprio facto de este sector estar separado, ele é o lugar do olhar iludido e da falsa consciência; e a unificação que realiza mais não é que uma linguagem oficial da separação generalizada.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 19, 2015
2
As imagens que se desligaram de cada especto da vida fundem-se num curso comum, onde a unidade desta vida já não pode ser restabelecida. A realidade considerada parcialmente desdobra-se na sua própria unidade geral enquanto pseudo-mundo à parte, objecto de exclusiva contemplação. A especialização das imagens do mundo encontra-se, realizada, no mundo da imagem autonomizada, onde o mentiroso mentiu a si próprio. O espectáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autótomo do não-vivo.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
junho 18, 2015
1
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições humanas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação.
("a sociedade do espectáculo", Guy Debord)
[Tradução de Francisco Alves e Afonso Monteiro para a Antígona]
junho 17, 2015
Reconhecer a natureza trágica da existência
Neste pequeno ensaio de Riemen, recordarmos as palavras de Tocqueville (Da Democracia na América):
Sempre pensei que esta espécie de servidão, ordenada, calma e amena (...) se poderia conjugar melhor do que se imagina com algumas das formas exteriores exteriores de liberdade e que não lhe seria possível estabelecer-se à sombra da própria soberania do povo.
junho 15, 2015
junho 14, 2015
junho 13, 2015
junho 10, 2015
junho 07, 2015
junho 06, 2015
junho 03, 2015
junho 01, 2015
Um elefante branco a voar
(dolce)
Será de quem o apanhar. Já foi uma gigantesca loja dos
chineses, depois de ter sido um doce vida
esta aqui para os lados de Braga. Seria o grande concorrente do Braga
Parque, sito a meia dúzia de quilómetros. Na verdade começou por ser uma
construção (gigantesca) antes de ser uma ideia. Aquilo serviria certamente para
alguma coisa, e em grande. É claro que fazia parte da estratégia de betonização
para norte e em força da cidade de Braga, cujo epicentro estava bem alicerçado
no novo estádio, na piscina olímpica (onde está ela?) e nas urbanizações adjacentes.
Já viram os cadáveres das ditas? Fazia muita falta esta dinâmica aos
construtores, numa cidade que em 2011 já tinha cerca de 30% dos imóveis por
ocupar. Claro que fazia. O paquiderme está em fila de espera para o centro de saúde
há pelo menos seis anos. Entretanto, enquanto lhe faziam a folha, aprendeu a
voar na nossa imaginação. E que grande IKEA tiveram agora…
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