dezembro 30, 2009
dezembro 28, 2009
dezembro 24, 2009
dezembro 21, 2009
Entretanto soou um telefone...
Foi assim uma conjugação entre uma livraria e uma caminhada (pelo caminho mais longo que me ocorreu) para facilitar a digestão tardia, aproveitando para ver se encontrava coentros, e uma chuvada repentina e infinda, que me levaram a procurar abrigo numa sacada de um prédio novo. Ali fiquei. Apeteceu-me bruscamente ler o livro que trazia na mala. Nos ouvidos: chuva e Galaxie 500. Um homem passeava à chuva um cão minúsculo aproveitando os restos de areia da construção. Finalmente podia ler: “Chovia.«Quase me admira», pensou o homem ali postado, «que tenha comigo um chapéu-de-chuva»“, lia-se. Olhei o meu guarda-chuva com duas ou três varetas partidas e percebi logo que me acolhia num desses momentos únicos que muitas vezes deixamos passar. Olhei mais uma vez para a capa de “O Ajudante” de Walser e decidi-me por seguir viagem. Parei logo a seguir ainda com os Galaxie, desta vez ao lado de um bar. Dois ou três pensamentos ruins assolaram esse momento. E um impulso indescritível carregou-me para casa.
dezembro 20, 2009
dezembro 16, 2009
As ruínas não circulares
Estava a tentar ver televisão quando me sobreveio dos confins da memória o meu antigo recreio. Na minha primeira escola primária, em verdade, uma escola proveniente do aproveitamento de uma antiga casa do século XIX, em pleno centro da cidade, e em que orgulhosamente participei no seu encerramento na década de 1970, no final da segunda classe, deparei com meu primeiro recreio. Não seria propriamente um pátio, no sentido a que este normalmente está associado, mas um campo de terra rectangular, para onde nos levavam umas escadarias de pedra que desciam de ambos os lados das traseiras do edifício. Um gigantesco rectângulo parecia-me à época, já infestado nas margens de arbustos e ervas daninhas, com um centro pelado pelas correrias e jogatinas de futebol e, à margem, junto à casa, igualmente desgastado pelas meninas, nos seus jogos. Nessas incursões, vi jorrar sangue a primeira vez a sério, e não posso esquecer as tentativas frustradas de fuga à reguada conectadas por um medo miudinho que (ainda) ultrapassava o respeito. Para além disso, podia-se sonhar à tripa forra, não apenas na escola e no recreio, mas no caminho de casa, cheio de curvas que o adiassem, gelados de coca-cola e batoques e, depois, finalmente o rio. Encontrei igualmente um recreio, ou melhor um pátio, no romance de Vila-Matas, “Doutor Pasavento”, uma “pérola condensada do tédio escolar”, diz-nos Vila Matas, adoptando Robert Walser em Jacob von Gunten, quanto este escreve que «O pátio ficou abandonado como uma eternidade rectangular». De um lado a recreação e do outro o tédio, a terra versus o cinzentismo? Não me parece tão simples. De qualquer forma, a esta distância, e segundo o arquétipo actual, toda a gente iria querer um pátio, limpinho; todavia, creio ainda assim que, a minha antiga escola primária, e não apenas o edifício, ficaram abandonados na sua eternidade rectangular.
dezembro 13, 2009
dezembro 11, 2009
Momentos Ferrero Rocher: apetece-me algo
Soube apenas hoje que o sr. Vara foi à televisão para ser entrevistado pela sra. Judite. Viva o luxo. O senhor em causa, que se saiba, não tem (de momento) nenhum cargo público ou político, seja ele qual for, achando-se pendente a sua qualidade de administrador de BCP, antes que as necessidades especiais o potenciem para algo. Então? Uma conferência em horário nobre, uma cadeira disponível na televisão pública, a propósito de quê? E os outros arguidos ou interessados neste e noutros processos? Silêncio.
A propósito, o ex. ministro da agricultura, Jaime Silva, depois de um trabalho memorável à frente e atrás do ministério (e como aluno bem comportado), já foi absorvido pela cooperativa europeia das necessidades especiais: chefe de gabinete do comissário europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural. Número dois. Pelo mesmo caminho vai o inexcedível sr. Constâncio do banco de Portugal, exímio regulador de bacoradas e taxices (e tachices) mais ou menos incontroláveis, em trânsito para: putativo vice-presidente do BCE, candidatura apresentada pelo sr Eng. Entretanto, escrevem-se livros: jornalistas; ex polícias; gajos da bola; actrizes e actoras; seguranças; amigos do amigo; gajos com experiências…
A propósito, o ex. ministro da agricultura, Jaime Silva, depois de um trabalho memorável à frente e atrás do ministério (e como aluno bem comportado), já foi absorvido pela cooperativa europeia das necessidades especiais: chefe de gabinete do comissário europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural. Número dois. Pelo mesmo caminho vai o inexcedível sr. Constâncio do banco de Portugal, exímio regulador de bacoradas e taxices (e tachices) mais ou menos incontroláveis, em trânsito para: putativo vice-presidente do BCE, candidatura apresentada pelo sr Eng. Entretanto, escrevem-se livros: jornalistas; ex polícias; gajos da bola; actrizes e actoras; seguranças; amigos do amigo; gajos com experiências…
Onde será que já vimos (e vivemos) este filme?
A crise económica europeia (…) repercutiu-se em Portugal como possivelmente nenhuma até então, sendo agravada pelo ambiente de pessimismo e de profunda descrença nos governantes e nos modos de governar que permeabilizava as classes dirigentes. A depreciação da moeda, a falência de alguns bancos, o aumento da dívida pública, a contracção nos investimentos, tudo isto acentuado pela gravidade da boataria circulante, a agitação das ruas e a momentânea instabilidade governativa, implicaram um longo ciclo depressivo, que persistiu durante quase toda a década de… 1890.
A.H. Oliveira Marques, “Breve História de Portugal”
dezembro 10, 2009
Abancado como um anjo no barbeiro
Ainda hoje, enquanto me refugiava da revoada de pseudo informação que nos impingem pelos ecrãs (e não só) disponíveis por todos os lados; ainda hoje, à chuva, com os carros a bater chapas de água para cima de mim e, pouco depois, num centro comercial que me arrepiava a espinha, pese todo o calor artificial; sim, ainda há bocado, pensando num texto do Sebald e num outro do Vila Matas, e seguidamente, quando fazia que lia um jornal, sentado grotescamente num café com o tamanho de um ringue de futsal, e chovia (ainda) lá fora, simplesmente apeteceu-me…desaparecer.
(adenda: Este texto, curiosamente, desapareceu por momentos num desfalecer momentâneo do velhinho computador. Entretanto, saído do seu coma, presumivelmente por pouco tempo, ainda assiste mais um destes inúteis momentos, talvez o último, e exulta, com barulhinhos tremendos, ao lado dos seus irmãos mais novos, máquinas portáteis, em actualização. Gosto deste velhinho computador.)
(adenda: Este texto, curiosamente, desapareceu por momentos num desfalecer momentâneo do velhinho computador. Entretanto, saído do seu coma, presumivelmente por pouco tempo, ainda assiste mais um destes inúteis momentos, talvez o último, e exulta, com barulhinhos tremendos, ao lado dos seus irmãos mais novos, máquinas portáteis, em actualização. Gosto deste velhinho computador.)
dezembro 08, 2009
dezembro 06, 2009
dezembro 04, 2009
Pere Ubu se quiserem
para escutar com o volume alto...e já agora ver a merda do clip.........................................
dezembro 03, 2009
Da ignorância filosófica inefável
Sendo certo que, dá a ideia que o Sporting não está na sua casa doméstica.
Rui Santos, a comentar, mesmo agora, o Sporting-Heerenveen na SIC. Sendo que, nomeadamente, no sentido em que…
dezembro 02, 2009
dezembro 01, 2009
Papas de sarrabulho e rojões
Ontem, as senhoras primeiras damas passearam-se por Sintra. Os jornalistas fizeram perguntinhas. Hoje, daqui a bocadinho, acaba a cimeira ibero-americana. A questão fulcral: será que a Shakira canta?, entretém os últimos entusiastas. Mais logo, ali ao lado, o tratado de Lisboa é, digamos, inaugurado, depois de devidamente imposto pela democracia. O sr. Zapateiro vai estar por lá. Sussurram-me a questão fulcral: será que o sr. Eng. irá evocar o dia de hoje a Zapateiro?... Não sabemos.
Entrementes, tudo isto se passa por Lisboa e arredores. A norte, para que se saiba, é dia de papas.
Entrementes, tudo isto se passa por Lisboa e arredores. A norte, para que se saiba, é dia de papas.
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