setembro 25, 2014

Grande aquisição (fora do mercado de transferências)


A respeito destas coisas, as Histórias continuam mudas.

Sempre quis fazer parte desta grande família que é a Estantina Inútil - afirmou um Schwob visivelmente emocionado. Já lá se encontrava, bem o sei, o "Coração Duplo" (Vol.1 e 2),  mas não poderia nunca admitir um "Vidas Imaginárias" em formato digital (como é que se diz, em PDF?), ainda por cima, em espanhol - acrescentou Schwob, enquanto se arranjava na prateleira. 

setembro 22, 2014

Ei



Angeli (Chiclete com Banana, 1988)

Que será de nós sem esses bárbaros?


Mas que esperamos nós aqui n'Ágora reunidos?

É que os bárbaros hoje vão chegar!

Mas porque reina no Senado tanta apatia?
Porque deixaram de fazer leis os nossos senadores?

É que os bárbaros hoje vão chegar.
Que leis hão­de fazer os senadores?
Os bárbaros que vêm, que as façam eles.

Mas porque tão cedo se ergueu hoje o nosso imperador,
E se sentou na magna porta da cidade à espera,
Oficial, no trono, co'a coroa na cabeça?

É que os bárbaros hoje vão chegar.
O nosso imperador espera receber
O chefe. E certamente preparou
Um pergaminho para lhe dar, onde
Inscreveu vários títulos e nomes.

Porque é que os nossos dois bons cônsules e os dois pretores
trouxeram hoje à rua as togas vermelhas bordadas?
E porque passeiam com pulseiras ricas de ametistas,
e porque trazem os anéis de esmeraldas refulgentes,
por que razão empunham hoje bastões preciosos
com tão finos ornatos de ouro e prata cravejados?

É que os bárbaros hoje vão chegar.
E tais coisas os deixam deslumbrados.

Porque é que os grandes oradores como é seu costume
Não vêm soltar os seus discursos, mostrar o seu verbo?

É que os bárbaros hoje vão chegar
E aborrecem arengas, belas frases.

Porque de súbito se instala tal inquietude
Tal comoção (Mas como os rostos ficaram tão graves)
E num repente se esvaziam as ruas, as praças,
E toda a gente volta a casa pensativa?

Caiu a noite, os bárbaros não vêm.
E chegaram pessoas da fronteira
E disseram que bárbaros não há.

Agora que será de nós sem esses bárbaros?

Essa gente talvez fosse uma solução.


konstantinos kavafis"Esperando os bárbaros".

setembro 19, 2014

Um lugar para a imaginação


"Hace unos años, la BBC preguntó a los niños británicos si preferían la televisión o la radio. Casi todos se pronunciaron por la televisión, lo que fue algo así como comprobar que los gatos maúllano que los muertos no respiran. Pero entre los poquitos niños que eligieron la radio, hubo uno que explicó:

- Me gusta más la radio, porque por radio veo paisajes más lindos."

Eduardo Galeano ("Patas Arriba - La Escuella Dell Mundo All Revés")

setembro 12, 2014

setembro 07, 2014

Press start to continue


Bem me parecia que o Bolaño queria dividir o 2666 em 2 – 6 – 6 – 6 (+1), isto é, em vários cadernos (livros), não apenas para assegurar o futuro da sua prole (a primeira edição do livro apenas foi lançada um ano após a sua morte), mas também porque o dito cujo tem mil e vinte cinco páginas, na edição portuguesa da Quetzal. Por aqueles dias Juan de Dios Martinez ainda continuava a ir para a cama de quinze em quinze dias com a Drª Elvira Campos (…) leio eu, que navego pela página quatrocentos e oitenta e cinco, e não me parece, até ver, um romance inconcluso, faltando(-me) ainda quinhentas e quarenta páginas para o final, nada leva a crer que Bolaño tivesse a necessidade de arrematar o livro, mesmo não tendo em conta a impossibilidade de este gigantesco fresco alguma vez ter um fim. Quer dizer, se calhar (saído, ou não, da imaginação do Vila-Matas) também existirá um  [O] Mal de Bolaño