Estive a pensar: lá
fora é o exterior?
Um exemplo: A cultura vai ter de ocupar as ruas, vai ter de ocupar as cidades,
diz uma ministra. O campo está dentro de nós, é roupa de andar por casa, uma
ideia velhíssima: a província.
Livrarias independentes juntam-se e lançam campanhas. A rua não o
sabe. Dentro de portas ainda há rua. As muralhas têm as suas portas e, lá
dentro, ruas. Das ameias vê-se quase tudo.
Sucedem-se: movimentos não
visíveis a olho nu. A seguir ao pico será a planície. É uma pergunta?
O mundo biológico não quer saber
da geografia (pano para mangas).
Lido cá de dentro, “Victoria”, de
Knut Hamsum, parece escrito sob o peso de um universo onde o mundo está apenas
a começar a morrer. Já morre há alguns dias. O filho do moleiro ainda escreve
poesia: estive a olhar as minhas fantasias
onde o sol é muito forte [e queima].
Arthur Koestler escreveu “O Zero
e o Infinito” (saiu da minha caixa de primeiros socorros). “O Zero e o Infinito”
é uma prisão: mesmo se considerarmos o exterior, dentro de cada um habita já
uma prisão: não havia certezas; só o
apelo a esse oráculo trocista chamado história que só lavrava as suas
sentenças quando os maxilares dos que para ele apelavam se tinham transformado
há muito em pó.
Ganha pouco [lay-off assim de forma simplificada]: bom nome para uma loja, inspirador de
confiança (Flaubert)
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