um vago castanho trémulo conspira em diatribes vestindo as árvores lá fora. Tendo por hábito (ou vício) ler várias obras ao mesmo tempo, e necessariamente de temáticas diversas, foi sem surpresa que detectei um outro fenómeno sub-reptício embora a ele inteiramente ligado. As leituras “variadas” são consequência (esperada) e prolongamento dos livros espalhados entre envelopes, canetas, jornais e, por exemplo, pastas de chocolate preto; associadas a uma curiosidade mórbida prima da angústia que sentiu uma vez Almada Negreiros ao entrar numa livraria ou biblioteca. O fenómeno é outra coisa. É um poder infinito associado a um conjunto de ligações e matrizes que acompanham os livros desde sempre. Isto sem falar das referências, das semelhanças, do permanente reescrever e das viagens. À bulha com “Os Emigrantes” de Sebald, entrelacei-o sem saber muito bem porquê, com outra (sua) obra “Os Anéis de Saturno” a que já aqui aludi. Facto é que esta me terá levado a Thomas Browne (o qual dificilmente se encontra aqui no burgo) e a Bioy Casares num jantar com Borges e espelhos e uma enciclopédia e Uqbar. Hoje, olhando esse “vago castanho trémulo” abri num acaso de milénios o livro “Ficções”, com a chancela da Teorema, e lá está o primeiro conto (que eu havia lido na Obra Toda, editada parece-me, pelo Círculo de Leitores) denominado “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”. Leio que Hume notou definitivamente que os argumentos de Berkeley não admitem a menor réplica e não causam a menor convicção. Este ditame é absolutamente válido para a Terra; absolutamente falso em Tlön.
Sobre o conto que entrelaça vários mundos, enciclopédias, espelhos e biografias, procurem-no e nunca mais vão parar. Quanto à citação, aqui na terra de hoje, teme-se pela sua veracidade opaca mas terrivelmente vazia.
Sobre o conto que entrelaça vários mundos, enciclopédias, espelhos e biografias, procurem-no e nunca mais vão parar. Quanto à citação, aqui na terra de hoje, teme-se pela sua veracidade opaca mas terrivelmente vazia.
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