junho 25, 2008

1913-2008

Na terça ou quarta-feira já tinha percebido qualquer coisa a luzir acerca de Albert Cossery. Não associei. Andava a pardalar. Hoje, após uma salada fria de bacalhau e tês copos de um branco maduro a latejar no silêncio do meu quintal, confirmei a notícia. A leste como ando de quase tudo levei com a porta já fechada na cara. Um dos poucos gajos realmente livres deste mundo tinha-se ido. Fui lendo, ao longo dos anos, grande parte da obra (apenas oito livros) deste egípcio parisiense. Apartei-o da estante e reli qualquer coisa, ao acaso. Já havia escrito aqui um artigo dedicado ao escritor que me acompanhou em alguns dias. Sem pressa de o fechar, releio, enquanto escrevo, algumas páginas de “As Cores da Infâmia”. Sei agora, sempre o soube, que tenho um tornozelo e respectiva argola ligando-me, exilado, a este mundo. Acendo um cigarro e, devagar, acrescento um uísque ao burburinho da cidade que é o silêncio mais vazio. Fim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não conheço mas fiquei curiosa. E revisitei o outro post. Vou ler.
Gosto do blog,muito bem escrito, mas algo agressivo. Radical?