Tornou-se um costume cool usar
máscara nas ruas de Braga. Não é de agora. Imagino que em outras geografias o
mesmo se verifique. São as mesmas pessoas que enfartam os centros comercias e
outras grandes superfícies de distribuição, acotovelando-se, ora em corredores
de parafusos, ora em galerias de cuecas de gola alta, não respeitando
distâncias, mesmo as socialmente aceitáveis antes da coisa, resmungando
ultrajes causados pela demora que as disposições impõem nas linhas de caixa. A
imbecilidade é um bem de primeira necessidade, e os paradoxos que a definem não
estão ainda ao alcance de um ser humano normal.
Não se inquietem: as apps fazem parte das nossas vidas.
Descarregar a nova app stayaway covid
(que original - soa a Allgarve) controleira, é um afago carinhosamente
descarregado (um milhão já o fez sem necessidade de cassetete). Não que a levem
a sério, terá o mesmo destino das máscaras reutilizadas semanas a fio, com o
nariz ao léu, ou desfeitas em fanecos que adornam os rostos como peneiras. A
aparência é uma religião. Faz pandã com as modas e com o medo.
A imbecilidade escorre lá de cima
(deixem passar) e gosta de viajar para o lado. É como as nossas vidas
suspensas: lateralizam-se, futebolisticamente falando, mas não avançam.
Dizem-nos o que comer e beber, são padroeiros da nossa saúde, definem regras de
leitura, perseguem a pirisca, que se amanhe o piropo (os trolhas ficam com as vistas afectadas, deixai-os com os nudes e os vídeos do tik tok), o mundo avança com as
proteínas disponíveis e a delação, com ou sem máscara, segue o seu curso.
A app é apenas mais troço desse caminho. Não se trata apenas de controlo, as pessoas já escancaram a sua vida nas redes, ou por uns tostões em passerelles televisivas; a questão é de princípio, inconstitucional até à medula, relacionada com as liberdades fundamentais, um dos pilares do Estado de Direito. Não importa se uma larga maioria a aceita placidamente, ainda que, sem grande convicção. A partir daí o céu é o limite:
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