março 21, 2020

Isolamento (III)

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A linguagem bélica está na ordem do dia. A comparação a cenários de guerra entra-nos pelo sofá: sentados, em casa, assim combatemos. Não se trata apenas de guerra, há muito que as empresas e os empreendedores se refugiaram nesse (suposto) paralelismo entre o mundo militar e os negócios (criando uma novilíngua): formações e equipas, treino, estandartes, disciplina, competição (dinheiro, em suma).Temos também os heróis. Descem do nosso imaginário para o quotidiano (qual quotidiano?). Estão agora por todo o lado. Quase esquecemos: os sem-abrigo, os borrachões patibulares de Bolaño, os drogados, os indigentes, os esquecidos e os isolados de ontem. É-nos familiar o esquecimento de todos os dias. Temos sobretudo medo. Literalmente, daquilo que não vemos. Mas não podemos esquecer que o clã securitário se senta connosco no sofá. É o único Couchsurfing a que assistiremos nos próximos tempos.

O presidente diz: 

Somos? Cheira aqui e ali a mofo, a populismo barato, a bazófia farsola. Quem são os outros? Onde fica a fronteira?
Alguém sabe?

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