O que diz a padaria? A padaria continua. A
menina do balcão continua atrás do balcão. Está rija, escanzelada, quer ser escanzelada,
quer ser rija. O careca fica a olhá-la, aparece por acaso, e fica, também por
acaso. O Ernesto electricista continua Ernesto, e continua electricista sempre
que pode, de resto biscateia. Ao seu lado, o Silva, quer-se presente, tem a
escola da vida, a universidade da vida, o curso todo, mas muda de conversa,
essas palavras já deram o que tinham a dar. Está ali, fala do gatinho e do
neto, e do futuro do netinho fala também o Mendes, junto aos velhos tempos, recordando o Guimarães,
um tipo porreiro mas com mau vinho.
Da Miquinhas rareiam notícias, também não é de fiar, e o Tabuletas foi para o Luxemburgo a mando do cunhado, não se sabendo se por lá solta fogos. A padaria continua, esvazia, meia de leite, meio galão, meia vida. Agora chega o Tone, o da bomba, encosta-se ao balcão, o olhar triste consagra o momento, o Mendes limpando as beiças de gelado ao netinho, “no meu tempo…”, e um pedido de Super Bock soa, fresquinho, ali ao lado. “A mim é que não me apanham mais, esse lambões”, diz o Silva a esfolhear o Record e a olhar o rabiosque da sobrinha da Custódia, “tão crescida que está, quem a viu”…
Da Miquinhas rareiam notícias, também não é de fiar, e o Tabuletas foi para o Luxemburgo a mando do cunhado, não se sabendo se por lá solta fogos. A padaria continua, esvazia, meia de leite, meio galão, meia vida. Agora chega o Tone, o da bomba, encosta-se ao balcão, o olhar triste consagra o momento, o Mendes limpando as beiças de gelado ao netinho, “no meu tempo…”, e um pedido de Super Bock soa, fresquinho, ali ao lado. “A mim é que não me apanham mais, esse lambões”, diz o Silva a esfolhear o Record e a olhar o rabiosque da sobrinha da Custódia, “tão crescida que está, quem a viu”…
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