dezembro 30, 2010
dezembro 25, 2010
dezembro 14, 2010
E na padaria falta açúcar?

dezembro 13, 2010
dezembro 12, 2010
Por acaso até ia escrever umas coisas inteligentes sobre o momento Sporting que dura que dura mas: obrigado por tudo Manel
dezembro 11, 2010
dezembro 04, 2010
dezembro 03, 2010
novembro 28, 2010
Memorial de uma posta de ontem: na padaria

Somos grandes. Na padaria, deus a tenha, preparam-se as festas com bonomia. A cada Martini acresce uma cerveja para aclimatar o desejo, e o pãozinho santo é servido com destreza, a cada cozedura, ora branquinho, ora torradinho, mas nunca, nunca, para nos fazer recordar o antigo pão. Finda a desmama da cimeira da nato e da greve geral, dúzias de tumores pequeninos florescem à volta do balcão vitrina da padaria e, imagina-se, ali ao lado, em todas as casas as intumescências imperam em pequenas salas de ensaio, tipo “hall de entrada” e restantes pleonasmos que nos sustentam num desmaio contínuo até ao centro comercial. Pelo menos está quentinho, dir-me-ão, enquanto comentamos o jogo do dia. E o “Sporting quase ganhou”, dizia-me o sr. Silva, com o seu sportinguismo envergonhado a tiracolo, sem respingar ao moderno portista sr. Lopes, salientando este, a renuncia belíssima do sr. Silva a ter tomates, ao mesmo tempo que respondia a um outro “Lopes” vermelho de Benfica (que por um acaso tinha sido recentemente operado a um “talo na perna”), que também tinha uma coisinha má, o que lhe dava sólidas razões para emborcar uns quantos portos brancos (enquanto acariciava a muleta), demonstrando por a mais b, que o título para eles seria uma miragem.
novembro 23, 2010
Recordação: será sonho ou uma greve geral?
novembro 19, 2010
A circunstância fixe

Por um acaso sei onde estou. Ali, quase longe, um país anota as purgações de um outro que é o seu. Afinal é mesmo perto. Na grande capital, brincam-se aos políticos e às guerrinhas. Já se sabia, os grandes chefes multiplicam-se na roda à volta da fogueira, fumando o seu cachimbo em área permitida, enquanto outros treinam à manif com dia e hora marcada, antecipando placidamente o seu momento. É toda uma estrutura de ensaio, rematada nas mais singelas instâncias da simulação: todos juntos, cada um no seu (esboçado) lado da barricada. Resta-nos, um dia destes, a visita à casa de alterne crise, onde se assentam as alternadeiras cognominadas mercados. Paga-se um copo, mas nem se fode nem se sai de cima.
novembro 15, 2010
Poderiam ser vitupérios à solta na desmama
Eu apenas ia escrever sobre uma cena. Aliás, tudo terá começado com um artigo no Ípsilon, aquele apetrecho que vem acoplado com o Público às sextas, sobre um livro “O Estaleiro” de Juan Carlos Onetti, um gajo que eu quero mesmo ler, mesmo ler, nem sei bem porquê, mas julgo que subjugado por milhares de pensamentos que convergem num sentido: o pessimismo. Vai daí, neste mundo claustrofóbico animado, deparei-me com uma cena “Da cidade nervosa” do Vila- Matas, uma compilação de textos do sr. Enrique, (tipo compêndio – uma cena menor para vender livros), em que se lia qualquer coisa tirada do Elias Canetti, que por momentos, vá-se lá saber, me pareceu Onetti. Confusão. Mas, pois, era assim:
Alguém que jura viver no seu próprio país disfarçado de forasteiro até que o reconheçam. Morre, profundamente amargurado, como forasteiro.
novembro 14, 2010
De volta da manutenção despertamos assim:
"Motel. Money. Murder. Madness.
outubro 17, 2010
outubro 15, 2010
outubro 14, 2010
setembro 12, 2010
setembro 04, 2010
Os maiores do (meu) mundo anacrónico.

Eu ontem, nada escrevi. (…)
A padaria folga: o sr. Madaíl, imbuído de um espírito envelhecido em cascos de carvalho, enaltece(u) as capacidades da equipa nacional jogar, supostamente, em piloto automático; o preceptor Queirós guarnece os seus discursos imodestos com o patriotismo da (sua) honra ferida; um qualquer secretário de estado entaramela duas patuscadas na nossa inteligência, a reboque de um protagonismo televisivo angustiante. As televisões filmam. E os dias passam, magnificentes, assinalando a vertigem desmiolada do final do verão, num eterno horário nobre, com direito a análises do mais fino calibre, recordando-nos que, afinal, não bastam as pequenas vitórias, e que nunca venceremos a nossa guerra. E vai daí o caso pia. E a mesma patuscada na nossa inteligência. Sim, o caso pia, e vai piar.
Compreendo. E assim estarei na lama mais funda, perto do sítio das vísceras, na leitura africana que nos encerra à boleia de um olhar antropológico e, às claras, nas horas vagas, depois do jantar, enquanto o Malato nos estimula a insónia. Quero ser maldito. Coisas (a saber) dos trópicos. Mas, indolente, nesta violência que encerra um calhamaço de noites sem dormir, ainda assim, enquanto um pulmão refila, um corpo aventura-se…moído...
agosto 29, 2010
agosto 26, 2010
agosto 22, 2010
Biologia quântica
É verdade que comecei por pensar no Ambrose Bierce, um gajo que ninguém conhece, a não serem os leitores desabituais da Antígona e um amigo meu, que para lá caminha; mas o violador de telheiras foi mais além, e aconselhou-me o pontal de Quarteira e um outro de Mangualde, para mandar às malvas a sua transgressão no arquivo. A coisa só não foi séria porque o sr. Lobo Antunes (tenho para aí umas duas mil páginas do tipo, não lidas, em casa), decidiu-se a não participar, alegando falta de segurança?, num evento agosto 15, 2010
Como é que se espera?
A confusão instalou-se definitivamente. A casa sabe a pó e é pasto de aranhas insubmissas; estou sujo e uma membrana adiposa pende do meu abdómen, oferecendo ao conjunto, um corpo humano instalado à beira de um ataque de sofá, e um cérebro relativamente encaixado na cavidade craniana onde surge a questão: “qual terá sido o filme da semana?”. Ao sonho do final da manhã, em que um membro da raça felina, andrógino, e um outro da raça humana, género feminino, assistiam placidamente ao “Babel” do Iñárritu, foi-me objectado que me teria enganado na semana. E no dominó que tenho vestido ultimamente, não? – pensei, enquanto me dirigia ao local das escadinhas onde sempre leio a semana em atraso, através de uma manta de jornais.Duas mortes: Ruy Duarte de Carvalho, antropólogo, o escritor cineasta e viajante, que morreu longe; um senhor que se recordava de “ter mudado inteiramente de pele, pelo menos uma meia dúzia de vezes ao longo da vida”, e que me transportou por momentos para outras minhas peles, enquanto assistia com a uma espécie de júbilo ao desenrolar da manhã. E outro escritor, historiador e cronista, Tony Judt, o mesmo que me levou a um pequeno ataque quando vi o preço do seu “Pós Guerra – A História da Europa desde 1945”, que vou ler, já estará algures numa prateleira em fila de espera, enquanto me entretenho solitariamente com o “Danúbio” de Magris. De resto, na imprensa, tudo nos recorda que o inferno é em Portugal.
Afinal, o filme da semana foi o “Zatoichi” de Takeshi Kitano, uma preciosidade adquirida por 1,95 Euros com o Público. Quanto ao “Origem” de Christopher Nolan, que fomos ver ao cinema, o melhor é aproveitar o “Memento”.
Mais tarde, ali ao lado do intrépido (vencido) Sporting, um “Almoço de 15 de Agosto”, de Gianni di Gregório, que eu sei que não viram, pois não?
agosto 14, 2010
julho 31, 2010
julho 11, 2010
julho 10, 2010
julho 04, 2010
julho 03, 2010
E agora algo completamente diferente: as meias finais
Parece que Portugal perdeu com a Espanha. O Sr. Queirós, uma espécie de bardo que bem poderia ser uma triste personagem do Walser, agastou-se com a perspectiva de perder o emprego (leia-se emprego e não trabalho). O Sr. Cristiano pensa que. E o Gilberto Madaíl aproveitou para afogar as mágoas e ir às putas. Nada sobra. Entretanto, foram-nos ao bolso em festa este mês. Os esfomeados brincam ao cinema negro e os GNR lançam literalmente um álbum contra os copos no desemprego. Outros ainda aparecem na TV (está sempre ligada com gente a querer entrar) com um séquito de crianças ranhosas a coroar a sua lúgubre passagem por este estreito: “o que é que eu faço com 150 Euros?” perguntava um regaço inchado em trinta anos bem envelhecidos (pelo trabalho não, que se ficasse a saber) e um olhar néscio até à medula. E entretanto, sem saber como, emprenha(-se). Até pelos ouvidos. Já cansa.julho 02, 2010
junho 20, 2010
junho 19, 2010
junho 10, 2010
junho 06, 2010
junho 03, 2010
maio 30, 2010
Nota: a bola também se joga com a mão
O Sporting Clube de Portugal ganhou ontem o primeiro título europeu para o andebol português. A coisa nem sequer deu em directo no canal público. Entretanto, o Sporting faz agora parte de um grupo muitíssimo restrito de clubes que ganharam títulos europeus em quatro modalidades diferentes. No caso do Sporting: Futebol, Hóquei em Patins, Atletismo e Andebol. Para que conste que a bola também se joga com a mão. maio 26, 2010
maio 23, 2010
Irmãos em universo *
"Quando já se tem muita experiência do mundo, começamos a interrogar-nos se a experiência de todo esse tempo nos serviu realmente para alguma coisa e se aprendemos algo que possa ser para os nossos filhos, discípulos, amigos. Como não tenho filhos nem discípulos, concentro-me nos amigos. Reúno-os mentalmente num quarto às escuras, como se estivéssemos numa sessão de espiritismo. Cria-se uma certa expectativa face ao que agora lhes possa dizer. Esgoto todas as possibilidades de não ter de falar, porque, na realidade, ter de transmitir o que quer que seja para a posteridade é um problema, um grandessíssimo problema e uma chatice. Mas finalmente obrigam-me e digo:- Os que melhor falaram da morte morreram."
* A frase título inicial era: Este gajo faz-me bem. [Escrito na margem do livro]
maio 18, 2010
Alergia
maio 16, 2010
maio 12, 2010
maio 09, 2010
Mas o que é que se passa lá fora?

Não sei de nada. Após uma breve passagem pelo albergue de saúde e de um jantar digno de um anacoreta, estive a ver um documentário (1º de uma série de 6 episódios) denominado «APOCALYPSE» na RTP2, a horas decentes, ao contrário da anterior passagem que ninguém viu. Desta vez contaram-se, pelo menos, três espectadores razoavelmente atentos. Quanto ao resto não sei de nada.
maio 01, 2010
abril 29, 2010
Resto zero
Na padaria as (tais) agências reivindicam outro ranking. Os peixes amarelos, vulgo classe aburguesados, esperneiam minis na melancolia da esplanada. “Como é que é possível, estes gajos da economia que nos foderam de coentrada recentemente, tenham ainda palavra para nos endrominar na questão grega?”- perguntava um martini a um porto adormecido. Um whisky a preceito interrompeu-os por antecipação, com a desmama habitual: “bote aí dois pãezinhos de água e já agora uma natinha…”.
abril 26, 2010
abril 25, 2010
abril 23, 2010
A norte
abril 18, 2010
daqui não se vê nada
Da rua da estrada o que se vêem são pequenos desvarios a espreitar o longínquo outdoor. As famílias, quase todas, desaguam na ruela, outrora principal, que vai dar à loja de móveis ali ao lado de mais um chinês. Ao meio, um café. E faz sol neste quadro que infringe as regras do domingo tradicional, após um repasto lavrado em forno eléctrico, começado com o vigor matinal. Já faz whisky, quando escrevo estas margens de erro, após uma conversa literária ao jantar domingueiro, que já não incluiu os famosos restos do almoço, adornados de salsichas e ovos fritos. Faz frio, neste ocaso de memórias que se misturam com a frase: amanhã pica o boi. abril 17, 2010
Leopoldo Lugones
Olharam-se então; e o que havia em seus olhos não era delícia senão dor. Algo tão distante do beijo, que nele cabia a eternidade.
in "Francesca".
abril 16, 2010
Por exemplo
“O que se passa no mundo?” – terá perguntado. Longe de casa, e segundo parece, ainda inteiro, escutava com o seu melhor ouvido um tal de Tom Waits. Por exemplo:
abril 11, 2010
abril 10, 2010
Todos ao congresso
Apesar das tecnologias de informação, e dos rascunhos de edificação do nosso primeiro-ministro, individualizados naquelas verdadeiras obras de génio disponíveis na paisagem das beiras; apesar do Magalhães e do tio Zé que cumpriu as novas oportunidades em 3 minutos, 52 segundos e 3 centésimos, perder a caderneta da caixa a uma sexta-feira pode ser um verdadeiro berbicacho.abril 09, 2010
claustros
Na penumbra política, parece que temos mais um bailador de todas as viagens. O país ensurdece enquanto remoí tantos silêncios. Venha a mulher-a-dias, rapinar estes gestos inúteis.
abril 08, 2010
abril 02, 2010
O mais próximo possível que estarás da felicidade: um bom naco de prosa
Era em Julho, numa tarde quente, e no seu rosto brilhante de suor faiscava um bom humor bárbaro. Enquanto ziguezagueava entre os seus camaradas, um largo sorriso abria-se-lhe nos dentes brancos. Os outros marinheiros eram homens de todas as origens e compleições, de sorte que Anarchasis Cloots bem os podia ter feito figurar como representantes da raça humana na primeira Assembleia Francesa. A cada tributo espontâneo prestado a este pagode negro – o tributo de uma pausa e de um olhar, ou, mais raramente, de uma exclamação – aquela turba variegada dava boas provas de um orgulho que se assemelhava, sem dúvida, ao dos sacerdotes assírios prosternados diante do grande touro de pedra.
In “Billy Budd”, do Sr. Herman Melville
março 31, 2010
março 30, 2010
março 28, 2010
março 26, 2010
março 25, 2010
março 24, 2010
Expectoração a meio da semana.
Vitupérios à solta na desmama do enclave laranja, tendo em conta os dez minutos que dispensei como ouvinte condutor de um veículo motorizado. E qualquer coisa de comissões de inquérito, isto lá mais para o final da tarde, [eu] a pensar se havia de ir ao focinho a um colega do trabalho, se havia de encontrar um sítio onde pudesse papar uns caracóis com cerveja. Não raro, hoje por amanhã, não pisco nada da consistência de um real sublimado pela estupidez, o que me leva a suportar, cada vez menos, ainda assim, o meu canastro, e as notícias exageradamente antecipadas da minha morte, já para não falar dos repastos sociológicos que ruminam sentenças sobre a morte de outros. Já não sei nada, mas leio, absorto no tráfego da manhã e do final de tarde, com PEC ou sem vergonha, testemunha salpicada de apanhados risonhos à melhor de três. Sou um condutor de canastros, lá isso sou… março 23, 2010
março 22, 2010
é o tal dia a dias
Quse Oito hoars, nates dias dhoras….
[e depois, sem dar por isso, estares a almoçar.]
março 21, 2010
março 20, 2010
Ontem comecei a ver o Sweeney Todd e de repente começaram todos a cantar
Olha para aí: hoje não trabalho. Vivo arrumadinho da chuva; limpo a casota, leio o jornal e ouço coisas fantásticas nos telejornais da uma hora. Olha: vem aí a primavera, e com ela (segundo uma senhora acho que professora e tal), aflora uma energia complicadíssima, e como os humanos efectivamente não hibernam, podem não estar devidamente preparados para recebê-la, isso já para não falara das depressões à conta da luz (sem EDP pelo meio), e que (o melhor mesmo) quando um tipo está num ambiente quentinho e húmido o melhor mesmo “é dormir”. Ainda apanhei num soslaio tenebroso, uma referência a Durkheim, e como sou um gajo que lê muito e gosta muito de bola, fiquei logo atento: “para um homem se suicidar, tem que existir no seu interior energia vital”. E, no exterior, novelas da TVI, por exemplo, acrescentei mentalmente, mas já com um sabor estranho na boca, derivado, segundo creio, à degustação recente de uma sopa canja desidratada Knorr com uma salchicha e ovo acoplados. Depois vim para aqui, mas antes tocou o telefone….março 17, 2010
Seria uma tabacaria?
março 15, 2010
Efectivamente
Para falar verdade, eu não gosto do sr. eng. nem dos seus acólitos; mais a mais, na senda da verdadinha, não aprecio por aí além a verdura que cresce nas extremidades dos senhores e dos respectivos engenheiros, nem os nadas por ali perto, no centro das actividades. Das entranhas próximas ou escusadamente iguais, adivinha-se, não morro de amores. Estou para morrer: longe. Da gama de anti-qualquer coisa, prescrevo(-me) o desvario e o percalço inusitado. Já quase não leio. Quase. Mas ninguém me tira as tirinhas antigas dos jornais e a bula das pastilhas. Vive-se. Como andará a padaria?março 11, 2010
março 10, 2010
março 08, 2010
março 05, 2010
O meu pasquim predilecto faz vinte anos
março 04, 2010
sempre os mesmos poemas
Falta-me a folha cinco
E entretanto a barba foi crescendo
a minha barba veio crescendo ferozmente
indiferente à morte de um ou outro amigo
às letras protestadas aos desgostos domésticos
às viagens lunares às convenções às lutas
Quando as coisas se erguem contra o homem
se eriçam agressivas contra ele
nem ao poeta basta o parapeito das palavras
Eu por exemplo homem de pouco tempo
trazido pelos dias aqui estou
Continuo a dizer: se alguma coisa há
que podias perder e ainda não perdeste
de que já a perdeste podes estar derto
Falta-me a folha cinco
Estou com a barba feita
Ainda este ano talvez em marienbad
eu vi mulheres curtidas pelos lutos
Mal de morte é o meu
em plena posição de pé às três da tarde
em meio do movimento do rossio
sentado à tarde no cinema em dias de semana
Já caem carnes já se perdem pêlos
já quase só me resta a devoção
lisboa certos dias um amigo às vezes
Poucas coisas importantes pensei durante a vida
uma mesa de sol em pleno inverno
um mar incontroverso alguns papéis
- continua a faltar-me a folha cinco -
pois apesar de tudo nada consta
Ruy Belo, País Possível- Editorial Presença
março 03, 2010
março 02, 2010
A fronteira
fevereiro 24, 2010
fevereiro 23, 2010
"Onde é que estão as novas gerações?"
Agora que por aí andam a reboque da sapatada os vampiros assépticos, e seus derivados, em séries e novelas de cepa duvidosa, e se entremeiam as memórias com relativismos amorfos, registe-se num cantinho os oitenta anos do Zeca, se por cá andasse. Dou ao desbarato.
fevereiro 21, 2010
Consta que é domingo...
À hora inquieta do “Coiote” na Antena 3, já carrego duas marrecas de dia às costas, para dizer pouco, e ainda sem adro à vista lanço um último olhar às estrelas pequeninas que se regozijam no meu pedaço de céu. Uma carne estufada com vaca a tiracolo engraça entretanto com um ovo estrelado, mais salada e vinho tinto californiano, confluência sinistra que desagua invariavelmente num leito de whisky a dar para o pensamento. Atrevo-me, por momentos, a sufragar esta melancolia que rumina outros lugares. Sei disso. Mas não me sai da cabeça um livro do Alberto Manguel e um outro do Sebald. E não faço por menos a desmama do Giacomo Casanova: “Creio que na sua maior parte os homens morrem sem nunca chegarem a pensar”,in, “História da minha fuga das prisões de Veneza”, edição Antígona, 2006 (tradução de José Miranda Justo). Não tenho dito.fevereiro 19, 2010
fevereiro 18, 2010
fevereiro 16, 2010
fevereiro 10, 2010
Viva o Academia de Alcochete
No final de um jogo comovedor e disputado (supostamente) até ao limite da razoabilidade que esta carcaça sustém, o sr. Carvalhal, sem chorar demasiado, destacou os [seus] jogadores, que segundo o próprio, tiveram um comportamento “muito digno”. Se fosse apenas um caso de paranóia passageira, ainda vá, mas o quadro afigura-se de contornos a aflorar o sobrenatural. Após 4 derrotas e encaixe respectivo de 12 golos, Carvalhal está plenamente convencido que é o treinador do Imortal de Albufeira. Os (seus) meninos, esses, convenceram-se que são uma equipa de iniciados denominada Academia de Alcochete, com alguns menos jovens a colorirem uma amizade fraterna, gravitando num mundo de graúdos mauzões, de Magalhães em punho, a fugirem risonhamente aos deveres de casa. As invectivas dos adultos, leia-se, dirigentes, entram a 100 e saem a 200, assim como os piropos (para não dizer outra coisa) dos adeptos, exigentíssimos(!), e já agora, como entram os golos. Esta confraria de mimados, supostamente imberbes (sem esquecer os rapazolas que “mandam”), habita risonhamente um limbo de entremeada felicidade e caixão à cova. Esquecem-se, todos, que antes da sportinguização do seu mundinho, Alexandre o Grande, aos 31 anos, e até antes, já havia conquistado parte do mundo antigo e todas as noutes papava dois garrafões de vinho. Do mal o menos: mandem-nos empalar junto à estrada que não vai dar a lado nenhum…fevereiro 07, 2010
fevereiro 04, 2010
fevereiro 02, 2010
Olha o bife e um gajo ainda fica como o Ozzy

Um jogo de bola é apenas um jogo de bola. Certo. A morte do artista, leia-se, Sporting, ocorre(u) logo no primeiro acto. À parte disso, não temos mais sonhos no mundo.
Tecnicamente, e para espingardar, o Sporting está já ali ao lado do (cabrão) Belém, descendo as calcinhas com um ronronar imperceptível mas dinâmico, caminhando inexoravelmente para a puta que o pariu…
Sandes de queijo
janeiro 29, 2010
janeiro 28, 2010
por agora é apenas isto depois de um atum em lata com batatas, cenouras e ovo ao jantar:
Até me enervo. Por pouca coisa, diga-se, porque não há um casting para os [estes] dias. Um gajo tem que aprender sozinho, e assim sucessivamente…
janeiro 26, 2010
da política
Das “Memórias de Além-Túmulo” de Chateaubriand, sobre um tal de Talleyrand, que fora ministro dos Negócios Estrangeiros de Luís XVIII, in “Um Diário de leituras”, de Alberto Manguel. As “Memórias” do Chateaubriand não são fáceis de arranjar por aqui…
janeiro 25, 2010
Das noites
Um gajo entaramela uma pergunta:
“o que está a dar [na televisão]?”
E escuta(invariavelmente):
“O costume…”
...
janeiro 24, 2010
janeiro 23, 2010
A semana requentada

Não sei bem, mas um destes dias, um destes dias, com a camisinha aberta até ao início do fim do diafragma, onde de resto (não faço por menos) pontificará um Cristo pendurado em prata de lei, entre convulsões mais ou menos enérgicas resultantes do consumo excessivo de espumante fita azul, comentarei, entre pratos, a notícia da semana; a saber, o Ricardo Sá Pinto, contra todas as expectativas, violentando um ex. caixa de supermercado que ganha agora 120.000 ouros, assim por alto. Por agora, não sei bem porquê, deambulo com o Chatwin, entre uma assoalhada e outra, enfarpelado de mutante intrépido, à procura de um tal Ravenstein, saído da pena de um gajo mais ou menos americano: um tal Bellow. “De belouuu não tinha nada”, remata o desaparecido Alfredo, menos fresco de que uma alface, e não é para menos, depois do temporal que se arremeteu contra as estufas do oeste. Depois, se tiver vagar, ainda vou ao youtube, guarnecer a minha sapiência de notas sobre fruta, bola e o sr. Pinto da Costa. Mas isso será lá mais para o fim da noite, quando encontrar o Céline espalmado numa vidraça, como consta numa obra apócrifa de um (outro) amigo meu. Que é um regalo para as vistas...
janeiro 22, 2010
Com licença, com licença...que eu vou numa massa à lavrador
e nem sequer fui ouvido no acto de que nasci...
janeiro 21, 2010
janeiro 20, 2010
Arroz de tomate e feijão com panadinhos
janeiro 19, 2010
Afinal de contas uns enchidos e vinho tinto
Ali ao lado, um no parking afere cada visita como se fosse sua. Não é. Mais, só se for o rosto fechado de um conhecido quando, por acaso, nos cruzamos num desses túneis pedonais que nos carregam para o outro lado de um prédio em escadinhas sinuosas. O prédio, já de si desnecessário, alicerçou a ventura de um túnel, inventado para estes cruzamentos de poucos metros, justificando umas arrobas de cimento armado e afins. A gente até imagina o outro lado, é ali, ali mesmo, pouca coisa, e já está a subir um sobejo de empedrado que lá ficou à deriva de qualquer fôlego intervencionado. De resto, ah, aquele rosto, ali atrás, faz pitorescamente parte de uma paisagem interior, literalmente interior, alheia à sua própria passagem. E é muito mais fácil não nos cruzarmos. É para isso, julgo, que serve a modernidade: uma passagem, sem afectos, e afinal de contas, de encontro a um antigo empedrado. janeiro 18, 2010
janeiro 17, 2010
"Nostalgia do interior"
janeiro 13, 2010
janeiro 10, 2010
A trincheira I: e se?
Não demora nada. Mas demora. Tudo isto pesa. Escrever, escrevinhar sublinhe-se, sobre cada coisa, qualquer coisa, e depois retomar, ainda assim não vem mal nenhum ao mundo, pois tudo entardece, como diria um amigo, na ventura de um segundo. Cada vez mais reconheço na maturidade a superficialidade de um desperdício: e se…? Certamente não me arrependo, enquanto no balouço imaginário da corda ao pescoço, ainda percorro um caminho. E depois o para onde?, cada vez mais, um passo à retaguarda, pese esse trilho torto que descai invariavelmente para um abismo. Não escolho. Não tenho como. 



















