junho 20, 2021

Ontem não te vi em Babilónia...estive a acabar o "Guerra e Paz"

 


Ia escrever: terminei o Guerra e Paz, mas não se termina o Guerra e Paz. Continua-se. Escrevi algures: Acabei o Guerra e Paz e agora o que fazer?

Escrevi algures:

- Que fizeste da tua vida?

- Li o Guerra e Paz.

Continua-se. Cerca de mil e seiscentas páginas, edição da Presença, mais de dois quilos de papel, quantas palavras?, milhares, milhares de palavras, o tempo, o da leitura, o tempo, noutro espaço, o da escrita. Outro tempo. Para desopilar reli outra vez o fim, e fui reler, a propósito de um recente programa de rádio, “A lotaria da Babilónia”, um conto de Ficções (1944), de Jorge Luis Borges. Estou farto de ser salvo pelas palavras: como todos os homens da Babilónia, fui procônsul; como todos, escravo; também conheci a omnipotência, o opróbrio, o cárcere: Olhem: à minha mão direita falta-lhe o indicador.

Continua-se. Agora assim:


Tenho uma vida muito interessante. 


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