abril 19, 2020

Isolamento (XXI)



Por acaso é domingo. Limpa-se a casa. O pequeno-almoço é servido a qualquer hora; o velhinho Grundig em cima do frigorífico dá o mote, está sol, o velhinho Grundig está sintonizado na RUM: música indie de elevador, música de alguns conhecidos de Braga, um toque africano, ou dois, a rádio está em modo aleatório, a publicidade é de antes do apocalipse, deixem passar, às vezes uma ou outra pérola, Stone Roses (“i wanna be adored”) e The Smiths:There Is a Light That NeverGoes Out”. Sou um incondicional dos Smiths, e este tema (entre outros) musicalmente (para mim) sempre foi um prelúdio de primavera, sol, rinite. Mas uma primavera de destroços (roubado aos Mão Morta), com um lado negro (mas tudo isso vem da letra acoplada), ou nocturno, para ser mais óbvio. E também prazer. Cumplicidade. Inquietude. Uma espécie de yin-yang (melodia-letra) pop. Tudo junto, fica muito perto da perfeição (beleza?). Ou do precipício. Não será a mesa coisa.?

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Is such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine

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