Agora imaginem estar algum tempo
sem televisão, sem whatsapp, sem rádio, melhor: esqueçam o telemóvel por
momentos, as redes (sociais ou não, nem sequer frequento), esqueçam. Nada muda?
As estatísticas continuam, os gráficos, as curvas… (as curvas já não são em
estádios ou em corpos femininos, pois não?), as prescrições por certo também
continuam, provavelmente surgirão novas advertências, algumas admoestações, os
vossos corpos seguem ansiosos e comunicam-no ao cérebro (não necessariamente por
essa ordem), a angústia da espera (não é disso apenas que se trata, eu sei) é
um fertilizante de dores desconhecidas. E depois? Por momentos escuta-se um
silêncio recortado pelas cantorias dos pássaros (os pássaros sempre lá
estiveram, não achais?), passa um carro ou outro, duas ou três pessoas jogam um
estranho jogo de distâncias, vestindo roupas a rigor.
A tua janela é uma outra cidade.
Como se os deuses estivessem loucos. Como num filme que julgas ter visto. Havia
um silêncio assim num conto, algures. A sério?
Toca o telefone. Não o
desligaste. Ou alguém te chama. Que sorte não estares sozinho.
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