setembro 16, 2018

O centro do mundo, logo ali


Onde é que eu ia?, ah bom, a tal cena de investir na análise frondosa (risos) de “O centro do mundo” de Ana Cristina Leonardo. Porque o merece, claro. Evidentemente. Sem dúvida.
A páginas tantas, isto é, mais ou menos ontem, dou por mim a pensar no livro objeto, isto para utilizar uma linguagem acessível ao comum dos mortais que corre o risco de nos ler, bom, aquela capa a dar para o cubismo leitoso, leitoso porque sim, olhem bem as cores aquilo é Olhão, é Marrocos, sol, cheiro a peixe (já lá vamos), o cheiro a peixe não aparece na capa mas só à primeira vista que é sempre a mais lãzuda, impedindo-nos de discernir as várias dimensões que sub-repticiamente (ou sub-repticiamente, já agora?) alimentam uma determinada imagem, ainda-por-cima quando esta é coadjuvada pelo crivo do nosso cérebro, sendo coada à medida que nos esbofeteia pelo ar. Foi mais ou menos isto que me levou ao livro.
Eu já tinha ouvido falar da Ana Cristina Leonardo, sabia também que o João Lisboa (ó Gabriel é nestas alturas que tenho de lincar a coisa?) tem um blogue onde se vai esvaindo em loas (se calhar bem) a “o centro do mundo”, centro esse que talvez se chame jornal Expresso (risinhos), já para não falar da pressão atmosférica inadmissível do Gabriel, inútil a início, para o ler. Foi mais ou menos isso que me levou à sua leitura.
Da cintura para baixo, isto é, como objeto, temos que realçar alguns aspetos que não contribuem para a nossa felicidade, sem o recurso à utilização de substâncias químicas, claro, entre os quais, a existência de um grande números de páginas em branco entre capítulos, duas três, aqui, duas três e meio, ali, ou mais, tudo somado, das cento e noventa e tal páginas, umas quarenta e picos estão à espera que alguém lhes dê serventia. A princípio ainda pensamos neste dito (deixem passar) objecto como uma instalação em que participaríamos reescrevendo, acrescentando, aniquilando espaços, desenhando veredas, sei lá, nada disto teria importância se o dito objeto no final não custasse umas módicas dezasseis buchas e sessenta cêntimos, preço editor, o que nos remete para áreas interiores à sobrevivência através do gamanço, entre outras, e custasse apenas umas oito ou nove buchas (sem desprimor para o autor), os caracteres em tamanho doze valem bem isso e mais.
Nada de novo, dir-me-ão, a autora não é responsável, escreveu aquilo que escreveu, ok, mas um tipo se se acha, sei lá, em Inglaterra, e está à beira de um borrachão patibular (Bolano, esta é só para chatear aquele gajo do blogue do homem de livro ou isso), ambos à espera de um Bus, e se a coisa se atrasa (o que é raro) um gajo pode entrar num sítio qualquer comprar uma ou duas latas de cerveja e pelo mesmo preço um Dickens ou um Thackeray, para apenas referir dois autores que se encontram em “o centro do mundo”, vir cá para fora malhar a cerveja e ler ao mesmo tempo. Reparem que o borrachão patibular se optar por apenas um dos autores continuará a beber a sua dose infinita de cervejas, não tendo a compra do livro quaisquer interferências nem com o bolsa, nem com a pança.
Posto isto, iremos a avançar, logo que seja humanamente possível, com a análise do livro lido, e aí temos muitas surpresas boas. A sério. A sério…

3 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

Fico à espera... :)

Gerónimo Cão disse...

Eu disse quando fosse humanamente possível...agora imagine a vida de um canídeo, quer dizer, um mamífero digitígrado??!

Mas é um gosto recebermos cá a autora, lá isso é:)

Gabriel Pedro disse...

Linca o que quiseres. O resto vai de vento em popa. Acho:)