E assim cheguei a uma parte muito importante desta alegoria, sobre um incêndio
numa livraria. Parecia-me tão importante que tudo o mais que escrevera até
então não significava nada em comparação com aquilo. Ia justamente formular a
ideia de que não se tratava de livros que ardiam, mas sim de cérebros, cérebros
de pessoas, e ia recriar uma verdadeira noite de S. Bartolomeu, em torno desses cérebros incendiados, quando, de repente (…)
Knut Hamsun ("Fome").
A capa até escaparia, não fosse a
frasezinha caída do céu (arrancada à má fila ao Thomas Mann), não fosse a menção
ao nobel, não fosse a referência garrafal ao prefácio do Auster com direito a primeira página mais treze lá dentro, a
fazer inveja ao Sarte na arte de reescrever o livro que se prefacia. Três
autores, só na capa, a auxiliarem o moço entre as árvores. Lá dentro, antes do
livro do Knut, sobra o Artaud, quando este escreve:
Aquilo que é
importante, parece-me, não é tanto defender a cultura, cuja existência nunca
impediu um homem de passar fome, mas sim o extrair daquilo que se chama
cultura, ideias cuja força motivadora seja idêntica à da fome.
O Auster deveria ter ficado por aí, na citação que faz do Artaud.
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