setembro 04, 2012

Diz que Blaise Cendrars também lhe cantou a sina


«Esta tempestade invulgar em direcção ao ouro torna-se cada vez mais avassaladora; a notícia corre mundo; só de Nova Iorque zarpam uma centena de navios; hordas gigantescas de aventureiros partem da Alemanha, Inglaterra, França, Espanha, nos anos de 1848, 1849, 1850, 1851. Alguns dobram o cabo Horne, viagem mais demorada ainda para os impacientes, o que os faz optar pelo perigoso caminho através do istmo do Panamá. Num ápice, uma companhia recém-formada constrói uma linha férrea no istmo – na qual mil operários morrem de febre – , para que fossem poupadas aos impacientes três a quatro semanas e assim pudessem chegar mais cedo ao ouro. Caravanas descomunais atravessam o continente, gente de todas as raças e idiomas; todos revolvem a propriedade de Johann August Suter como se fosse sua. Sobre a terra de São Francisco, sua propriedade segundo legislação emanada do governo, cresce uma cidade a uma velocidade alucinante; desconhecidos transaccionam entre si a sua propriedade, as suas terras e o nome Nova Helvécia, o seu império, desaparece por detrás da palavra mágica Eldorado, Califórnia.»

“A descoberta do Eldorado – J.A Suter, Califórnia, Janeiro de 1848” (pp.138-139), in Grandes Momentos da História da Humanidade – catorze miniaturas, Stefan Zweig. Tradução de Fernando Ribeiro. A esfera dos livros.


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