«Esta tempestade invulgar em direcção ao ouro
torna-se cada vez mais avassaladora; a notícia corre mundo; só de Nova Iorque
zarpam uma centena de navios; hordas gigantescas de aventureiros partem da
Alemanha, Inglaterra, França, Espanha, nos anos de 1848, 1849, 1850, 1851.
Alguns dobram o cabo Horne, viagem mais demorada ainda para os impacientes, o
que os faz optar pelo perigoso caminho através do istmo do Panamá. Num ápice,
uma companhia recém-formada constrói uma linha férrea no istmo – na qual mil
operários morrem de febre – , para que fossem poupadas aos impacientes três a
quatro semanas e assim pudessem chegar mais cedo ao ouro. Caravanas descomunais
atravessam o continente, gente de todas as raças e idiomas; todos revolvem a
propriedade de Johann August Suter como se fosse sua. Sobre a terra de São
Francisco, sua propriedade segundo legislação emanada do governo, cresce uma
cidade a uma velocidade alucinante; desconhecidos transaccionam entre si a sua
propriedade, as suas terras e o nome Nova Helvécia, o seu império, desaparece
por detrás da palavra mágica Eldorado,
Califórnia.»
“A descoberta do
Eldorado – J.A Suter, Califórnia, Janeiro de 1848” (pp.138-139), in Grandes Momentos da História da Humanidade –
catorze miniaturas, Stefan Zweig.
Tradução de Fernando Ribeiro. A esfera dos livros.
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