«É difícil imaginar dois homens mais diferentes, mas
fomos excelentes amigos. Descobrimos um vago antepassado comum, D. Juan de
Garay, que era realmente, penso, Juan de Garay. A nossa amizade prescindiu do
convívio e da confidência. Sou cego e, de algum modo, sempre o fui; para Mujica
lainez, como para Théophile Geutier, existia o mundo visível. Também o teatro e
a ópera, que em parte me estão vedados. Sentia, talvez tragicamente, a
vacuidade das cerimónias, das reuniões, das academias, dos aniversários e dos
ritos, mas essas máscaras divertiam-no. Sabia aceitar e sorrir. Foi, acima de
tudo, um homem corajoso. Nunca condescendeu ao demagógico (…).
Cada escritor sente o horror e a beleza do mundo em
certas facetas do mundo. Manuel Mujica lainez sentiu-os com singular
intensidade no declínio de grandes famílias outrora poderosas.»
“Los Ídolos” (pp.518), in Prólogos com um prólogo de
prólogos (1975), Jorge Luis Borges
(Obras Completas 1975-1988). Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. editorial teorema.
el paraíso
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