“Aqui, tudo se equivale, e a “esquerda” está para a direita como os parceiros de sexo nas trocas de casais de sábado à noite. A neutralidade pseudo científica é agora o “nec plus ultra” dos intelectuais-lulus que no regaço da grande burguesia ganem de volúpia a sonhar com uma sociedade sem conflitos, onde o mercado regule harmoniosamente a ordem colectiva e a vida social, espécie de capitalismo utópico que, através de “consensos”, neutralize os choques de interesses e expulse definitivamente a política.
Uma sociedade sem conflitos só pode ser uma sociedade totalitária, e já não restam dúvidas de que a utopia capitalista abre caminho a uma implacável ditadura: a do mercado. O que está em jogo é o fim de um período do capitalismo ligado de certo modo à emergência de uma sociedade pluralista. A gigantesca redistribuição dos mercados mundiais a que hoje se entregam os colossos do capital financeiro, a concentração em poucas mãos de quantidades de dinheiro astronómicas, significam o dobre de finados do pluralismo sob todas as sua formas."
Uma sociedade sem conflitos só pode ser uma sociedade totalitária, e já não restam dúvidas de que a utopia capitalista abre caminho a uma implacável ditadura: a do mercado. O que está em jogo é o fim de um período do capitalismo ligado de certo modo à emergência de uma sociedade pluralista. A gigantesca redistribuição dos mercados mundiais a que hoje se entregam os colossos do capital financeiro, a concentração em poucas mãos de quantidades de dinheiro astronómicas, significam o dobre de finados do pluralismo sob todas as sua formas."
[Publicado no Diário de Lisboa, de 19/6/1987]
“Ideias Lebres”, Ernesto Sampaio (Ed. Fenda)
Sacado daqui
“Ideias Lebres”, Ernesto Sampaio (Ed. Fenda)
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