"Montaigne acreditava que, já que não podemos derrotar a morte, a melhor forma de contra-ataque é tê-la constantemente em mente: pensar na morte sempre que o nosso cavalo cai ou cai uma telha dum telhado. Devíamos ter o sabor da morte na boa e o seu nome na língua. Antecipar a morte é soltarmo-nos da sua servidão; além disso, se ensinamos uma pessoa a morrer, ensinamo-la a viver.”
“Nada a Temer”, de Julian Barnes, Quetzal, Tradução de Helena Cardoso.
Julian Barnes, autor do genial “O Papagaio de Flaubert”, mereceria (temos quase a certeza) uma capa mais interessante para a versão portuguesa de “Nada a Temer”. Entre a aproximação xunga ao genério da série Sete Palmos, e as capas de livros de auto ajuda com as letrinhas em relevo e a arvorezinha num fundo cinza com sombreados, esta capa é menina para despertar em nós uma fúria raivosa capaz de decepar de um só golpe o frontão do moço que disserta ali perto sobre literatura, ou o caralho. Resta-nos a consolação de muita gentinha comprar isto ao engano.
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