"O Grito" Edvard Munch
Vivo atormentado. Sou, para além disso, como já o disse, um tipo anacrónico. Neste tempo único, mastigado diariamente por anátemas do mais fino terror, a brusquidão de um pensamento envolve terríficas ondulações. As marés vivas. No entanto, debalde. Chegadas à praia, desavindas, convidam ao desmaio das penumbras guarda-sol. É o tempo de fuga. Por isso, talvez, não tenho férias. Por isso e porque a falácia do deus menor não mo permite. A coisa sobe. Quero dizer, o investimento ou o PIB, graças, pois claro, ao empenho do Sr. Eng. Pergunto-me então, que livros para férias. Existem livros a carregar para férias com a maldição da casa às costas? Eu cá, sem milongas, leio todo o ano com a casa às costas. Carrego agora o Fiódor, uns livrinhos(?) (assim os denomina o João), do Tolstoi e do Henry James a chegar ao Kafka (pequeninas obras primas – entre outros, numa iniciativa DN e Quasi), passando por uma rebaldaria de calhamaços ligados por umbilical cordão à história e à filosofia. É todo um pé canhão de palavras na corda bamba. Todo o ano.
5 comentários:
Gosto muito da tua escrita. Misturas bem os dias com o teu interior. Lindo. TAMBÉM GOSTO DO QUADRO.
Em vez de se admirar o belo, o caminho a seguir não seria o intervir? Mexam a língua ou qualquer outra coisa... mas não vivam de espanto nem de fúteis palavras! É tempo de agir!
Há aqui comntário que não ligam a bota com a perdigota. Quanto ao atormentado, como sempre, a escrever melhor que a massa dos jornais. Por acaso a colecção Dn é muito boa o que naõ é normal...
É realmente uma pena que a urbe continue a não vislumbrar a luz na cinzenta cidadela. Não serão uns iluminados, mas pouco mais que umas iluminuras de papel de jornal.
percebi a msg do post Rimbaud. Mas há por aqui comentários contra a beleza que não passam de tentativas frustradas de embelezar palavras e frases deixando-as sem sentido mesmo para quem as escreve. tentam copiar o anjo sem chegar lá.
Postar um comentário