Estava a ler "Gulag- uma história", de Anne Applebaum quando, a páginas tantas, deparo com uma passagem em que um investigador (eram assim denominados) afirma a um detido, (sabemo-lo pelas suas memórias): “nunca prendemos ninguém que esteja inocente. E mesmo que você não fosse culpado, não poderíamos libertá-lo porque nesse caso as pessoas diriam que andamos a deter inocentes”. É perfeito. Recorda-me um conto surrealista de um escritor Catalão, Pere Calders, lido há muitos anos e citado de memória em que, a dada altura, cresce (ou surge já crescida) de forma inopinada uma grande árvore na sala de jantar de um individuo. Este, atónito, comunica o facto às autoridades, que lhe respondem que tal não é possível. O homem insiste. E, mesmo que tivesse acontecido, já imaginou (acrescentaram) o que diriam as outras pessoas, o mundo ficaria de pernas para o ar. Não, realmente não se imiscuiu nenhuma árvore na sua sala de jantar. Olhe que não…
A realidade ultrapassa, em muito, qualquer ficção.
junho 19, 2008
Olhe que não, olhe que não...
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Um comentário:
disso não tenho dúvidas, caro Gabriel. e exemplos não faltam. A ilusão, no entento, prevalece.
excelente artigo e ...blogue
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