Calamidade: desgraça, catástrofe,
flagelo, adversidade, o mal? Computer
says yes. Rubem Fonseca says no.
Ele dizia que cada palavra vive por si própria. Não existiam sinónimos, isso era coisa
de gramático. A gramática actual, à falta de corrector ortográfico (esse fiasco
cognominado de acordo) vive na matemática, na estatística. Ninguém (por aí além) se questiona: aplicações no telemóvel, certificados de imunidade, câmaras
ocultas? Certamente. Praias com torniquetes, drones, raides aéreos? Se
necessário. Os velhos por casa, no asilo (existem palavras que se adequam) sine die, restringidos por zonas e
horários? É para o bem geral.
Rentes de Carvalho: Assusta-me
também a perspetiva de que este ambiente de medo veio para ficar, porque ajuda
eficazmente a manter o cidadão assustado, obediente, pronto a denunciar o
vizinho que não obedece. o vizinho que não
obedece.(…) Em matéria de
catástrofes, a minha imaginação tem tendência para disparar, mas em momento
nenhum me ocorreu que isto poderia acontecer, como ainda considero incrível o
pouco valor que os indivíduos dão à liberdade e o tremendo poder do medo. (Diário de Notícias – 09/05/2020)
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