A rádio terá os seus seguidores, mas
de pouco nos vale quando se torna de companhia. Mais das vezes a companhia é
ruído, alegre adormecer, enchentes de alma, visitas às redes. Arrisco e ouço, com algum pasmo, a Antena 3 e a RUM (rádio
universitária do Minho). A primeira é pouco mais do mesmo, e alguns programas
de autor. A segunda quer ser do mesmo, tornar-se gente séria. E alguns
programas de autor. Sintonizo-me, deixa lá ver.
Através da tevê vou conhecendo William
Wisting da série policial norueguesa “Wisting”, baseada nos acontecimentos de
dois livros de Jørn Lier Horst: “O Homem das Cavernas” e “Cães de Caça”. Fica
para os lados do AMC e tem a sua pinta. Na RTP2 passa a série “Derrubados” (Taken
Down, no original). Artur Albarran diria que é o drama, o horror, a exploração
dos refugiados que, chegados à Europa, respiram o ar saudável da escravidão. E
teria razão. Embora a série se perca em alguns maneios próximos da xaropada, o
que nos obriga a considerar outras opções, como a Segurança Nacional, ou mesmo
os Mortos Vivos (temporada 25). A propósito, o aclamado (e logo esquecido) “Narcos”
vale pelo primeiro episódio. Aquela voz off a dar-nos conta do enquadramento
histórico torna a série balofa como a barriga do Escobar brasileiro, estorvada
pelo aroma (imposto) a documentário: plata
o plomo?
Agradáveis surpresas, ainda que a
prestações: "Breakfast at Tiffany's", uma comédia romântica, saída da pena de
Truman Capote e adaptada ao cinema por Blake Edwards, com Audrey Hepburne e
(consta que) outros actores; e “Silêncio”- filme sonhado e realizado por Martin
Scorsese, sobre as missões (doutrinais) dos Jesuítas portugueses no Japão, com
resultados que nos devem deixar orgulhosos (a apostasia é um tema que fica para
depois). O presidente Marcelo certamente terá ligado a Scorcese, felicitando-o
pela ideia e pelo filme e, quem sabe, pelo português perfeito dos actores,
entre os quais, o sr. Liam Neeson, isto é, Cristóvão Ferreira, meia hora de
representação, se tanto, com direito a figura de capa. Os outros actores (que
por acaso aparecem durante parte significativa do filme) são Andrew Garfield (Sebastião
Rodrigues), e aquele tipo que era condutor de autocarros e poeta no filme de
Jarmusch “Paterson” (um filme que deu que falar na minha cabecinha), chamado Adam
Driver, ou Francisco Garupe, missionário que morre afogado. E assim acontece. Agora vou ali ver a chuva cair.
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