(masks)
Ir às compras em grupo. Usar
máscara à chuva. Arranjar o cabelo por portas travessas. Observar distância
social de dois metros (com ar de atenção redobrada e não fingido nojo), e
depois sentar-se com a tal conhecida
a uns dez centímetros, não esquecendo de lhe amarrar o braço enquanto tagarela.
Usar máscara deixando o nariz de fora (para respirar melhor). Passear à noite
enquanto o vírus dorme. Continuar a frequentar alguns estabelecimentos
comerciais abertos, para depois indignar-se nas redes
sociais. Praticar mini botellón (beber
cerveja em copos de papel) à porta da padaria, ou ficar por ali em conversa de
café, cavaqueando sobre as paragens da polícia e as últimas estatísticas. (Eis
algumas excepções(?) que confirmam a regra)
Esboços, diplomas, ensaios,
testes, gráficos, ventiladores em trânsito. Curvas erráticas. Poesia. Retificações.
Reuniões ao mais alto nível. Reuniões ao mais baixo nível. Com máscara, dizem
uns, sem máscara, dizem outros, no entanto, acrescentam ambos. O Presidente da
República fala mais uma vez à nação, a vigésima oitava, e depois vai ao pão. As
estatísticas aproximam-nos. Paulo Portas insinua-se de forma irrevogável. Fazem-se
contas à vida sem saber para que rua esta se dirige. As redes socais escavam
uma saída para a celebridade: vamos ficar todos bem.
2 comentários:
...sabemos lá nós como é que vamos ficar...
e essa incerteza é que dá cabo de nós
Pois não sabemos. Mas estamos a ficar especialistas em curvas erráticas, picos e planaltos.
Futuramente será em austeridade, aperto do cinto e, sobretudo, ecrãs de imersão total.
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