A propósito da picadora de carne, lembrei-me que tinha isto algures atrás de alguns arbustos da estantina.
São seiscentas e tal páginas de um lado mais seiscentas e tal páginas do outro. Cerca de dois quilos de papel que nos obrigam
a caminhar junto ao abismo, ali próximo, onde os seres humanos são esquecidos
como sucata, ou nem isso. Uns mudam de pele ao ler isto, outros escondem a
memória junto às traseiras do esquecimento. Há por aí um bricabraque que se
encontra nas lojas de conveniência política, na moda que tudo recicla em bidões
ilustrados pela ignorância. Os bem pensantes (não confundir com os bem pensantes de Soljenitsine), os ortodoxos, aqueles intelectuais que no cume da sua máquina de
escrever bebericavam em cafés de tédio, os indiferentes que são esmagados pelo
espírito democrático da liberdade de pacotilha; todos (e mais alguns) rondam estes livros,
construindo as suas cercas, os seus muros, as suas narrativas. Sei bem disso. Ajudei a carregar alguns tijolos em forma de palavras.
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