Não consigo é um bom slogan. Frederico já não está perdido numa
encruzilhada. Frederico é a encruzilhada. Ontem ouvi parte da sua entrevista ao
Record num canal qualquer. Frederico perora sobre o seu trabalho invisível, as
obras na academia o (re)negociamento da dívida (curiosamente, Carlos Barbosa,
poucas horas antes declarando-se seu apoiante falava de um clube sem dinheiro
para mandar cantar um cego e que devíamos vender 50% do capital da SAD), o blá
blá da aposta na formação (sem se rir), e quanto ao resto ele simplesmente não consegue.
Fatia considerável desse resto
fazia parte do seu putativo domínio do conhecimento do futebol, do balneário,
das contratações cirúrgicas, para usar um termo que lhe deve ser caro. De
engano em engano, com sucessivos tiros no pé e noutras partes anatómicas,
atropelado pelas evidências, Frederico lá vai reconhecendo alguns erros. Meses
de atraso medeiam uma ou outras dessas pequenas epifanias que lhe permitem ver
(e contradizer-se) com espanto a realidade.
Eu não consigo, seria um mote muito interessante para um candidato a
eleições, pelo menos ficávamos logo a saber com o que contar. Assim, o não consigo, revela-se não apenas como
um exercício penoso, mas irremediavelmente tardio, a reboque das
circunstâncias, dos resultados, aflorando de uma epiderme visivelmente desgastada
por constantes retoques.
Não consigo poderia igualmente entrar para os anais da literatura
light de supermercado. Está ao nível do Prometo
Falhar e Prometo Perder de Pedro
Chagas Freitas, ou do Não Há
Coincidências de Margarida Rebelo Pinto. Muito longe do preferia não o fazer, personalizado por
Bartleby, no clássico de Melville,
Bartleby o Escrivão.
Recentemente, no Aleixo FM,
programa de Bruno Aleixo na Antena 3, dizia-se que o futebol português é uma
porcaria lenta e que as porcarias lentas são sempre (consideradas) muito
estratégicas. E quando não são lentas estão paradas. Assim é o jogo e assim é
governado o futebol que supostamente o gere. Sobre isto as palavras voaram
alto. Relativamente à lentidão de processos estamos conversados.
(publicado originalmente no insustentável)
Nenhum comentário:
Postar um comentário